terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Aula 05 – UM HOMEM DE DEUS EM DEPRESSÃO


1º Trimestre/2013

Texto Básico: 1Reis 19:2-8

03/02/2013

“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2Co 4:8,9)

INTRODUÇÃO

Sempre que realizamos ou estamos prestes a realizar algo importante para Deus, enfrentamos o ataque do inimigo. Até ao triunfo do Carmelo quando Elias sozinho enfrentou quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e quatrocentos do poste-ídolo Aserá, não se observa nele segundo as Escrituras nenhum traço de depressão espiritual. Mas depois do Carmelo e mais precisamente quando Elias aguardava à entrada de Jezreel boas notícias que dentro de um prognóstico seu viriam da casa real, tudo mudou (1Reis 18:46). Elias fez um prognóstico que uma vez exterminados os falsos profetas de Baal, Deus, de imediato, enviaria o avivamento espiritual sobre toda a nação. Isto fica mais evidente quando depois da vitória sobre os falsos profetas, Elias disse a Acabe: “Sobe, come e bebe, porque já se ouve ruído de abundante chuva” (1Reis 18:41). A chuva era o sinal! Quando Acabe deu a notícia a Jezabel, ela prontamente enviou um mensageiro dizer a Elias: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles” (1Reis 19:2). Elias esperava uma renovação espiritual na realeza face a presença de Deus incidida no Monte Carmelo, demonstrando que só Ele é Deus e Senhor em Israel. Entretanto, ouve uma ferrenha oposição ao profeta de Deus e isto lhe causou depressão, levando-o a desistir de lutar. Ele tirou os olhos de Deus e colocou-os nas circunstâncias. Isso pode acontecer com qualquer um de nós, por isso precisamos ter muito cuidado.

I. DEPRESSÃO

1. O que é depressão. É uma doença física como outra qualquer, só que desorganiza as reações emocionais. Ela é muito complexa e difícil de ser diagnosticada, pois um dos seus principais sintomas pode ser confundido com tristeza, apatia, preguiça, irresponsabilidade e em casos crônicos como fraqueza ou falha de caráter. É muito comum ouvir as pessoas dizer que estão deprimidas, quando apenas estão chateadas, estressadas ou porque se desentenderam com alguém.

Muitas pessoas, até aquelas consideradas muita calmas, perderia a paciência ou se chatearia numa briga de trânsito, invertida profissional, falta de grana, doença na família, perda de um ente querido, desemprego, crise conjugal, etc. Isto é comum na vida das pessoas, oscilamos o nosso humor diariamente. Só que depois de um curto período de tempo voltamos ao normal, sem grandes dramas, correndo atrás do prejuízo. Já a pessoa deprimida ou com predisposição, às vezes com uma chateação corriqueira, pode ser nocauteada e cair num abismo sem fim. Porque é assim mesmo que se sente um deprimido. Uma pessoa sem perspectiva de vida, sem amor próprio, pessimista, desanimada que não vê graça em nada a não ser no seu isolamento e luto em vida. Na realidade este desânimo perante a vida não é falta de atitude e sim um mau funcionamento cerebral. Porque embora muitas pessoas acham que depressão é tolice, “ela é uma doença, um desequilíbrio bioquímico dos neurotransmissores (mensageiros químicos do impulso nervoso) responsáveis pelo controle do estado de humor. Em alguns casos, a cura não depende, como se costuma pensar, da vontade própria”(fonte: http://www.espacovidaclinica.com.br/tratamentos.asp?tratamento=1).

Devemos ter cuidado para não associar a depressão com pecado, o que costuma acontecer em muitas igrejas. Essa doença, dependendo do caso, pode ser tratada tanto com medicação quanto por meio de terapia e aconselhamento. Não podemos descartar a possibilidade de uma cura divina, e, quando necessário, atentar para a necessidade de uma intervenção médica (Mt 9:12).

2. Sintomas da Depressão. Os sintomas da pessoa com depressão podem passar completamente despercebidos e só tomamos consciência da situação quando a pessoa comete alguma "asneira". Depois é demasiado tarde. Alguns dos sintomas são: Após um período de tristeza, a pessoa esmorece e fica "isolada do mundo". Não sente vontade de reagir, não acha graça em nada, se sente angustiada, sem energia, chora à toa, tem dificuldade para começar uma tarefa, dificuldade em terminar o que começou, persistência de pensamentos negativos e um mal-estar generalizado: indisposição, dores pelo corpo, insônia ou sonolência, alterações no apetite, falta de memória, concentração, vulnerabilidade, fraqueza, taquicardia, dores de cabeça, suores ou outros sintomas físicos que joga a pessoa pra baixo; pessimismo, hipocondria, autocrítica; sentimentos de culpa, de vergonha, de desamparo; sentimento de que não é digno; perda de interessa no trabalho e/ou na vida sexual, tensão, tendência a acidentes, etc.

3. Causas da depressão. A depressão pode ser causada pela maneira como se vive no trabalho, no lar, na escola. O emprego que não oferece recompensa, mas não pode ser deixado porque não há outro em vista; muita tensão de horários e prazos; tensão doméstica, econômica, déficit de sono, pouco exercício físico, problemas pessoais, problemas de criação, problemas na infância, problemas de relacionamento, distância de Deus, a meia-idade (difícil para o homem, ainda mais difícil para a mulher), desapontamentos, enfermidade, depressão após o parto, rejeição, alimentação inadequada, efeito de entorpecentes, perda de emprego, perda de posição, perda de pessoas queridas por morte, divórcio, abandono etc., etc. Outras causas não têm sentido aparente, porém, na verdade, são provocadas por um desequilíbrio interno, como desordens glandulares ou hipoglicemia.

A verdade é que a depressão é uma condição da qual Satanás se aproveita para tornar o povo de Deus inútil para a Obra do Mestre. Entende o cristão deprimido que Deus dá perdão, mas não o experimentou ou acha que não foi salvo ou que perdeu a salvação (coisa que a Bíblia não ensina), ou ainda que cometeu o pecado imperdoável (sem saber defini-lo). Satã ataca o cristão com o cansaço que deprime, e, assim, vem o sentimento de fraqueza, ansiedade e medo. Medo da morte, medo do amanhã, medo de gente, medo de coisas específicas, e medos mal definidos também.

Como se vê, as causas da depressão podem ser as mais diversas, inclusive não podemos descartar os casos hereditários. Há pessoas que, ao que tudo indica, têm alguma propensão, vinda dos seus pais, para desenvolver esse tipo doença. Mas, na maioria das vezes, a causa da depressão é cultural, isto é, depende do estilo de vida no qual as pessoas se integram e a que são expostos.

II. ELIAS - UM HOMEM COMO OS OUTROS

“Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para que não chovesse, e durante três anos e seis meses não choveu sobre a terra. E orou outra vez e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto" (Tg 5:16-18).

Elias foi um homem levantado por Deus em tempo de crise política e apostasia religiosa em Israel. Ele, ousadamente, confrontou os pecados do rei Acabe, dizendo-lhe que em seu reino não choveria por três anos, e chamou a nação indecisa a colocar sua confiança em Deus. De uma forma milagrosa multiplicou o alimento da viúva de Sarepta; também orou a Deus em favor do filho da viúva, que havia morrido, e Deus o ressuscitou. Elias desafiou os quatrocentos e cinquenta profetas do deus Baal e os quatrocentos do poste-ídolo Aserá, no alto do monte Carmelo, e triunfou valentemente sobre eles, Deus deu-lhe uma vitória espetacular diante do povo de Israel; depois da vitória, ou seja, de provar que “só o Senhor é Deus”, Elias motivou o povo a que os falsos profetas do falso deus Baal fossem mortos.

Pergunto: como é possível nos dias de hoje nos identificarmos com uma pessoa tão extraordinária como o profeta Elias? Todavia, Tiago disse: "Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós..." .

É difícil tentar ver alguma semelhança com um homem que tinha esse tipo de fé. Seria mais fácil nos identificarmos com alguém como Pedro. Pedro era um individuo, que antes de ter sua vida controlada pelo Espírito Santo, estava sempre metendo os pés pelas mãos, quebrava promessas e ainda negou ao Senhor; mesmo depois de muitos anos de convertido ainda cometia atitudes incondizentes com o padrão espiritual de um apóstolo (cf. Gl 2:11-13). Também seria fácil nos identificar com Davi, às vezes ele tinha problemas com Deus; tinha problemas com os filhos; não sabia em quem confiar; caiu em adultério; mandou matar. Estes sim, eram homens sujeitos às mesmas paixões que nós.

No entanto, Tiago não falou sobre Davi, nem sobre Pedro. Falou daquele habitante do deserto, de origem humilde e insignificante humanamente falando: Elias. O que Tiago queria dizer era que Elias era um ser humano de natureza semelhante à que temos - com sentimentos, disposições de ânimo e constituição física igual. Era alguém tão humano quanto nós; ele tinha também os pés de barro. Não era um super-homem nem um super-crente. Depois de retumbantes vitórias, Elias ficou deprimido e pediu para si a morte.

Precisamos parecer com Elias nos seguintes aspectos: um distanciamento do mundo, fidelidade a Deus e um comprometimento com a Palavra de Deus. Aliás, a fidelidade inabalável de Elias a Deus e o comprometimento com a sua Palavra, faz dele um exemplo de fé, destemor e lealdade a Deus, ante a intensa oposição e perseguição às falsas religiões e aos falsos profetas. Temos habilidade de imitar esse grande homem de Deus?

III. AS CAUSAS DOS CONFLITOS DE ELIAS

1. Decepção. O sentimento de incapacidade ou fracasso, diante da realização de um trabalho aparentemente inútil, pode nos levar à depressão. Disse a ímpia Jezabel: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles” (1Reis 19:2). Elias não estava preparado para esta resposta da realeza, pois entendia que todo o problema em Israel se resumia aos falsos profetas. Concluiu que uma vez exterminados, não só a chuva cairia, mas a fome deixaria de assolar a nação, o pasto ressurgiria para alimentar o gado; lagos, córregos e rios alegrariam o povo em abundância de água. Que mais a realeza e a multidão queriam? Mas, o seu prognóstico foi uma decepção; por isso, caiu em depressão. Elias caiu em depressão por se achar um fracassado em sua missão espiritual para com o povo e, sobretudo com Acabe e Jezabel. As bênçãos materiais, Deus tinha derramado; mas as espirituais, como a salvação e a mudança de atitude da realeza para com Ele mesmo e seu povo, o Senhor não realizara. Isso foi o bastante para o mundo de Elias ruir. Disse o profeta: “Basta; toma agora a minha alma, não sou melhor do que meus pais” (1Reis 19:4). Elias não teve poder de reação para lidar com o ocorrido. É um perigo quando objetivamos algo e em prol deste algo empenhamos toda a nossa força sem lograr êxito. Elias se sentiu assim. Julgou que seu esforço foi em vão porque Deus não agiu na realeza de Israel conforme seu ponto de vista. A vontade do Senhor é soberana!

2. Medo. Quando Elias soube da oposição da realeza ao seu grande feito no Monte Carmelo, a sua reação imediata foi esta: “Temendo, pois, Elias, levantou-se e, para salvar sua vida...”(1Reis 19:3). O profeta valente e ousado agora estava fugindo de medo das ameaças da rainha que poderia lhe tirar a própria vida. Num dado momento, Elias pensou que sua vida dependia da ímpia Jezabel e não de Deus. Por isso, ele temeu e fugiu. Sempre que tiramos nossos olhos de Deus para colocá-los nas circunstâncias adversas afundamos num pântano de desespero.

IV. AS CONSEQUENCIAS DOS CONFLITOS

1. Fuga e isolamento. Fugir é a primeira reação quando nos sentimos incapazes diante do inimigo (1Reis 19:3). Moisés, incompreendido pelos filhos de Israel e procurado por Faraó, fugiu para Midiã (Ex 2:15). Davi tomou a mesma atitude; durante prolongada crise, fugiu para Aquis, rei de Gate, fazendo-se de louco (ler 1Sm 21:10-15).

Elias realizou grandes feitos perante o Senhor: extirpou a idolatria de Israel (1Reis 18:19-40) e fez chover sobre a terra, após um longo período de seca (1Rs 18:41,42; Lc 4:25; Tg 5:17,18). Todavia, isso não impediu que o profeta ficasse apavorado diante das desprezíveis ameaças de Jezabel (1Rs 19:4,9). Então, fugiu! Ele entrou na caverna da solidão quando mais precisava de pessoas à sua volta. A depressão prega esse artefato: quando mais precisamos de companhia queremos nos trancar nos quartos escuros. Elias dispensou o seu moço, quando mais precisava dele. Muitos, por não confiarem plenamente em Deus, usam o sono, o isolamento, o entretenimento, e tantas outras coisas para fugir da realidade. Se você estiver enfrentando um problema difícil, a ponto de desejar esconder-se em uma cisterna (1Sm 13:6), saiba que o Senhor tem um escape para você (Sl 91;Hb 13:5).

2. Autopiedade e desejo de morrer. Depois de percorrer muitos quilômetros, Elias deixou o seu discípulo e se prostrou debaixo de um zimbro de tanta exaustão. Observemos que a Palavra é clara: “e ali deixou o seu moço”(1Rs 19:3). Elias perdeu o ânimo para ensinar o seu discípulo e o amor por si próprio - “Ele, porém, entrou pelo deserto caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais” (1Reis 19:4). Ele perdeu completamente a perspectiva do futuro. Elias pediu para si a morte. Ele julgou que o melhor tempo da sua vida havia ficado no passado e que o futuro só lhe reservava um espectro de desespero. A angústia de Elias lhe trouxe um estado espiritual mórbido. Um anjo lhe acorda com pão e água, ele come e volta a seu estado mórbido anterior: dormir. Se antes uma pequena nuvem era sinal de milagre, agora nem um anjo é capaz de lhe mostrar a vitória (1Reis 19:5,6).

V. O SOCORRO DIVINO

Deus tratou a depressão de Elias através de vários recursos.

1. Deus o tratou por meio da sonoterapia(1Reis 19:5,6)

A depressão deixa a mente agitada. Uma pessoa deprimida fica com o corpo cansado, mas a mente não desliga. Elias precisou dormir e descansar para sair do buraco da depressão. Deus encontrou o seu servo num momento de desmotivação e desespero. A depressão lhe era tão intensa que desejou a morte (1Reis 19:4). E nessa condição sentou-se debaixo de uma árvore e dormiu profundamente. Deus permitiu que o seu servo tivesse um momento de descanso.

2. Deus o tratou por meio da alimentação adequada(1Reis 19:6)

Deus preparou uma refeição para Elias no deserto. Deu-lhe pão e água e ele recobrou suas forças. Uma pessoa deprimida, muitas vezes, sente náuseas do alimento. É preciso fortalecer o corpo no tratamento dessa doença. O Senhor, através de seu anjo, o alimentou e permitiu que repousasse. Não houve nenhuma reprimenda, sermão ou repreensão. Deus providenciou uma refeição de pão quente e água fresca e o deixou descansar. Era preciso recobrar suas forças físicas. Creio que isto é necessário não só no caso de Elias. É preciso repousar, descansar e ter uma alimentação adequada. Podemos prevenir a depressão proporcionando um período de descanso.

3. Deus tratou Elias por meio da mudança de ambiente

Elias precisava de tempo e de um novo ambiente, para considerar sua vida sob um novo ponto de vista. Deus tirou Elias do deserto (1Rs 19:7,8) e levou-o à sua presença, em Horebe. 1Reis 19:9 diz: “Ali entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do Senhor e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?”. O profeta passou uma noite inteira no “aposento” de Deus. Foi o próprio Senhor que o conduziu à sua presença. Os versos 7 e 8 deixam claro isto: “Voltou segunda vez o anjo do senhor, tocou−o e lhe disse: Levanta−te, e come, porque o caminho te será sobremodo longo. Levantou−se, pois, comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus”. Deus estava em silêncio quando Elias estava prostrado no chão pedindo para si a morte. Agora, no monte Horebe é diferente, Deus lhe dirige a palavra: “Que fazes aqui Elias?”. Deus não o condenou por sua atitude. Ao invés disso faz essa pergunta. Deus queria entender. Não que Ele não entendesse, mas queria que o profeta expressasse, verbalizasse o seu problema. Certas vezes precisamos colocar para fora os nossos sentimentos, mas devemos fazê-lo de uma maneira responsável. Deus também fez Elias entender e enfrentar a realidade. Para vencer a depressão é preciso entender e enfrentar a realidade.

Quem não anela ouvir em meio às tempestades a voz inconfundível de Deus? A palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos (Sl 119:105). E mais: “Na tua presença há plenitude de alegria” (Sl 16:11). O profeta deprimido, como qualquer outro crente, precisava da amável e confortadora presença de Deus. Foi somente no trono do Pai que Elias se reencontrou com a verdadeira alegria que a depressão espiritual lhe tirou.

4. Deus o tratou dando-lhe a oportunidade do desabafo

Elias estava dentro da caverna, quando Deus lhe perguntou: “O que fazes aí, Elias?”. Deus, assim, o ordena a sair da caverna para destampar a câmara de horror da alma e espremer o pus da ferida – “Respondeu ele: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos; porque os filhos de Israel deixaram o teu pacto, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu, somente eu, fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem” (1Reis 19:10). O desabafo é uma necessidade vital para a assepsia da alma. Faça o mesmo: conte a Deus, conte a um bom amigo que lhe seja instrumento de Deus.

5. Deus o tratou dando-lhe bem-estar espiritual - Deus se revelou maravilhosamente a Elias

Em 1Reis 19:11 está escrito: “Disse−lhe Deus: Sai, e põe−te neste monte perante o Senhor. Eis que passava o Senhor...” . São poucos os casos bíblicos em que Deus se revela de uma maneira especial para os seus filhos. Abraão foi chamado amigo de Deus (Tg 2:23). Enoque andou com Deus (Gn 5:24). Jó depois da provação, quando perdeu bens, amigos, filhos, saúde, pôde dizer: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso me abomino no pó e na cinza” (Jó 42:5,6). Existe um anelo em todo cristão para contemplar a grandeza do Senhor, à semelhança de Moisés que suplicou a Deus: “Rogo−te que me mostres a tua glória. Respondeu−lhe, o Senhor: Farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o nome do Senhor; terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer” (Êx 33:18,19). É na vontade soberana de Deus que está o segredo de sua manifestação pessoal aos seus. Isto não implica dizer que não devamos pedir e orar pela bênção. Devemos sim, buscar acima de tudo o Deus da bênção e não meramente a bênção como é corrente nos dias de hoje! Elias, assim como os outros, foi agraciado por Deus com sua maravilhosa manifestação.

Em 1Reis 19:11, Deus não estava num grande e forte vento; muito menos no terremoto. Em 1Reis 19:12, o Senhor não estava no fogo, mas numa brisa suave e tranquila. À suave manifestação de Deus, Elias “envolveu o rosto no seu manto...” (1Rs 19:13). O profeta sentiu o marcante poder santificador e renovador do Senhor. Não há depressão espiritual que resista ao tratamento do Médico dos médicos. É Ele quem unicamente amassa o barro porque Ele é o oleiro!

6. Deus deu uma lição no profeta Elias

Em 1Reis 19:18 Deus fala assim: “Também conservei em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou”. Deus é o mestre por excelência. Ele ensinou ao rebelde e insensível profeta Jonas o valor do verdadeiro amor ao próximo através da morte de uma simples planta (Jn 4:6−11). O salmista aprendeu o valor da disciplina divina, pois escreveu: “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra. Bem sei, ó Senhor, que os teus juízos são justos, e que com fidelidade me afligiste” (Sl 119:67,75). Elias experimentou a correção celestial em sua vida, mas antes disto se estribou em sua fidelidade a Deus para reclamar sua proteção. Em 1Reis 19:14 ele repete com mais intensidade o que falara no versículo 11: “Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar−me a vida”. Não é correto quando temos a oportunidade de ficar frente a frente com o Altíssimo e ficamos querendo nos justificar, com autocomiseração, se fazendo de vítima, tentando convencer a Deus de nosso extremo zelo (1Reis 19:14). Deus não nos mandou ser extremamente zeloso, mas sim zeloso apenas. Todo extremo é perigoso.

O profeta ouviu do próprio Deus: “Também conservei em Israel”, Elias, “sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou” (1Rs 19:18). Deus mostra-nos nosso equívoco: tem mais gente passando pelo que estamos passando - Sete mil joelhos que não se dobraram a Baal. Elias estava se achando o último dos profetas. Talvez imaginasse que nele se resumisse a esperança de Israel. Elias aprendeu que Deus é Deus. Que lição!

7. Deus renovou a vocação profética de Elias

1Reis 18:15,16 evidencia isto: “Então o Senhor lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco; quando lá chegares, ungirás a Hazael para ser rei sobre a Síria. E a Jeú, filho de Ninsi, ungirás para ser rei sobre Israel; bem como a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás para ser profeta em teu lugar” (1Reis 19:15,16).

Uma vez revigorado, Elias, o tesbita, tinha que ungir Hazael como rei da Síria; Jeú como rei de Israel; e a tarefa mais difícil, que era ungir a Eliseu como profeta em seu lugar. Elias tinha agora que passar o cajado. Talvez não imaginasse que este dia chegasse nestas circunstâncias. Contudo, tinha sido renovado para tal missão! Já que pediu a morte, Deus prepara seu sucessor na sua “barba”. Sempre precisaremos do renovo de Deus em nossas vidas. Grandes homens de Deus precisaram! Elias necessitou! Portanto, busquemos o trono da graça do Senhor, pois de lá, somente de lá vem o reavivamento que nos curará de toda depressão espiritual.

8. Deus providenciou um amigo próximo (1Reis 19:19-21)

É interessante observar que Deus não lhe deu apenas um sucessor, mas alguém que o amava e o compreendia suficientemente bem para servi-lo e encorajá-lo. Todos nós precisamos de outros cristãos em nossa vida para nos ajudar e encorajar. É por isso que Deus estabeleceu a igreja, para vivermos em comunhão, em amizade e em encorajamento mútuo.

CONCLUSÃO

Como Elias, podemos estar sujeitos às mesmas situações. Há crentes que passam por momentos de depressão, perdem o ânimo e acreditam que Deus sequer está ao lado deles. Mas veja o que aconteceu com Elias. Deus o socorreu e o alimentou de forma sobrenatural, convidou-o para uma caminhada, para mais perto de si, e mostrou quem seria o seu substituto no Reino do Norte. Mesmo em momentos de depressão, os servos de Deus podem contar com o seu cuidado proteção e orientação. Deus não só habita no alto e santo lugar, mas também com o contrito e quebrantado de coração (Is 57:15). Jeová jamais deixaria seus filhos sozinhos, no quarto escuro e solitário da depressão espiritual. O hino 193 da harpa cristã traz a confiança inabalável em Deus oriunda do usufruto de Sua presença apesar da depressão: “Ele intercede por ti, minh’alma; Espera Nele, com fé e calma; Jesus de todos teus males salva, E te abençoa dos altos céus”.


Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.
A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.
Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.
Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.


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