sábado, 26 de dezembro de 2015

Estudo Bíblico A Família e a Escola Dominical


Estudo Bíblico A Família e a Escola Dominical 


Texto Áureo: Dt. 31.12 – Leitura Bíblica: Ne. 8.1-7


INTRODUÇÃO 

A Escola Bíblica Dominical (EBD) é uma das maiores agências de ensinamento da igreja, mas, infelizmente, ainda pouco valorizada. Na aula de hoje estudaremos a respeito da importância da EBD, principalmente para as famílias cristãs. Antes trataremos sobre sua história, e por fim, sua vasta contribuição para a formação de pessoas comprometidas com a Palavra e o Reino de Deus. Esperamos que a aula de hoje sirva de despertamento, principalmente para a liderança da igreja, a fim de que esta perceba o valor dessa escola para a formação da família, e, por conseguinte, de obreiros.


1. A ORIGEM DA ESCOLA DOMINICAL 

A Escola Dominical como conhecemos hoje é resultado da contribuição do jornalista anglicano inglês Robert Raikes. Preocupado com a situação social das crianças inglesas em Glaucester, decidiu ocupa-las aos domingos, para não se envolverem com vícios. Isso porque, em decorrência da revolução industrial, as crianças trabalhavam nas fábricas durante a semana, mas ficavam ociosas nesse dia da semana. A alternativa foi criar uma escola gratuita, com a ajuda do Rev. Thomas Tock, ministro anglicano, que conseguiu matricular cem crianças, com faixa etária entre seis a quatorze anos de idade. O objetivo principal da Escola Dominical era trabalhar o desenvolvimento do caráter dessas crianças através do ensinamento bíblico. Inicialmente a Escola Dominical era uma atividade paraeclesiástica, que funcionava na Rua Saint Catharine, como uma obra social. Algumas crianças não queriam vir para a Escola Dominical porque suas roupas eram estavam rotas. Raikes providenciou roupas novas e material de higiene para que elas não se envergonhassem de frequentar aquele instituto infantil. As aulas iniciavam às 10h e prosseguiam até às 14h com aulas bíblicas e também de matemática, história e inglês, com intervalo de uma hora para o almoço. Após a aula as crianças eram conduzidas à igreja, onde recebiam ensinamento doutrinário até às 17h30min. A Escola Dominical surtiu um efeito tão positivo que levou Raikes a divulgar seu resultado em seu jornal no dia 03 de novembro de 1783, data em que se comemora, no Reino Unido, o dia da fundação da Escola Dominical. Em 1784 a Escola Dominical contava com 250 mil crianças matriculadas, como resultado, a criminalidade em Glaucester caiu. O trabalho causou tanto entusiasmo que acabou sendo copiado em outros países, inicialmente nos Estados Unidos. A igreja anglicana não aceitou de bom grado o movimento da Escola Dominical, justificando que se tratava de um ensinamento realizado por leigos. Houve uma solicitação, no parlamento inglês, em 1800, para que as escolas dominicais fossem interrompidas. Quando Raikes faleceu, 1811, de um ataque de coração, 400 mil alunos estavam matriculados nas diversas escolas dominicais do mundo. Nesse mesmo ano a Escola Dominical se abriu para adultos, criando, assim, a divisão em classes. A Escola Dominical foi fundada no Brasil em 19 de agosto de 1855 pelo casal de missionários escoceses Robert Sarah Kalley, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Apenas cinco crianças assistiram aquela primeira aula, que, posteriormente, se espalhou para o Brasil inteiro através das várias denominações evangélicas.


2. A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA DOMINICAL 

A Escola Dominical moderna surgiu através de uma necessidade social, mas, sobretudo, espiritual. Seus princípios remetem ao período bíblico, tendo em vista que Deus, já no Jardim do Éden, deu instruções claras ao primeiro casal (Gn. 3.8-11). Posteriormente, Deus delegou aos pais a responsabilidade de transmitirem aos filhos a Sua Palavra (Dt. 6.7-9). Com o passar do tempo, e em decorrência da institucionalização da religião judaica, os sacerdotes também assumiram essa tarefa (Dt. 24.8), e também os profetas (Is. 6.8-10; Jr. 11.1-4). Os reis piedosos reconheciam a valor do ensinamento da lei de Deus, para tanto favoreciam as condição para que a instrução acontecesse (II Cr. 17. 7-9). O despertamento para a exposição da palavra sempre resultou em despertamento espiritual, tanto na história de Israel quanto da Igreja. Exemplo disso é o grande avivamento judaico após o cativeiro babilônico, nos tempos de Esdras e Neemias (Ne. 8.1-9). No Novo Testamento, Jesus é o exímio exemplo de ensinador, não por acaso era reconhecido como Rabi, Mestre (Jo. 3.2). Após Sua morte e ressurreição, Jesus comissionou sua igreja a fazer discípulos em todas as nações (Mt. 28.19). Esse é um dos principais objetivos da Escola Dominical, ensinar tudo aquilo que Jesus fez e ensinou (At. 1.1,2). Mas muitas igrejas, inclusive obreiros, deixam de dar o devido valor à Escola Dominical, colocando-a em segundo plano. A obsessão por um crescimento meramente quantitativo tem distanciado muitas igrejas da visão de discipulado ensinada por Jesus. O descaso com a Escola Dominical pode ser percebida, por exemplo, pela ausência da liderança nas aulas. Antigamente esse era o principal instituto de formação de obreiros. Os candidatos ao ministério não eram consagrados a menos que fossem alunos assíduos da Escola Dominical. A realidade tem sido cada vez mais modificada, a própria arquitetura das igrejas não considera a Escola Dominical. Existem espaços para as multidões, mas não há salas de aulas preparadas para receber seus alunos. Os professores são escolhidos não pelo esmero para ensinar (Rm. 12.7), mas pela proximidade com algum líder da igreja. Na verdade, a frequência na Escola Dominical deveria ser um critério para a escolha de pessoas para atuar em todos os trabalhos da igreja. A Assembleia de Deus não tem ainda uma tradição consolidada no ensinamento bíblico em institutos. Por isso, a Escola Dominical, na maioria dos casos, funciona como o último reduto para a formação de líderes. As Escolas Bíblicas, outrora realizadas por vários dias, são realizadas atualmente em apenas um final de semana, deixando muito a desejar. Sem um ensinamento consistente e sistemático da Bíblia estaremos fadados a uma liderança franca, levada por qualquer vento de doutrina, que não maneja bem a palavra da verdade (II Tm. 2.15).


3. A FAMÍLIA NA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
 

As famílias também precisam aprender a valorizar a Escola Dominical como recurso institucional para formação bíblica dos membros da Igreja. O currículo da Escola Dominical favorece um ambiente que assiste a todas as faixas etárias da igreja. A família inteira pode ser abençoada através da instrução bíblica na Escola Dominical. Há currículos para as crianças, bem como para jovens e adultos. A Escola Dominical é um instrumento valioso que contribuiu para o cumprimento de Pv. 22.6 na vida das crianças. Os jovens também podem aprender, através da Palavra de Deus (Sl. 119.9), a fugirem do pecado (II Tm. 2.22). Isso porque como estava escrito na contracapa de Bíblia de Dwight Moody “ou este livro me afastará do pecado ou o pecado me afastará deste livro”. Os jovens evangélicos de hoje carecem de formação bíblica, os adultos também. As pesquisas revelam que os evangélicos da atualidade não sabem sequer encontrar passagens na Bíblia. Há quem não saiba, por exemplo, se determinado livro se encontra no Antigo ou Novo Testamento. Existe um movimento forte na igreja evangélico em prol da ortopraxia, isto é, de uma vida cristã condizente com a verdade. Mas é pouco provável que tenhamos ortopraxia sem uma ortodoxia firme (Fp. 4.9). Aqueles que se integram às igrejas somente poderão fazer aquilo que forem ensinados (II Tm. 3.16). É a partir do conhecimento revelado, e da intimidade com Deus que desenvolverão o fruto do Espírito (Gl. 5.22). Para que os crentes possam produzir frutos, é necessário que esses permaneçam em Cristo, a Videira Verdadeira (Jo. 15.1-16). Ele é a Palavra, devemos ouvi-LO, caso contrário, não passaremos de cristãos nominais, descompromissados com a fé genuína, uma vez foi entregue aos santos (Jd. 3). A ilusão das igrejas numerosas está causando um terrível mal ao movimento evangélico brasileiro. O crescimento numérico está contribuindo apenas para um acúmulo de gente, descompromissada com a Palavra, que não podem ser chamadas de discípulos de Cristo, pois se negam a carregar a cruz (Mt. 16.24). A igreja deve estimular as famílias a frequentarem a Escola Dominical, mas ao invés de apenas enviarem seus filhos, os pais devem ir também, conduzindo seus filhos no caminho, dando o exemplo.


CONCLUSÃO 

Em alguns arraiais evangélicos já se fala na falência da Escola Dominical, mas nem todos acreditam nessa falácia. Todos aqueles que reconhecem seu valor inestimável, continuam a defendê-la, e a trabalharem por ela. Se existe um trabalho na igreja que merece investimento, inclusive financeiro, é a EBD. O retorno pode não ser financeiro, muito menos imediato, mas renderão dividendos preciosos no futuro para o serviço cristão, sobretudo, para a eternidade. Pais e mães, a família e a igreja como um todo, não devem medir esforços para fortalecer a Escola Dominical na sua congregação.


BIBLIOGRAFIA


HANDRICKS, H. Ensinando para transformar vidas. São Paulo: Betânia, 1991.
GILBERTO, A. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.

Autor: Prof. José Roberto A. Barbosa
Por Wilmar Antunes

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Crescimento Sem Profundidade


O estado da igreja evangélica atual
Acabo de ler o último livro de John Stott (1921-2011). Publicado em 2010, O Discípulo Radical traz o adeus singelo e carinhoso do teólogo inglês: “Ao baixar minha caneta pela última vez (literalmente, pois confesso não usar computador), aos 88 anos, aventuro-me a enviar essa mensagem de despedida aos meus leitores. Sou grato pelo encorajamento, pois muitos de vocês me escreveram”. Algumas linhas adiante, despede-se ele de seus amigos e discípulos: “Mais uma vez, adeus”. O livro não é só despedida; é um alerta grave e urgente à nossa cristandade. Ao descrever o perfil da igreja evangélica atual, o irmão Stott, já bastante apreensivo, preferiu ser econômico nas palavras: “Crescimento sem profundidade”.

Constranjo-me a concordar com a análise de Stott. Sei que não devo generalizar, pois ainda há rebanhos sadios e bem nutridos. Mas a verdade é que nunca as igrejas estiveram tão cheias de crentes tão vazios. O que está acontecendo conosco? De imediato, seja-me permitido apontar dois fatores que vêm orfanando os filhos de Deus: a substituição do Cristo eterno pelo Jesus secular e a retirada da cruz da mensagem evangélica.


Ao invés do Cristo eterno, o Jesus secularO maior inimigo de Cristo na presente década é o Jesus que nós, evangélicos, criamos no século passado. Parece que, no armário de nossa teologia, há sempre um “Jesus” pronto a justificar-nos todos os disparates e ambições. Tal Jesus, porém, está longe do Cristo morto e ressurreto do Evangelho. O interessante é que, há bem pouco tempo, não poupávamos ataques ao Jesus comunista da Teologia da Libertação. Mas acabamos por inventar um bem pior. Capitalista e terreno, nosso Jesus desenvolveu uma ação preferencial pelos ricos, e já não se acanha em especular na bolsa dos valores invertidos e efêmeros. Ele induz o povo de Deus a transformar pedras em pães, a saltar do pináculo do templo e a curvar-se ante o príncipe desta geração – o maldito e perverso Mamom.

Na promoção do Jesus capitalista, alguns mestres e doutores estão tornando o rebanho de Deus dependente de um cristianismo sem Cristo: é o ópio do atual evangelicalismo. Não foi essa, porém, a mensagem que Paulo expôs aos coríntios. Professando estar comprometido com o evangelho genuíno e radical, escreve o apóstolo: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2.2).

Se quisermos um crescimento com profundidade, temos de nos voltar, com urgência, ao Cristo anunciado pelos santos apóstolos: morto, crucificado e ressurreto. O Jesus do Calvário é insubstituível e inimitável.


Ao invés da Palavra de Deus, a palavra do homemQuem prega um Jesus diferente do Cristo apostólico acabará por expor um evangelho estranho à mensagem da cruz. Assim como a Lei de Moisés nada era sem os Dez Mandamentos, de igual modo o Sermão do Monte: de nada nos valerão suas bem-aventuranças sem as reivindicações éticas do Mestre. Logo, não posso aceitar uma mensagem politicamente correta se, profeticamente, for inconsistente e permissiva. Afinal, fomos chamados a atuar como homens deDeus e não a representar como homens do povo. Nosso compromisso é com a Palavra de Deus.

Na ânsia por aumentar seus rebanhos, há pastores que retiram a cruz de suas mensagens, tornando-as mais palatáveis. Já descompromissados com o Sumo Pastor, não mais falam o que os crentes necessitam ouvir, mas o que os seus clientes querem escutar. Se estes não mais suportam a sã doutrina e, acriticamente, consomem o que lhes chega ao aprisco, por que se afadigar em servir-lhes o genuíno alimento espiritual? Ao invés do texto bíblico, um pretexto casuístico e oportunista. Não sei que nome dar a esse tipo de sermão. De uma coisa, porém, não tenho dúvidas: deve ser muito eficiente, porque infla as igrejas e engorda os rebanhos. Nesses currais, porém, as ovelhas não são fortes: são obesas de si mesmas. Embora comam muito, alimentam-se mal. Acham-se à beira da inanição. A mensagem pode ser eficiente, mas é ineficaz para nutrir as almas que anseiam por Deus.

Em toda a história da Igreja Cristã, nunca se consumiu tantos livros e sermões. E, apesar disso, nunca se viu tantos crentes gordos de si e magros de Deus. Essa gente enche os templos e inflaciona as estatísticas, gerando um crescimento raso.

Não sou contra o aumento do rebanho de Cristo. Se o Evangelho é pregado é natural que se distendam os redis. Haja vista a Igreja Primitiva. Passados trinta anos, desde o Pentecostes, as conversões multiplicaram-se em Jerusalém, tomaram toda a Judeia e Samaria, alcançando os confins da terra. Aliás, havia convertidos até mesmo na casa de César. Mas era crescimento profundo e radical – enraizado na doutrina dos santos apóstolos.

Só pode haver crescimento genuíno com maturidade espiritual. Há uma grande diferença entre o fruto que por si mesmo amadurece e o que é posto na estufa. Este pode ser até maior, mas jamais terá a doçura daquele. Infelizmente, muitas igrejas tornaram-se estufas de crentes. Suas mensagens, geradas em eficientes departamentos de marketing, engrandecem o homem e diminuem Deus, exaltam a bênção e humilham o Abençoador, menosprezam a doutrina da santificação por já não prezarem o santíssimo Deus.


Aferindo a qualidade do rebanho de CristoTemos de aferir nossa qualidade não pelas estatísticas, e, sim, pela doutrina dos apóstolos. Antes recorríamos à Bíblia e, humildemente, cotejávamos a nossa vida de acordo com a Palavra de Deus. Hoje, buscamos os gráficos do IBGE e nos aborrecemos quando nossas expectativas não são cumpridas. Dessa forma, viemos a substituir o imperioso “ide” do Mestre por metas empresariais. E, sempre que estas são batidas, distribuímos galardões: reajustes salariais, viagens e presentes. Se continuarmos assim, não estou certo se haverá alguma coisa a recebermos no Tribunal de Cristo, pois a nossa premiação eterna já está sendo usufruída no tempo.

John Stott não estava errado. A igreja evangélica cresceu e já é contada aos milhões. Somos, de fato, um oceano vasto, azul e belo. Infelizmente, tal oceano pode ser atravessado com as águas pelos artelhos. Quem dera fôssemos como o poço de Jacó! Não tinha a boca grande nem arrogante. Sua profundidade, contudo, era insondável. Para que isso venha a acontecer, faz-se urgente que voltemos ao Cristo de Deus, e deixemos de lado os “jesuses” que, todos os dias, tiramos de nossa prateleira teológica. Além disso, faz-se urgente recolocarmos a cruz em nossas mensagens.

Se agirmos assim, nosso crescimento terá a profundidade do rio de Ezequiel. De caudaloso e insondável, terá de ser transposto a nado. Basta de pregarmos o que o povo quer ouvir. Falemos o que as pessoas precisam escutar. Além do mais, na Igreja não temos clientes, mas ovelhas ansiosas por ouvir o Bom Pastor.

Autor: Pr Claudionor de Andrade
Por Wilmar Antunes

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Estudo Bíblico Valores Cristãos Não Podem Salvar Ninguém


Estudo Bíblico Valores Cristãos Não Podem Salvar Ninguém

Uma recente carta à colunista Carolyn Hax do Washington Post parece ser sincera o suficiente: “Eu sou uma dona de casa com quatro filhos que tentou criar a família sob os mesmos fortes valores cristãos que cresci,” a mulher escreve. “Então fiquei chocada quando minha filha mais velha, ‘Emily,’ de repente anunciou que ela tinha ‘desistido de acreditar em Deus’ e decidiu anunciar publicamente que é uma ateísta.

A ideia de uma ateísta de 16 anos em casa seria o suficiente para alarmar qualquer pai cristão, e é certo que seja assim. O pensamento de que o conselho de uma colunista secular do Washington Post possa ser uma fonte de ajuda parece muito estranho, mas o desespero pode certamente levar pais a buscar ajuda em praticamente qualquer lugar.

Você geralmente recebe aquilo que você espera de uma colunista de aconselhamento desse tipo – conselho terapêutico baseado em uma cosmovisão secular e um forte comprometimento à autonomia pessoal. Carolyn Hax responde a essa mãe com uma admoestação para respeitar a integridade da declaração de descrença da filha dela: “Pais podem e devem ensinar suas crenças e valores, mas quando aquele que seria um futuro discípulo para de acreditar, isso não é uma ‘decisão’ ou ‘escolha’ em ‘rejeitar’ a igreja ou família ou tradição ou virtude ou o qualquer coisa que tenha pegado uma carona cultural com a fé”.

Isso é evidentemente sem sentido, claro. Declarações de incredulidade adolescente frequentemente são exatamente o que Hax argumenta que elas não são: rejeição da “igreja ou família ou tradição ou virtude”. Hax de fato oferece alguns insights legítimos, sugerindo que honestidade é preferível à desonestidade e que tais afirmações de adolescentes são frequentemente indicações de uma fase de questionamento intelectual ou estão apenas experimentando uma personalidade para ter seu estilo próprio.

Hax então conta a essa mãe perturbada: “eu não joguei fora aquilo que minha infância, incluindo minha igreja, me ensinou; Eu ainda aplico aquilo que eu creio. Só que eu aplico em minha vida secular”. Em outras palavras, Hax afirma que ela mantém muitos dos valores que aprendeu enquanto era criança na igreja, e agora simplesmente aplica esses valores à vida secular.

“Como posso ajudar minha filha a perceber que ela está cometendo um sério erro com a vida dela se ela escolher rejeitar o seu Deus e sua fé?”, a mãe pergunta. Hax diz a mãe para aceitar o ateísmo da filha e superar seu “desapontamento de que ela não se tornou exatamente o que você imaginou”.

O que mais esperar que uma colunista secular que pensa a partir de uma cosmovisão secular diga?

O problema real não está com a resposta de Carolyn Hax, mas com a pergunta da mãe. O problema aparece no início, quando a mãe diz: “tentei criar minha filha sob os mesmos fortes valores cristãos que eu cresci”.

Valores cristãos são o problema. O inferno estará cheio de pessoas que estiveram avidamente comprometidas com os valores cristãos. Valores cristõs não podem salvar ninguém e nunca salvarão. O evangelho de Jesus Cristo não é um valor cristão, e uma simpatia por valores cristãos pode cegar os pecadores para sua necessidade do evangelho.

Essa sentença pode não comunicar exatamente o entendimento dessa mãe, mas ela parece ser perfeitamente consistente com o contexto maior da pergunta dela e do tipo de conselho que ela buscou.

Pais que criam seus filhos com nada mais que valores cristãos não devem se surpreender quando seus filhos abandonam esses valores. Se uma criança ou jovem não tem um firme compromisso com Cristo e com a verdade da fé cristã, valores não terão nenhuma autoridade permanente, e não devemos esperar que eles tenham. A maioria de nossos vizinhos tem algum comprometimento com valores cristãos, mas o que eles precisam desesperadamente é de salvação dos seus pecados. Isso não vem através de valores cristãos, não importa quão ardentemente eles os abraçem. Salvação vem apenas através do evangelho de Jesus Cristo.

Seres humanos são por natureza moralistas, e moralismo é o mais potente de todos os falsos evangelhos. A linguagem de “valores” é a linguagem do moralismo e do Protestantismo cultural – aquilo que os alemães chamaram de Kulturprotestantismus. Essa é a religião que produz cristãos culturais, e o cristianismo cultural logo se dissipa em ateísmo, agnosticismo e outras formas de incredulidade. Cristianismo cultural é a grande denominação do moralismo, e muitas pessoas que frequentam igrejas falham em reconhecer que sua própria religião é apenas cristianismo cultural – não é genuína fé cristã.

A linguagem de valores é tudo o que sobra quando a essência da crença desaparece. Tragicamente, muitas igrejas parecem perpetuar sua existência através de valores, depois de há muito tempo ter abandonado a fé.

Não devemos orar para que a moralidade cristã desapareça ou para os valores cristãos evaporarem. Não devemos orar para viver em Sodoma ou na Feira das Vaidades. Mas uma cultura marcada por valores cristãos ainda está em urgente necessidade de evangelismo, e esse evangelismo requer o conhecimento de que valores cristãos e o evangelho de Jesus Cristo não são a mesma coisa.

Oro para que essa jovem mulher e sua mãe encontrem uma esperança comum e confiança na salvação que vem somente através de Cristo – não através dos valores cristão. Caso contrário, estamos falando de muito mais do que uma jovem “comentendo um sério erro com sua vida”. Estamos falando daquilo que importa para a eternidade. Valores cristãos não podem salvar ninguém.
 

Autor: Albert Mohler Jr
Por Wilmar Antunes

domingo, 21 de junho de 2015

QUAL A RELAÇÃO ENTRE A IGNORÂNCIA E A INVERSÃO DE VALORES?


Além da inclinação natural da carne, o que leva muitas pessoas a inverter valores, a tomar decisões erradas e a praticar pecados terríveis é o fato de elas serem totalmente ignorantes quanto aos princípios que Deus estabeleceu para uma vida saudável, plena e feliz.

Algumas não tiveram sequer uma boa base familiar que lhes permitisse fazer as distinções básicas entre o certo e o errado, o bem e o mal, o precioso e o vil. Elas costumam deixar-se levar pelos padrões do grupo social com o qual mais convivem ou identificam-se, relativizando coisas absolutas (como a verdade, a honra, o bem, o justo) e transgredindo leis morais e até civis.

Resultado: os que são dominados pela ignorância espiritual e moral vivem à margem da sociedade, porque não dão importância aos princípios básicos que regem a vida espiritual e as relações humanas; eles costumam desrespeitar outras pessoas, acarretando danos a si e ao seu próximo.

No passado, antes de o pleno conhecimento de Deus ser manifestado por intermédio de Jesus, os povos pagãos pecavam por ignorância, cedendo à idolatria e à violência porque não conheciam a Lei do Senhor. Contudo, por Sua infinita misericórdia, Ele levantou porta-vozes (profetas) para anunciar a verdade, chamar os pecadores ao arrependimento e à restauração espiritual e moral.

Os habitantes de Nínive, por exemplo, o centro comercial da Assíria, menosprezavam os valores éticos, morais e espirituais, sendo extremamente cruéis para com seus inimigos capturados na guerra. Mesmo sendo considerada a capital da injustiça e da crueldade do mundo antigo, Nínive foi alcançada pela misericórdia de Deus. O Senhor enviou o profeta Jonas lá para pregar uma das mais duras e curtas mensagens proféticas descritas no Antigo Testamento: caso os ninivitas não se arrependessem, ainda quarenta dias, e Nínive seria subvertida. Após essa exortação, eles se arrependeram de suas perversidades, sendo poupados do juízo divino.

Sendo assim, entendemos que o propósito de Deus usar de misericórdia para com as pessoas que invertem os valores espirituais, movidas pela ignorância, é dar-lhes tempo para se arrependerem e mudarem de vida. O Senhor não executa Seu juízo sem antes conscientizar o homem de seus erros.

A população de Nínive quase foi destruída pela ignorância, mas foi alvo da graça, e não da ira, de Deus porque se arrependeu de seus maus caminhos e voltou-se para o Criador.

Até hoje, mesmo na igreja, existem muitas pessoas que invertem os valores espirituais e morais e cometendo pecado porque ignoraram a Lei de Deus, as boas-novas de salvação que lhes são oferecidas em Cristo, e o destino final daqueles que não se arrependerem: o inferno.

Não aja assim. Dê ouvidos ao Senhor e ao chamado que Ele lhe tem feito!

SUGESTÕES DE LEITURA:
Êxodo 34.6; Jonas 1—4; Atos 3.17; 17.30,31; Romanos 2.4; 3.25; Efésios 4.18; 1 Pedro 1.14; 2.15

Pr. Silas Malafaia
Por Wilmar

quinta-feira, 9 de abril de 2015

EBD - O NASCIMENTO DE JESUS


Um Judeu Marginal
A narrativa do nascimento de Jesus feita por Lucas é o mais detalhado entre os outros evangelhos sinóticos e também o mais bem contextualizado dentro da história. Muito do que foi escrito sobre o propósito de Lucas no capítulo primeiro encontra-se nos textos relacionados ao nascimento de Jesus:

“E aconteceu, naqueles dias, que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse. (Este primeiro alistamento foi feito sendo Cirênio governador da Síria.) E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. E subiu da Galileia também José, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de Davi chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), a fim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lc 2.1-7).

O contexto político
Aqui, como em outros lugares, Lucas cita personagens da história dentro do seu relato. E durante o reinado de César Augusto, que governou o Império romano entre os anos 27 a.C a 14 d.C., que Jesus nasceu. A Palestina, portanto, estava sob dominação romana no tempo de Jesus. A política de Roma não era a da ocupação dos territórios conquistados, mas subjugá-los através de um pesado sistema de cobrança de impostos. Os imperadores nomeavam governadores e procuradores para esses territórios conquistados a fim de manter a ordem e garantir a administração dos mesmos. Para que o império pudesse manter esses territórios sob o jugo de Roma, as famosas legiões romanas, formadas por militares altamente treinados, eram deslocadas para esses lugares. Isso explica as frequentes citações aos centuriões romanos nos dias de Jesus e da Igreja Primitiva.

O escritor José Antonio Pagola destaca que Jesus não chegou a conhecer esses imperadores. Para o grande império ele não passava de um judeu marginal.1 Não há registros que os imperadores César Augusto e Tibério andaram na palestina desde que a mesma foi submetida ao jugo de Roma por Pompeu no ano 63 a.C. Todavia Jesus sabia de suas existências e deve ter visto suas imagens gravadas nas moedas que circulavam. Sem dúvida Jesus sabia que os imperadores eram os donos do mundo e da Galileia dos seus dias. Quando Jesus ainda não tinha vinte e cinco anos de idade, Antípas, que era vassalo de Roma, construiu uma esplêndida cidade à beira do mar da Galileia e a chamou de Tiberíades em homenagem ao Imperador Tíberio, que acabava de suceder o imperador Otávio Augusto. A presença do Império e dos imperadores estavam por toda parte para lembrar o povo quem é que mandava no mundo.

Pagola destaca ainda que durante “mais de sessenta anos ninguém pôde opor-se ao Império de Roma. Otávio e Tibério dominavam a cena política sem grandes sobressaltos. Umas trinta legiões, de cinco mil homens cada uma, e mais outras tropas auxiliares asseguravam o controle absoluto de um território imenso que se estendia desde a Espanha e as Gálias até a Mesopotâmia; desde as fronteiras do Reno, do Danúbio e do mar Morto até o Egito e o norte da África”.2

Jesus nasceu pouco antes da morte de Herodes, o Grande, que sem dúvidas foi o mais cruel dos governantes vassalos de Roma. Já velho e temeroso de perder o poder passou a acreditar que todos conspiravam contra ele. A sua própria família foi alvo da sua psicose! Primeiramente mandou matar o cunhado, afogando-o em uma piscina na cidade de Jericó; depois acusou a sua esposa Mariamne de adultério e mandou executá-la. Sua sogra também não escapou. Cerca de três anos antes de morrer mandou matar seus próprios filhos Alexandre e Aristóbulo, que seriam os legítimos herdeiros do trono e depois fez o mesmo com seu outro filho Herodes Antípatro.3

A sua loucura chegou ao clímax quando ordenou a matança dos infantes de Belém de dois anos de idade por acreditar que entre eles estaria Jesus, o rei dos Judeus:
“Então, Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos. Então, se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias, que diz: Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande pranto; era Raquel chorando os seus filhos e não querendo ser consolada, porque já não existiam” (Mt 2.16-18).

Roma, portanto, vivia na sua glória imperial e a presença de um simples galileu nem mesmo era notada. Jesus, o Filho de Deus, foi um personagem anônimo para os donos do mundo! Para a sociedade romana, Jesus vivia à margem da história. Pouco ou "quase nada é dito sobre Jesus pelos escritores dessa época. Um milagreiro da Galileia não despertava interesse para o grande Império. Somente Flávio Josefo, escritor judeu (37 d.C a 100 d.C), e que se tornou amigo dos imperadores romanos, indo posteriormente morar em Roma, percebeu a presença do galileu de Nazaré:

“Por esse tempo viveu um homem sábio chamado Jesus e sua conduta era boa, e era sabido que era virtuoso. Muitos dentre os judeus e de outras nações se fizeram discípulos seus. Pilatos o condenou a ser crucificado e a morrer. Mas aqueles que tinham se tornado seus discípulos não abandonaram o discípula- do. Informaram que ele havia aparecido três dias depois de sua crucificação, e que estava vivo. Portanto, talvez fosse o Messias, acerca de quem os profetas haviam dito maravilhas. E a tribo de cristãos, assim chamada por ele, não desapareceu até o dia de hoje”.4

Natal sem Cristo
A presença de Jesus não foi percebida somente pelos romanos, os belemitas também não o perceberam: “E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lc 2.7).
Devido ao recenseamento, o fluxo de gente era muito grande e um casal pobre com uma mulher grávida era mais um no meio da multidão. Não havia mais vaga na rede hoteleira daquela época. Se não havia vaga para Cristo naqueles dias, hoje também não é diferente. Não há mais vaga em muitos corações para nascer o filho de Deus. Todos os anos o seu nascimento é celebrado, mas esse não é um nascimento espiritual, mas apenas comercial.

O que devemos, então, celebrar no nascimento de Jesus?
1. O nascimento do Cristo “pessoa”, mas não o Cristo mercadoria.
Não há dúvidas de que o nascimento de Jesus continua sendo celebrado hoje, mas essa é uma celebração comercial. Os telejornais exibem que nesse período as vendas aumentam em até 30%! Isso é muito bom para a economia! Lojas e Shoppings lotados, mas os corações estão esvaziados! O Jesus do comércio não passa de uma mercadoria vendável. Esse é o natal que não deve ser celebrado como diz o poeta:

Cantarei o Natal,
Mas o Natal-acontecimento,
O Natal exato,
Realidade confortadora e simples,
Não o natal de Papai Noel,
De São Nicolau,
Do trenó sobre a neve,
Do buraco da fechadura,
Da chaminé delgada e escura,
Do farnel de brinquedos...
Não!
Esse, positivamente, não é o Natal,
Esse é um natal de mentira,
Inventado por alguém sem imaginação.
Não e não!
Postiço e falso é o natal dos brinquedos:
Da árvore de bolas amarelas, verdes,
Vermelhas, azuis, pretas, douradas,
Espelhando rostos alegres,
Alongando e diminuindo feições sorridentes,
Natal dos sapatinhos sob a cama,
Dos olhos marotos do menino rico,
Dos olhos parados do menino pobre.5

2. O nascimento do Cristo dos magos, mas não o Cristo da magia.
Não há consenso entre os intérpretes sobre a real identidade dos magos do Oriente. Os antigos pais da igreja viam nessa visita dos magos ao recém-nascido Jesus, a astrologia e a magia se curvando perante a sua majestade e sabedoria. A estrela de Cristo brilhou no coração desses magos.

“E, tendo nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém, e perguntaram: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo. E o rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e toda a Jerusalém, com ele. E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles lhe disseram: Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá, porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel. Então, Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e, quando o achardes, participai-me, para que também eu vá e o adore. E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. E, vendo eles a estrela, alegraram-se muito com grande júbilo. E, entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra” (Mt 2.1-11).

Infelizmente o Cristo que está sendo festejado hoje não é mais o Cristo dos magos, mas o Cristo da magia. A magia não está mais restrita às seitas esotéricas, mas pode também ser encontrada em muitos cultos evangélicos! A água e a rosa ungida, o lenço ungido, e uma infinidade de outros apetrechos e penduricalhos religiosos oriundos do judaísmo antigo são um testemunho vivo desse misticismo evangélico.

3. O nascimento do Cristo dos pastores, mas não o Cristo dos mercenários
“Ora, havia, naquela mesma comarca, pastores que estavam no campo e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho. E eis que um anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: achareis o menino envolto em panos e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens! E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos fez saber. E foram apressadamente e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura” (Lc 2.8-16).
Esse texto mostra a celebração que esses pastores fizeram por ocasião do nascimento de Jesus. Houve muita alegria entre aqueles camponeses. Deus em sua grandeza contemplou os pequenos!

Pastores, sim. Mercenários, não!
Devemos sim celebrar o Cristo dos pastores, mas jamais o Cristo dos mercenários. Não há dúvida de que hoje a sociedade olha com desconfiança o ministério pastoral e essa desconfiança se deve em grande parte pelo mau testemunho dos mercenários.
A Bíblia garante que há pastores e também que existem mercenários (Jo 10.1-18). Nesse sermão conhecido como “Jesus, o bom Pastor”, encontramos alguns princípios apontados pelo próprio Jesus que nos permitem separar o verdadeiro pastor do mercenário.

“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas, de modo nenhum, seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. Jesus disse-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai e dou a minha vida pelas ovelhas” (Jo 10.1-15).

O bom pastor conhece as ovelhas — “Ele as chama pelo nome” (Jo 10.3). Chamar alguém ou alguma coisa pelo nome demonstra conhecimento que se tem sobre o ser ou objeto invocado. O mercenário não conhece o rebanho, pois o seu interesse não está nas ovelhas, mas somente no couro delas! Em muitos casos nem mesmo rebanho o mercenário possui. Às vezes é um andarilho que, em vez de estar em um aprisco, anda pelas igrejas peregrinando atrás de dinheiro. Infelizmente esse é um mal que está crescendo dentro até mesmo das igrejas pertencentes ao pentecostalismo clássico. Entre esses intrusos têm até mesmo empresários que ficam responsáveis pelas agendas desses e recebem comissão por isso. Costumam ligar para os que são verdadeiramente pastores dizendo que encontraram um “espaço” em suas agendas e gostariam de preenchê-lo na igreja para quem contatam. Costumam cobrar caro pelos seus sermões e demonstram ser muitos exigentes. Muitos estão totalmente sem condições morais e espirituais para falarem da santa Palavra de Deus, pois deixaram suas mulheres ou estão envolvidos em algum tipo de escândalo.

O bom pastor dá exemplo para as ovelhas — “as ovelhas ouvem a sua voz” (Jo 10.4). Se as ovelhas ouvem a sua voz é porque o conhecem. Ele é o exemplo do rebanho. O pastor de verdade tem compromisso com a ética cristã e faz de tudo para o ministério não ser censurado. Não é caloteiro nem tampouco vende as ovelhas para o político da cidade. Ele sabe que o bom nome vale mais do que as muitas riquezas e que ser estimado é melhor do que a prata e o ouro (Pv 22.1).
O bom pastor alimenta as ovelhas — "entrará, sairá e achará pastagem” (Jo 10.9). O bom pastor leva as ovelhas aos pastos verdejantes (Sl 23.1-6). O bom pastor lê a Bíblia e tudo aquilo que pode ajudar o seu entendimento a fim de levar uma alimentação de qualidade para o rebanho. Ele gasta horas a fio em oração, na meditação da Palavra e na leitura de bons livros. O mercenário não faz isso. Em vez de alimentar o rebanho, ele mantém a igreja com uma agenda abarrotada, onde há sempre alguém pregando no lugar dele. Quando prega não consegue ir além de alguns ralhos que dá nas ovelhas. Suas ovelhas encontram-se subnutridas, fracas e até mesmo mortas.

O bom pastor sacrifica-se pelas ovelhas - "o bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). O bom pastor se sacrifica pelo rebanho: “Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24). O bom pastor não está preocupado em defender seu bem-estar diante do rebanho, mas em ser um ministro de Deus para a sua igreja. Se necessário for, ele bate de frente, sofre o dano, a fim de que comportamentos e práticas erradas sejam corrigidos. Ele pode morrer, mas morre em pé.

O bom pastor protege as ovelhas — "o mercenário vê vir o lobo e abandona as ovelhas” (Jo 10.16). O mercenário está preocupado com o seu bem-estar e abandona o rebanho ao primeiro sinal de perigo. Tem uma facilidade enorme para mudar de uma igreja para outra, desde que as condições lhes sejam favoráveis. Quando as coisas não estão indo muito bem financeiramente, começa a propagar que o seu tempo naquela igreja acabou. Torna-se um visionário e sonhador, tendo sonhos e visões de anjos que o estão enviando, sempre para igrejas de condições financeiras melhores do que a sua!

O bom pastor junta as ovelhas — “Ainda tenho outras ovelhas, não deste arisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor” (Jo 10.16). O bom pastor sabe juntar o rebanho! Ele sabe que alguns rebanhos são mistos. Além das ovelhas mais velhas, há também o cordeirinho que ainda mama; há bodes e outros animais, que mesmo não sendo da mesma espécie das ovelhas, se juntaram ao rebanho. Como separar o joio do trigo ou o a ovelha do bode para não estourar o rebanho? E exatamente aqui que o pastor se distingue do mercenário. A sua vocação e preparo o habilitaram a identificar e manter unido o seu rebanho de ovelhas.

O bom pastor é reconhecido pelas ovelhas — “As ovelhas conhecem a mim" (Jo 10.14). O bom pastor tem o reconhecimento de suas ovelhas. Elas sabem que desfrutam de uma boa dieta espiritual graças ao seu empenho. Elas estão conscientes que devem manter o seu pastor à frente delas para evitar a aproximação dos mercenários.

4. O nascimento do Cristo da manjedoura, mas não o Cristo das catedrais.
O Cristo de Belém é um Cristo simples, nasceu em uma manje- doura. Mas o Cristo celebrado hoje é o Cristo das catedrais! E o Cristo das megas igrejas. É um Cristo suntuoso! Infelizmente muitos estudos sobre evangelismo, missões e crescimento da igreja tomam como base essas megas igrejas. Os resultados são dados totalmente divorciados da realidade das igrejas nas favelas, nos sertões e entre as populações ribeirinhas. São estudos ministrados em hotéis de luxo, navios cruzeiros ou em um resort famoso. Geralmente esses pastores, que são pops stars, defendem esse tipo de cristianismo com o já surrado jargão que são cabeças e não caudas.

O contexto profético
Já foi dito neste livro que Lucas demonstra um interesse ímpar na pessoa do Espírito Santo e como Ele se relaciona com o ministério de Jesus. Lucas faz um desenho detalhado do contexto profético a fim de mostrar que o espírito profético havia sido revivificado.

Os expositores bíblicos David W. Pao e Echard J. Schnabel denominam esse aspecto da teologia carismática de Lucas de “o alvorecer da era escatológica”, e escrevem:

“Como o surgimento de João Batista significa o retorno da profecia e dos atos salvíficos de Deus na história, essa sessão destaca o despertar da era escatológica. A intensidade da presença do Espírito Santo enfatiza essa afirmação: Isabel “ficou cheia do Espírito Santo” (1.41), e assim também Zacarias (1.67). O ministério de João Batista é caracterizado como um ministério do Espírito (1.15). Simeão, que aguarda com expectativa a consolação de Israel (cf. Is 40.1), recebe o Espírito (2.25) e a revelação do Espírito Santo de que “ele não morreria antes de ver o Cristo da parte do Senhor” (2.26). Embora a presença do Espírito possa ser encontrada nos relatos de personagens do AT (e.g., Josué [Nm 27.18], Sansão [Jz 13.25], Davi (1 Sm 16.13], essa intensidade só encontra correspondência no acontecimento do Pentecostes, relatado no segundo volume de Lucas (At 2), no qual as promessas proferidas por João (Lc 3.16) e por Jesus (Lc 11.13; 12.12; At 1.8) são cumpridas. Esses acontecimentos apontam para o cumprimento de antigas promessas que falam do papel do Espírito no tempo do fim (v. esp. Is 32.14-17 [cf. Lc 24.49; At 1.8]; J1 2.28-32 [cf. At 2.17-21]), quando Deus restaurará seu povo para sua glória (At 3.19-20)”.6
A teologia de Lucas, portanto, tanto no terceiro evangelho como nos Atos dos Apóstolos é uma teologia da Salvação de Deus. Durante seu ministério terreno, capacitado pelo Espírito Santo, conforme o testemunho do terceiro evangelho, Jesus a proclamou (Lc 4.18; At 10.38). Glorificado à direita do Pai nos céus, e através do mesmo Espírito que outorgou aos que lhe obedecem, conforme o testemunho de Atos dos Apóstolos (At 2.33; 5.32), o Senhor está dando-lhe continuidade.

O Espírito Santo sempre esteve presente na história do povo de Deus. Ele esteve presente na história do antigo Israel, esteve presente no ministério de Jesus e dos apóstolos e agora está presente na igreja hodierna!

O nascimento de Jesus no contexto judaico
Por ocasião da redação do terceiro Evangelho, a igreja já tinha dado os seus primeiros passos. Uma das primeiras polêmicas no seio da igreja surgiu por conta da disputa entre judeus e gentios. Isso motivou a instauração do primeiro concilio da igreja que ocorreu em 49 d.C. Esse concilio, liderado pelos apóstolos, ocorreu em Jerusalém e tinha como objetivo se opor aos esforços dos judaizantes, conforme registrado no livro de Atos capítulo 15.

Não há dúvida de que um dos propósitos de Lucas, como já foi assinalado, era mostrar que o cristianismo não era uma seita judaica sem nenhum nexo com a cultura judaica. Suas raízes eram de origem judaica. Ele era a continuação e plenitude da revelação de Deus conforme se encontrava registrada nas Escrituras hebraicas. Lucas, portanto, estava “interessado em delinear a relação entre o cristianismo e o judaísmo. A maneira pela qual ele tratou desse assunto é determinada pela brecha enorme que já separava essas duas religiões em épocas em que escreveu. Isso levou-o a (1) estabelecer a continuidade entre o cristianismo e a história redentora judaica, e (2) mostrar como a alienação entre os dois movimentos ocorreu”.7

Os relatos históricos da infância de Jesus têm como objetivo estabelecer esse vínculo entre a fé judaica e a fé cristã. Os relatos da circuncisão de Jesus (Lc 2.21), a sua apresentação no Templo (Lc 2.22-24) atendem ao mesmo fim. Da mesma forma os relatos de Simeão e Ana como judeus piedosos e a presença de Jesus no Templo com 12 anos de idade, sem dúvida servem para mostrar que o cristianismo não surgiu à parte do judaísmo, mas que suas raízes se originaram deste.

NOTAS
1 Um estudo crítico e exaustivo da vida de Jesus pode ser encontrado na obra de John P. Meier: Um Judeu Marginal - repensando o Jesus histórico. Rio de Janeiro: Editora Imago.
2 PAGOLA, José Antonio. Jesus - Aproximação Histórica. 5a Ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2012.
3 PAGOLA, José Antonio. Idem. pp. 33,34.
4 JOSEFO, Flávio. Antiguidades Judaicas XVIII, 63. Paul Maier observa que a versão de Josefo dada acima difere da versão padrão já há muito divulgada nas centenas de traduções. Todavia salienta que a versão padrão sofreu uma interpolação feita por cristãos, visto que Josefo não cria que Jesus era o Messias nem tampouco em sua ressurreição e que continuou sendo judeu até o fim de sua vida. Maier destaca que o texto mais breve de Josefo foi encontrado em um manuscrito de um historiador Árabe do século décimo e que, sem dúvida, reflete o original de Josefo (MAIER, Paul, L. Josefo - Los escritos essenciales. Editorial Porta Voz, 1992, Grand Rapids, Michigan, U.S.A.
5 JUNIOR, Gióia. Orações do Cotidiano - grande cantata de Natal. São Paulo: Mundo Cristão, 1995.
6 PAO, David W. & SCHNABEL, Echard. In Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2014.
7 Comentário Bíblico Broadman, volume 9, Lucas-João. Rio de Janeiro: JUERP.

FONTE: http://euvoupraebd.blogspot.com/
POR WILMAR ANTUNES

quinta-feira, 19 de março de 2015

Vencendo a Crise e Prosperando no Deserto


Vencendo a Crise e Prosperando no Deserto

Isaque formou lavoura naquela terra e no mesmo ano colheu a cem por um, porque o Senhor o abençoou. O homem enriqueceu, e a sua riqueza continuou a aumentar, até que ficou riquíssimo. Possuía tantos rebanhos e servos que os filisteus o invejavam. Estes taparam todos os poços que os servos de Abraão, pai de Isaque, tinham cavado na sua época, enchendo-os de terra. Isaque reabriu os poços cavados no tempo de seu pai Abraão, os quais os filisteus fecharam depois que Abraão morreu, e deu-lhes os mesmos nomes que seu pai lhes tinha dado. Gênesis 26:12 a 18

Introdução
Falar de crise é tocar em um ponto nevrálgico para muitos. É colocar o dedo na ferida das emoções e mexer nas cicatrizes do passado. Crise sempre foi uma palavra temida no Brasil e praticamente qualquer brasileiro commais de 25 anos já sentiu na pele seus nefastos efeitos. Talvez você seja um desses, e esteja neste momento sofrendo as dores de parto, digo da crise.

Até bem pouco tempo, era moda dizer que quando os Estados Unidos espirravam, o Brasil pegava pneumonia. Isso mudou: os EEUU pegaram quase uma tuberculose em 2008 e o Brasil teve apenas uma leve coriza. É… as coisas mudam: o que vale hoje, pode não refletir o passado e nem muito menos servir de garantia de sucesso no futuro. Que o [mau] exemplo dos EEUU nos sirvam de lição de humildade.

Também já fui vítima de crises. Na crise da Tequila (México), em 1994, houve um drástico corte nos concursos, época em que eu estava apto para passar no Concurso da Receita Federal, pois havia raspado a trave no ano anterior. Meus sonhos foram por água abaixo e a conquista de um cargo público na elite do funcionalismo demorou quase 15 anos para se tornar realidade.

Em 1998 perdi uma excelente oportunidade de trabalho por conta da crise da Vodka (Rússia) e, recém-formado, iniciei um turbulento período de desemprego que me levou a uma espiral de fracassos e decepções que culminaram em um processo depressivo. Nessa época eu descobri o que era o deserto de Deus, e até as minhas necessidades mais básicas eram atendidas quase no último instante e, não raras vezes, dependendo da boa vontade de outras pessoas. Quando eu estava passando por aquela situação, muitas vezes entrei em desespero e olhei para o céu me sentindo abandonado por Deus à própria sorte…

Mas, tudo isso passou, e eu venci. Às vezes, as pessoas nem fazem idéia de como eu posso extrair posts motivadores de tantas experiências amargas que tive, como foi o caso de minha coleção de fracassos amorosos (eu era um Don Juan às avessas). Sabe, eu aprendi que é dos limões mais azedos que podemos extrair o melhor suco. E é isso que quase sempre faço: fico espremendo minhas derrotas e fracassos, adoçando com humor e mexendo o caldo até virar um banquete aos famintos, desiludidos e decepcionados com a vida.

E é disso que vou falar: vencer a crise. Foi o que Isaque fez, venceu a crise em meio ao deserto e cercado de hostilidade de seus vizinhos. Como ele fez isso? É o que vamos descobrir, juntos, a partir das próximas linhas. Me acompanhe.

1. As dificuldades fazem parte da vida
Se existe uma coisa que precisamos entender é que as dificuldades fazem parte da vida, e que não existe um vida sem dificuldades. É assim que é a vida, e é assim que a vida é. Sabendo disso, ficará muito mais fácil você encarar as dificuldades (e oportunidades) de frente e fazer suas escolhas de modo consciente e consistente. Esteja ciente do que lhe aguarda após a próxima curva do rio, para não ser pego de surpresa. Você já deve estar escolado nessas coisas, mas não custa reforçar, certo?

- querem destruir nossos sonhos e enterrar nossos projetos: Isaque percebeu que, assim como existem aqueles que querem nosso bem e torcem por nosso sucesso, também existe a torcida do contra, os espíritos-de-porco, o supra-sumo do cocô de gato em pó, que batalha para nos levar ao fracasso e a desistir de nossos objetivos. Não fique dando atenção a quem quer comemorar a sua derrota, mas eleja alguém decente e vitorioso para se espelhar e motivá-lo a seguir em frente.

- querem roubar nossa herança: no deserto, quem cava um poço é dono. Isaque, como filho de Abraão, o desbravador de deserto e cavador de poços, era o legítimo herdeiro daqueles poços cavados por seu pai. Sabe, é triste e decepcionante descobrir que existem os parasitas do trabalho alheio, que vivem de sugar o resultado do esforço e suor do próximo (não, não estou me referindo aos políticos brasileiros e afins, mas que deu vontade… ah, isso deu). Esteja atento aos ladrões de herança, inclusive entre seu círculo íntimo.

- querem impedir nosso crescimento: nós fomos projetados para crescer, evoluir, amadurecer, enfim, avançar. Mas, tem gente querendo jogar açúcar no nosso churrasco e estragar a nossa festa. Se já não bastasse ser difícil crescer em meio aos problemas, ainda tem uns trolls safados insistindo em puxar o freio de mão de nossa carroça. Cuidado com quem você chama para se sentar ao seu lado na corrida da vida.

- querem nos expulsar do lugar da bênção: se tem uma coisa que me chateia é a incrível quantidade de pessoas invejosas ao redor do mundo. Como já dizia um pastor meu: basta você revirar uma pedra para achar um invejoso embaixo dela (junto com cobras, lagartos e outros bichos semelhantes). Para esse tipo de pessoa, não basta ela estar bem, você tem que estar na pior. Nosso sucesso parece incomodá-las, mas quer saber? Prospere em meio à crise, e deixe que eles se mordam de inveja.

- querem nos forçar a parar no meio do caminho: esse é o golpe mais baixo que existe, que é fazer você parar e desistir de tudo. Usando todo tipo de tática intimidatória, os arautos do fracasso não suportam ver você avançar enquanto tantos ficam para trás. Mas, o que muitos não conseguem perceber é que investindo esforços em nos fazer desistir, tais pessoas dão um testemunho silencioso que, paradoxalmente, acreditam em nosso sucesso. E temem que consigamos chegar lá. Que tal não desapontá-los? risos

2. As atitudes que fizeram a diferença
Em meio a tantos desafios, Isaque conseguiu prosperar em pleno deserto. Nos versos iniciais, vemos que ele semeou no deserto e colheu a impressionante cifra (ou safra… vai saber né) de 100 por 1! E mesmo tão próspero e abençoado, ele não ficou acomodado e deslumbrado com suas conquistas. Ao se tornar tão bem-sucedido, Isaque imediatamente atraiu os olhares invejosos dos filisteus, que não suportaram seu sucesso retumbante. Acontece isso todo dia, comigo,com você, com qualquer um que se destaque: ser tratado com desdém pelos invejosos de plantão.

Então, aconteceu o inevitável: Isaque foi expulso por causa de sua competência em ser excelente empreendedor. Uma vez, ao assumir um cargo num certo órgão (que não vou dizer qual… risos), eu comecei muito animado, saindo de um desemprego constrangedor, queria mostrar serviço e fazer as coisas do jeito certo. Eu não queria aparecer, galgar degraus ou obter status, eu queria apenas e tão-somente TRABALHAR e fazer jus ao meu salário. Era pedir muito?

Mas, não foi assim que me enxergaram… eu, sem saber, despertei inveja com aquela minha ânsia de trabalhar e fazer as coisas bem feitas. Fui humilhado e depreciado, marginalizado e colocado numa sala escura para perfurar e carimbar folhas. Uma colega de trabalho que soube da história chegou a dizer que eu havia sido punido por demonstrar que era competente! Tem base um negócio desses? 

Fiquei indignado, mas pensei melhor e disse a mim mesmo: “bom, não adianta revoltar, então se eles não me querem aqui, vou fazer a vontade deles: estudar e sair para outro órgão melhor assim que puder!”. Esquecido naquela sala comcheiro de mofo, eu pensava que era o meu fim, e olha que não tinha nem 3 meses que eu havia assumido!

Só que Deus estava olhando para mim e, para encurtar a história, pouco tempo depois eu fui convidado a assumir o lugar de quem me colocou na “geladeira”. E a pessoa, para onde foi (não que eu quisesse assim, que fique claro)? Exatamente. Foi praquele lugar. Não, praquele não! Foi pro lugar que eu estava antes, o mesmo para o qual ela havia me mandado....

Aprenda as lições de Isaque para, mesmo em meio à crise, prosperar e vencer.
- Isaque cavou os poços antigos: aqui a palavra-chave é racionalizar esforços. Em administração aprendemos que racionalizar recursos e esforços significa aproveitá-los ao máximo, e fazendo uso de recursos antigos, mas ainda viáveis, Isaque demonstrou grande capacidade de gerenciamento na crise, pois identificou corretamente algo que poderia ser aproveitado sem despender muito esforço. Se já existe algo funcionando, por que não utilizar isso? Nem semprecomeçar tudo do zero é a opção mais sábia. Saiba avaliar o custo x benefício das decisões e poupar esforços para aquilo que é imprescindível.

- Isaque cavou novos poços: a grande lição legada por Isaque neste quesito é iniciativa. Quando a solução anterior mostrou-se de curta duração, a necessidade de inovar e descobrir novas alternativas chegou. Muitas pessoas ficam estagnadas na vida justamente por não possuírem a capacidade de se reinventar em vista de uma dificuldade inesperada ou oposição cerrada. Tenha iniciativa, não fique preso aos velhos chavões, mas seja criativo e descubra novos caminhos para atingir o mesmo objetivo, pois isso vai levá-lo a subir novos degraus na escada da vida.

- Isaque não ficou “arengando” pelos poços cavados: sabe qual é segredo sobre as contendas (arengas, em bom nordestinês)? É não ficar perdendo tempo comessas briguinhas tolas, pois seu intento principal é tirar nosso foco, e nos fazer desperdiçar tempo e recursos com essas coisas irrelevantes. Afinal, se eu sei que posso cavar mais poços, se eu sei cavar poços e sei onde cavar e obter resultado, por que perder tempo com bobagens? Resumindo em uma frase a lição de Isaque: não perder tempo e nem o foco.

- Isaque não parou de cavar poços: Os filisteus sabiam que estavam diante de alguém capaz e inteligente, e sabiam que se deixassem ele seguir em frente, ele iria longe. Por isso, todas essas tentativas não tinham outro objetivo maior do que fazer Isaque desanimar e desistir, e então capturá-lo nesse momento de fraqueza e vulnerabilidade. Se você se encontra diante da tentação de desistir, é nesse momento que você deve envidar seus maiores esforços para vencer a batalha. A chave disso é não desistir de tentar.

- Isaque insistiu até conseguir seu lugar de descanso: se tem uma coisa que eu preciso tirar o chapéu pra Isaque é que ele era uma pessoa insistente. Insistente no sentido de persistir, de correr atrás de seu objetivo, de não desistir de seus sonhos. As maiores tentações que já enfrentei, mesmo concorrendo commilhares de pessoas por uma vaga em um concurso público, não foi receio de não conseguir ser aprovado, mas uma perturbadora vontade de jogar tudo pra cima e me esconder no comodismo. Mas Isaque nos mostrou uma situação diferente, que não devemos abrir mão de nossos objetivos.

- Isaque honrou a memória de seu pai: essa é mais uma virtude de caráter do que propriamente uma atitude que influencia a conquista de objetivos. Todavia, eu aprendo lições valiosas aqui. Isaque admirava seu pai, e tinha prazer em mostrar isso publicamente. Muitas vezes observo que uma relação saudável pais & filhos traz muitas vantagens, tanto para uns como para outros. Por exemplo, meu pai está de cabelos todos brancos e eu com algumas décadas de vida (nasci no séculopassado…), mas ele sempre me cumprimenta com um beijo. Sai inveja (risos)! Qual é a lição? Seja grato e não renegue suas raízes.

3. Desentulhando os poços, o primeiro grande desafio
Uma coisa ainda deve ser dita de Isaque: ele era um homem de visão. Ele enxergava soluções onde os outros só viam problemas. Alguém poderia dizer: “Isaque, os filisteus entulharam os poços, e agora?”. Ele tinha atitude de quem coloca a mão na massa e resolve, não fica empurrando o problema com a barriga, nem despachando para assessores de coisa-nenhuma, que nada fazem de útil e proveitoso. Não, senhor, Isaque era diferente. Ele compreendeu que as dificuldades abrem portas de oportunidades.

Mas, por que é primordial começar a tirar os entulhos de nossa vida para obter sucesso e prosperidade? Entulho é uma palavra bastante versátil e com vários significados, entre eles “lixo”, “restolho”, “imprestável”, “sobras” e outros mais. Quando deixamos acumular entulho em nossa vida estamos entupindo os canais que podem nos trazer coisas novas e úteis. Os rios, por exemplo, também sofrem de “entulhamento”, que é o processo quando se desmata as margens e eles perdem a proteção natural contra a erosão e vão acumulando areia em seu leito. Em outras palavras, eles acabam ficando assoreados. Alguns rios menores podem até morrer por causa disso.

Desentulhar sua mente pode ser o primeiro passo de uma caminhada vitoriosa. Para começar, tire de sua mente os pensamentos negativos, de frustração e decepção com o passado, pare de ficar se lamentando com os fracassos, e deixe de ficar colocando a culpa de seus erros nos outros. Outra importante atitude é deixar o comodismo de lado e colocar em prática ações que realmente farão diferença em sua vida. Agindo assim, você logo perceberá que sua mente voltará a funcionar melhor e as coisas fluirão como antes, quem sabe até melhor do que antes!

Às vezes, é preciso reconhecer que os entulhos são nossas desculpas de estimação, aquelas justificativas ridículas que usamos para tapar o sol com a peneira explicar porque ainda não conseguimos sair do marasmo. Sim, nossa mente necessita de um desentupimento das desculpas esfarrapadas se desejamos alçar voos mais altos e chegar mais longe.

Outro segredo para conseguirmos limpar a mente da sujeira é a humildade. Claro! Observe alguém limpando um poço: ele se abaixa, se ajoelha. Quer mais? É preciso ter coragem para sujar as mãos e fazer a coisa certa. Não se engane: você jamais conseguirá sair do atoleiro sem descer do salto e arregaçar as mangas.

Está na hora de parar de patinar e ganhar terreno na estrada da vida, e o momento de tirar o entulho de sua mente chegou. Procure ocupar sua mentecom pensamentos úteis e atitudes positivas. Pode parecer ineficaz no começo, mas logo mais você vai perceber a diferença. Experimente!

4. Conclusão
Quando estamos em meio à crise, muitas vezes bate o desespero, e queremos agarrar a primeira oportunidade que aparece como se fosse a última tábua de salvação. É nas crises que nossa paciência fica reduzida a níveis ínfimos, nossa perseverança arrefece e a esperança desvanece no ar. A crise é uma momento singular que nos prova ao extremo e, quando pensávamos que já havíamos atingido nosso limite, descobrimos que a corda foi esticada além do que imaginávamos.

Um dos maiores desafios que enfrentamos na crise é manter a cabeça fria e a sensatez em dia, para que possamos raciocinar com clareza e perceber as nuances e sutilezas que alteram as circunstâncias que nos cercam. É preciso estar atento para discernir a mudança na direção do vento, antes contrário para favorável. Precisamos estar de pé e preparados para esticar novamente as velas e singrar os mares revoltos, mas em nova direção, rumo ao sucesso.

Eu, finalizando (ufa!) preciso confessar algo: não é fácil escrever algo de relevância para quem está na dependência de um “milagre”. Eu mesmo já estive em situação semelhante, e sei que nosso maior desejo não é ler uma palavra de incentivo, mas obter a solução de nosso problema e a saída dessa desagradável situação. Eu entendo você, pois já pensei desse mesmo jeito, e não o culpo.

Todavia, permita-me um momento de sinceridade: não existe solução mágica para sair da crise. Às vezes, caímos de paraquedas bem no meio da crise, mas não existem saídas fáceis. Você, caro leitor(a), não tem alternativa: é sair ou sair, pois ficar não é a solução. E para sair da crise, você tem que colocar em prática o que eu disse e, é sério! funciona mesmo. Comece aos poucos, mas comece. Você vai ver que, quem sabe, a solução está bem pertinho de você, ao alcance da mão, mas é preciso um mínimo de esforço para conquistá-la. Quer saber? Vale a pena o esforço.

Deus te abençoe

Autor: Wallace Sousa
Por Wilmar Antunes