segunda-feira, 20 de maio de 2013

Uma escrava de fé




2 Rs 5:1-27

A fama do profeta Eliseu repercutiu, de tal maneira, que atingiu dimensões internacionais, e seu poder era tanto admirado quanto temido. As notícias de seus feitos percorriam tanto os casebres como os palácios. Até mesmo o rei de Israel, fascinado com os milagres de Eliseu vivia a cata de notícias recentes (2 Rs 8:4). Contudo, desprezava o melhor que Eliseu podia oferecer - a salvação de sua alma. O rei da Síria, por sua vez, encarava tais poderes como uma séria ameaça, visto que interferiam constantemente em seus planos militares (2 Rs 6:8¬14). Não obstante, Eliseu mostrou-se disposto a abençoar todo aquele que o procurasse, até mesmo os seus inimigos. Este deve ser também o nosso procedimento; devemos ser fonte de bênçãos por onde quer que passarmos.

O TESTEMUNHO DA FÉ - (2 Rs 5:1-8)
Naamã era um herói de guerra, homem destacado no exército de Bem-Hadade, rei da Síria. Herói em seu país; vilão em Israel, pois, em sua última incursão militar (talvez a batalha descrita em (I Rs 22), além da mortandade que provocou, ainda seqüestrou muitas mulheres e crianças. Como um brinde de sua vitória, Naamã levou como presente para sua esposa uma das meninas seqüestradas para servir-lhe como escrava.
O general Naamã havia conquistado tudo que desejava, mas havia perdido aquilo que mais prezava - sua saúde. Tornara-se um leproso. A menina israelita, por sua vez, perdera tudo que mais amava, mas manteve saudável a sua fé. E apesar da indignação de ser raptada, de perder o contato com a amada família, de ser reduzida à vi I escravidão, de perder a sua infância, de ter de servir a um tirano, inimigo de seu povo, e pior ainda, um leproso, apesar de tudo isso manteve firme sua confiança em Deus. Mostrou-se disposta a testemunhar de sua fé naquele ambiente hostil, oferecendo uma bênção àquele que a ofendeu:

"Tomara o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra" (2 Rs 5:3).
Nem sempre o ambiente onde vivemos, estudamos e trabalhamos vem a ser aquilo que gostaríamos, mas nunca deixará de ser um lugar de oportunidades, onde nossa fé, mesmo com lágrimas, poderá ser semeada e mudanças alegres poderão ser colhidas (Sl 126:6).
As boas novas logo se espalharam chegando até o trono de Ben-Hadade. Aquele reino próspero e poderoso nada podia fazer em benefício de seu herói, mas o "fraco" reino de Israel, por eles saqueado, possuía homens com grande poder espiritual. O opressor agora dependia do oprimido, o forte precisava do fraco e desta forma o nome de Deus foi exaltado entre as nações. Ben-Hadade enviou seu general favorito ao rei de Israel, com uma grande comitiva, um batalhão fortemente armado e uma considerável fortuna, a fim de encorajar a cooperação do rei Jorão ¬"encontrar o tal profeta milagroso". A abordagem de Naamã foi direta e honesta, mas o rei de Israel interpretou mal aquele pedido, confundindo com um pretexto para provocar uma nova guerra (v.7). Sua cegueira espiritual o impedia de enxergar a grande oportunidade que Deus havia proporcionado. Imaginem a repercussão internacional que seu reino poderia obter se o grande Naamã fosse socorrido pelos "poderes de Israel"? O rei Jorão sabia que Eliseu tinha esse poder, mas a desprezível idolatria que maculara sua alma o impedia de raciocinar com clareza.
Naamã levou à presença do rei Jorão, como retribuição à sua petição, a exorbitante quantia de 10 talentos de prata (340 kg), 6.000 siclos de ouro (68 kg) e dez vestes festivais (trajes de luxo adornados com pedras preciosas). Certamente uma parte daquele tesouro caberia ao profeta que o curasse. Não tardou a que as notícias chegassem aos ouvidos de Eliseu, o qual repreendeu a estupidez do rei Jorão e sua incredulidade: " ... Por que rasgastes as tuas vestes? Deixa-o vir a mim e saberá que há profeta em Israel" (v.8).

O EXERCÍCIO DA FÉ - 2 Rs 5:9-19
Chegou Naamã, com sua comitiva, seu exército, seu poder e sua carga preciosa à casa do profeta, mas Eliseu não se deixou impressionar com toda aquela ostentação, de modo que nem ao menos se deu ao trabalho de ir saudá-lo ou festejá-lo. Conhecia o objetivo de sua visita e, provando a sua fé, mandou o seu discípulo, Geazi, ao encontro de Naamã, no portão, com a seguinte instrução: "Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo" (v.10).
Perante Deus não há lugar para soberba; Naamã precisava aprender esta lição. Se alguém busca uma bênção de Deus, que busque isso com humildade e fé ou nada receberá. "Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado" (Lc 14:11).
O arrogante general começou desanimar e perder as esperanças de uma cura espetacular, em função do preconceito contra o método do profeta e pela maneira como foi tratado. Desejou voltar para casa imediatamente, mas seus assessores, munidos de um sincero desejo de vê¬10 curado, convenceram-no com muita inteligência, cautela e lógica:

"O senhor é homem valente e nunca se negou a uma tarefa por mais difícil que fosse. Temos certeza que o senhor faria qualquer coisa que o profeta pedisse sem hesitar ou demonstrar temor. Por que, então, não poderia fazer algo tão simples?" (v.13 parafraseado)
A questão agora estava nas mãos de Naamã. Em seu desespero já havia crido até nos conselhos de uma escrava estrangeira, percorrera grande distância rumo ao desconhecido e fizera um considerável investimento em busca da solução para o seu drama. Faltava¬-lhe agora o passo final -"agir com fé". Finalmente, o grande estadista abriu mão do orgulho e mergulhou no "lamacento"Rio Jordão. Posso até imaginar a expectativa de seus companheiros: "Mergulhou uma, duas vezes, e nada! Mergulhou terceira, quarta e quinta vez, e nada aconteceu! Mergulhou pela sexta vez e não houve sequer um vestígio de mudança. A angústia foi aumentando; teria o profeta passado um trote no general? Se desistisse ali teria perdido a grande oportunidade de sua vida, mas não desistiu; exercitou sua débil fé até o fim e, por isso, o resultado foi melhor que o esperado. Não apenas obteve a cura, como também ganhou uma pele rejuvenescida, tal como a pele de uma criança.
Naamã voltou a presença de Eliseu com seu corpo purificado, sua alma lavada e suas mãos repletas de dádivas. A transformação foi completa Deus mudou-lhe o exterior e o interior, e fez dele um novo homem. O profeta, ao olhar tamanha alegria, alegrou-se também; não pela fortuna que lhe foi oferecida, mas pela preciosidade de uma vida transformada e agora consagrada ao verdadeiro Deus.

O ABANDONO DA FÉ - (2 Rs 5:19-27)
A jovem escrava exercitou sua fé, apesar da tristeza que ardia em seu coração. Naamã exercitou sua fé, Mesmo com o preconceito arraigado em seu coração, mesmo com a decepção na corte do rei Jorão, mesmo não entendendo a lógica do profeta, e agora, depois de curado, exercitou mais uma vez a sua fé na convicção de que o "Deus de Israel" o acompanharia de volta a seu país (v.17). Mas Geazi, embora conhecesse bem de perto os prodígios do SENHOR, em lugar de exercitar, abandonou a sua fé, trocando o sustento de Deus por um modo "mais fácil" de prover o seu conforto. Geazi inventou um plano diabólico para tirar o máximo proveito daquela situação. Certamente o fascínio do lucro fácil causou um desequilíbrio na mente daquele cobiçoso discípulo, a ponto de usar o santo nome de Deus para justificar sua cobiça: "tão certo como vive o SENHOR, hei de correr atrás dele e receberei alguma coisa" (v.20).
Aproveitando-se da euforia e da boa fé do novo convertido Naamã, usou o nome do profeta, inventando a chegada de novos hóspedes como pretexto para ganhar um pouco do que Eliseu recusou. E ganhou mesmo, mais ainda do que pediu; angariou para si 68kg. de prata e duas veste festivais (vs. 21-23). Bem que a Palavra de Deus nos alerta:

"Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores." (1 Tm 6:10).

E, como um pecado chama outro pecado, o jeito foi continuar mentindo para acobertar o seu deslize. Mas de Deus não se esconde nada. Deus fez com que Eliseu soubesse de tudo por meio de uma visão (v.26).
Veja como são as coisas: um pagão estrangeiro foi curado, pela nobreza de sua fé, enquanto um israelita, um estudante de teologia tomou o lugar do pagão, para a desonra de sua fé. Assim como Acã, Ananias e Safira, Judas Iscariotes ... também Geazi vendeu sua alma por prazeres passageiros. A cobiça deste jovem só lhe trouxe maldição, pois junto com a prata que surrupiou de Naamã, herdou também a lepra que antes era dele (v.27).
* Com a pequena escrava aprende¬mos que é possível ser uma bênção em qualquer situação se mantivermos viva a nossa fé.
* Naamã deixou-nos como herança o valor de se confiar nas promessas de Deus, mesmo quando não as compreendemos inteiramente.
* Eliseu nos faz lembrar que todo mundo merece uma chance, quando se mostram interessados em Deus; até mesmo aqueles que nos irritam.
* Os erros de Geazi ficaram como um alerta da tragédia que pode ocorrer quando negligenciamos a vida com Deus e preferimos prazeres do mundo (1 Co 10:12).
Que Deus continue lhes abençoando

terça-feira, 14 de maio de 2013

Como deve um Cristão lidar com sentimentos de culpa em relação a pecados cometidos, quer tenham sido antes ou depois da salvação?


Co

Todo mundo tem pecado, e um dos resultados do pecado é culpa. Podemos ser agradecidos por sentimentos de culpa porque eles nos levam ao arrependimento. No momento em que uma pessoa se vira contra o pecado em direção a Jesus Cristo, seu pecado é perdoado. Arrependimento é parte da fé que leva à salvação (Mateus 3:2; 4:17; Atos 3:19).

Em Cristo, até mesmo os piores pecados são apagados (leia 1 Coríntios 6:9-11 para encontrar uma lista de obras injustas que são perdoadas). Salvação é pela graça, e graça perdoa. Depois que uma pessoa é salva, ela ainda vai pecar. Quando isso acontece, Deus ainda promete perdão. “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 João 2:1).

Liberdade do pecado, no entanto, nem sempre significa liberdade de sentimentos de culpa. Mesmo quando nossos pecados são perdoados, ainda nos lembramos deles. Além disso, temos um inimigo espiritual, chamado de “acusador de nossos irmãos” em Apocalipse 12:10, o qual nos lembra de uma forma tão cruel todas as nossas falhas, erros e pecados.

Quando um Cristão experimenta de sentimentos de culpa, ele/ela deve fazer o seguinte:

1) Confesse todos os pecados previamente cometidos que ainda não foram confessados e sobre os quais você tem conhecimento.

Em alguns casos, sentimentos de culpa são apropriados porque confissão é necessária. Muitas vezes nos sentimos culpados porque somos culpados! (Veja a descrição de Davi de pecado e a sua solução em Salmos 32:3-5).

2) Peça ao Senhor que revele qualquer outro pecado que precisa ser confessado.

Tenha a coragem de ser completamente aberto e honesto diante do Senhor. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau” (Salmos 139:23-24a).

3) Confie na promessa de que Deus vai perdoar o pecado e remover a culpa baseado no sangue de Cristo (1 João 1:9; Salmos 85:2; 86:5; Romanos 8:1).

4) Nas ocasiões em que sentimentos de culpa surgem sobre pecados já confessados e abandonados, rejeite esses sentimentos como culpa falsa. O Senhor tem sido fiel à sua promessa de perdoar. Leia e medite em Salmos 103:8-12.

5) Peça ao Senhor para repreender a Satanás, seu acusador, e peça ao Senhor que restaure a alegria que acompanha a liberdade de culpa.

Salmos 32 é um estudo muito proveitoso. Apesar de Davi ter pecado de forma terrível, ele encontrou liberdade dos seus pecados e sentimentos de culpa. Ele lidou com a causa da culpa e a realidade do perdão. Salmos 51 é uma outra passagem muito boa para investigar. A ênfase aqui é a confissão do pecado enquanto Davi implora a Deus com um coração cheio de culpa e sofrimento. Restauração e gozo são os resultados.

Finalmente, se pecado tem sido confessado e arrependimento tem ocorrido, então é certo que o pecado tem sido perdoado e é hora de seguir para a frente. Lembre-se que aquele tem vindo a Cristo através de fé tem sido transformado em uma nova criatura. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; {criatura; ou criação} as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Coríntios 5:17). Parte das “coisas antigas” que “já passaram” é a lembrança de pecados passados e a culpa que produziam.

Triste dizer que muitos Cristãos têm a tendência de ter prazer em recordar as vidas pecaminosas que viviam antes de vir a Cristo, memórias tais que deviam estar mortas e enterradas há muito tempo. Isso não faz nenhum sentido e vai de encontro à vida Cristã vitoriosa que Deus quer que tenhamos. Um antigo provérbio diz: “Se Deus lhe salvou de uma piscina de pecado, não dê um mergulho para dar uma nadada”.


Fonte: GotQuestion

Os Conselheiros de Jó


Texto da Lição: Jó 2.11-13; 6.14-30; 12.1-6; 13.1-12; 16.1-5; 21.34; 26.1-4

Texto Básico: Jó 4; 5; 8; 11; 15; 18; 20; 32; 42.7-10; 2 Co 1.3-7; 1 Ts 5.14,15; 2 Tm 2.23-26; 4.9-22

Para Decorar: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação. É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar aos que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus” (2 Co 1.3,4).

INTRODUÇÃO

Os três amigos de Jó procuraram aconselhá-lo com respeito à sua aflição e também interpretaram as palavras de Jó como se estivessem progredindo para uma solução. Na verdade, a condição espiritual de Jó estava em declínio sob o falso aconselhamento deles. O cristão sábio aprenderá com os erròs dos conselheiros de Jó.

MÉDICOS DA ALMA QUE NÃO SABEM CONSOLAR (Jó 2.11-13; 16.1-5; 26.1-4)Os conselheiros de Jó não estavam completamente errados. Existem vários aspectos de seu ministério que precisam ser reconhecidos: 1) sua visita para confortar Jó (Jó 2.11); 2) seu reconhecimento silencioso do sofrimento de Jó (2.12,13); 3) o fato de levarem diretamente a Jó sua opinião em lugar de dizê-la a outrem; e 4) sua lealdade a Jó e posterior submissão (42.7-11).

O propósito de Elifaz, Bildade e Zofar era consolar Jó (Jó 2.11). Quando os três homens chegaram à casa de Jó, imediatamente reagiram ao sofrimento que lhes foi dado ver. Choraram alto, rasgaram suas vestes, jogaram poeira para o ar e permitiram que esta caísse sobre o seu rosto (v. 12). Esses atos indicavam sua participação no sofrimento intenso do amigo.

Quando os amigos de Jó descobriram que o sofrimento dele era inexplicável e inexprimível, guardaram para si mesmos os seus pensamentos, mantendo-se em silêncio durante sete dias e sete noites (v. 13). Talvez o silêncio mudasse de uma simpatia inexprimível para uma admissão de fracasso durante esses sete dias e noites. O discurso de Elifaz acusou Jó de ser presunçoso em sua afirmativa de inocência (Jó 15.1-35). A resposta de Jó foi seca: “Tenho ouvido muitas cousas como estas; todos vós sois consoladores molestos” (Jó 16.2). O desinteresse de Jó pelo conselho dos amigos estava-se tornando bastante evidente. Tinha ouvido as mesmas frases feitas de todos eles. A superficialidade deles só merecia o seu desprezo. Tinham tido a idéia de consolar, mas só aumentavam o seu desconforto.

Jó, a seguir, acusa seus conselheiros de proferirem palavras sem nenhum conteúdo e terem uma atitude negativa (Jó 16.3). Por seu lado, Jó afirmava que ele fortaleceria e confortaria os amigos se estivessem no seu lugar, e isso apesar de poder também falar de maneira pouco consoladora como eles estavam fazendo (v 4,5). (Veja 2 Co 1.3-7 e 1 Ts 5.14,15.)

Depois do último discurso dos conselheiros (Jó 25.1-6), Jó mais uma vez se refere ao ministério ineficaz dos mesmos (Jó 26.1-4). As palavras dos amigos não tinham-lhe dado nem força, nem compreensão, nem sabedoria (vv. 1-3). Voltando-se para Bildade, Jó pergunta: “Com a ajuda de quem proferes tais palavras? E de quem é o espírito que fala em ti?” (v. 4). Esses conselheiros na verdade não deram nenhum consolo à alma de Jó. (Veja Jr 23.30.)

FALSOS MÉDICOS DA ALMA (Jó 6.14-30; 21.34)O desespero de Jó aumentou ainda mais com o fracasso dos amigos em encontrar um meio de impedi-lo de abandonar, gradualmente, o “temor do Todo-Poderoso” (Jó 6.14). Os três companheiros de Jó eram tão desaponta-dores quanto os ribeiros do Oriente Próximo (w. 15-20). Os amigos de Jó estavam cheios de simpatia até que se puseram a falar. Agora, quando ele mais precisava da compreensão deles, estavam secos e não lhe davam consolo.

Os três conselheiros tinham medo de consolar Jó, porque temiam que tal identificação pudesse levá-los a serem condenados com ele (v. 21). Jó não pediu ajuda financeira (v. 22) nem um grande ato de heroísmo (v. 23). Tudo o que pediu foi o seu conselho compreensivo.

Uma parte da falsidade desses homens estava na afirmação irreal de que Jó prosperaria novamente se confessasse os seus pecados e se afastasse deles. Provar que ele era perverso era desonesto, mas foi o que tentaram fazer. Apesar de todas as acusações hipócritas, Jó manteve-se irredutível na defesa de sua inocência. Se houvesse pecado em sua vida, ele com certeza o saberia (w. 29,30).

MÉDICOS DA ALMA INSENSATOS (Jó 12.1-6; 13.1-12)Além de não darem consolo e de faltarem com a verdade, os conselheiros de Jó não mostraram sabedoria. O fato de recorrerem à desonestidade provou sua falta de sabedoria. A maneira como apresentaram seus conselhos pouco sábios se relaciona especificamente às suas filosofias individuais com respeito à vida espiritual.

Elifaz, Bildade e Zofar tinham tanta confiança na retidão da sua crença, que Jó comentou com sarcasmo: “Na verdade, vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria” (Jó 12.2). Esta resposta foi dirigida especialmente a Zofar, que baseava suas convicções religiosas em suas próprias suposições. Zofar era um consumado dogmatista religioso. Devido à sua visão rígida da Providência, Zofar concluiu com presunção: Jó é. um homem cheio de pecado.

Dogmatismo religioso de Zofar: Jó 11.6-20; 20.4,5. Jó respondeu com o argumento de que possuía tanto conhecimento religioso quanto qualquer de seus amigos (Jó 12.3; 13.1,2). A experiência de Elifaz era a mesma de Jó. As tradições de Bildade eram idênticas às aprendidas por Jó. Este, porém, não chegou às mesmas conclusões específicas desses homens, mas usou a experiência, a tradição e as suposições de maneira a desenvolver as suas crenças, que provaram ser corretas com grande surpresa dos três amigos (Jó 42.7).

Como moralista religioso que era, Elifaz fez uso do raciocínio dedutivo, para chegar à sua visão extremamente rígida da Providência. Ele deduziu: se Jó não tivesse pecado, não estaria sofrendo tanto.

Bildade era um legalista religioso. Suas crenças tinham base na tradição. Como tradicionalista, a visão de Bildade sobre a Providência era também muito estreita. A inferência de Bildade foi esta: Jó deve ter pecado, portanto, ele é um hipócrita.

Os três consoladores se tinham transformado em juizes em lugar de irmãos. Todos concluíram que o sofrimento de Jó era punitivo. Exigiram que ele confessasse um pecado que não tinha cometido e acabaram por levá-lo a* uma atitude errada em relação ao seu sofrimento e ao seu Deus. (Veja Jó 33.8-11; 34.36,37; 35.15,16.)

Em vista de suas falsas filosofias, os amigos de Jó começaram a zombar dele e desprezá-lo (Jó 12.4,5). Muito pior, entretanto, foi sua provocação a Deus (v. 6). (Veja G1 6.1-10.)

A seguir, Jó passou a apresentar seu caso a Deus, uma vez que os amigos tinham demonstrado tão pouca simpatia (Jó 13.3,4). Finalmente, ele clamou desesperado: “Vós, porém, besuntais a verdade com mentiras, e vós todos sois médicos que não valem nada” (v. 4). Em lugar de serem bons médicos, os conselheiros de Jó mostraram-se inúteis como médicos da alma.

As defesas da experiência, da tradição e da suposição são como argila diante do Deus da verdade. Nenhuma das três é completamente errada, mas todas falham, quando alguém se baseia explicitamente nelas e deixa de lado a revelação divina. A experiência, o tradicionalismo (que, segundo as declarações de Bildade, é geralmente autoritário e legalista) e o humanismo são sistemas errados. Eles são ineficazes quando se trata de satisfazer as necessidades das pessoas. Não proporcionam consolo, são inverídicos e pouco sábios. Os que se preocupam realmente com os seus irmãos na fé rejeitarão esses sistemas imaginados pelo homem.

Os conselheiros espirituais devem demonstrar preocupação sincera e constante, assim como proporcionar o consolo necessário, a verdade e a sabedoria.

EXAMINE A SUA VIDA

Você está sempre disposto a consolar outros? Ê possível determinar a razão do sofrimento de alguém? Quais as qualificações necessárias a um conselheiro espiritual? Para julgar a condição de alguém, num sentido espiritual, podemos nos apoiar na tradição e no legalismo?

Autor: Pastor Josias Moura 
Divulgação: EstudosGospel.Com.BR