sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DESPREPARO TEOLÓGICO ENVERGONHA O NOME DE CRISTO





Vi em algum blog, que não consigo me lembrar, uma chamada sobre um texto que está no site da Igreja Mundial do Poder de Deus, veja aqui , o “apóstolo” Valdemiro afirmando que o Senhor Jesus não foi sempre eterno com o Pai. Depois de quase 1700 anos em que essa heresia foi rejeitada pela igreja no Concílio de Niceia (325 A.D), ressurge através de uma pessoa com alto poder de mídia. Sabemos que as Testemunhas de Jeová também creem assim, mas eles não são considerados pelos teólogos como cristãos. Qualquer livro sobre heresiologia os descrevem como hereges ou uma crença que fere os fundamentos do cristianismo. O desprezo pela história e teologia traz suas consequências funestas. Qualquer estudante mediano que estudou teologia não cairia em um erro tão grotesco como este. As heresias se repetem e quase nunca são criadas ou são novas. Mas o que esperar de alguém que passou longe dessas praticas sadias, estudar e meditar? Nada que advêm de uma mente despreparada poderia nos estarrecer ou espantar. Assim, infelizmente, precisamos entender como algo normal tais absurdos.
Durante os primeiros 450 anos de história da igreja, esta lutou ferrenhamente para sustentar e definir doutrinas que o Evangelho de Cristo exarava. Grandes homens de Deus com mentes brilhantes se debruçaram sobre a Palavra e buscaram ajuda em outras áreas do conhecimento para defender a pureza do Evangelho contra os ataques de ensinos heréticos que vinham de dentro da própria igreja. Quando a igreja começava a respirar paz, após um período de quase 220 anos de perseguição, apareceu um bispo chamado Ário que ensina exatamente a mesma doutrina que repete o site da igreja atual. Por essa causa foi convocado o 1º. Concílio Universal da cristandade para tratar do assunto. 318 bispos compareceram e rebateram tal ensino com veemência. Este concílio teve como seu campeão Atanásio que tinha aproximadamente 24 anos de idade. 
Hoje vemos um distanciamento no meio da cristandade entre crer e saber. Para os primeiros cristãos era importante tanto a fé como seu embasamento cognitivo. Não aceitavam nada que não estivesse amparado por um ensino correto. Hoje em dia os cristãos confundem salvação com perdão de pecados e não importam se a doutrina por trás esteja errada. Assim procedendo, fazem ressurgir a Hidra de Lerna, (um monstro mitológico que possuía nove cabeças e que foi derrotado por Hércules). Na mitologia o cheiro que saia da boca da Hidra matava quem se aproximava. Quando dissociamos salvação do seu conteúdo geramos uma Hidra gospel, monstro que pelo seu hálito mata. Afirmações como estas contidas no site matam. Destroem a base da Trindade, de Deus como Deus e da nossa salvação.
Vejamos algumas ponderações sobre o equívoco encontrado no site de tal igreja:
1. Se o Senhor Jesus não foi sempiterno com o Pai isso leva à conclusão que a Trindade não existiu e não existe. Porque a Trindade implica que Pai, Filho e Espírito Santo sempre existiram e se inter-relacionavam. A Trindade implica em igualdade entre as pessoas nas quais Deus se manifesta. Se a Trindade não existiu ou existe o Pai é o ser mais frustrado do Universo porque não consegue expressar e receber seu amor, pois, criatura alguma consegue responder ao amor de Deus na magnitude que ele se expressa. Deus seria o maior solitário do Universo e isto desde o princípio. Assim sendo, um dos pilares do cristianismo deixa de existir afetando profundamente a eclesiologia dos cristãos. Se o Senhor Jesus não foi sempiterno com o Pai não podemos batizar as pessoas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme reza a formula trinitária do batismo cristão praticada a mais de 2000 anos, porque estaríamos batizando em nome de Deus criador e de uma criatura, o que seria um absurdo. Também não podemos terminar nossos cultos com a benção apostólica que esta em II Cor. 13:14 “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém”, pois, cairíamos no mesmo erro do batismo. Assim sendo, precisamos rejeitar este ensino herético do “apóstolo”.
2. Se o Senhor Jesus não foi sempiterno com o Pai isso leva à conclusão que Deus o Pai não é Deus e nunca foi. Se Deus não foi sempiterno com o Filho implica que houve um tempo que ele passou a ser Pai, o que nos leva à conclusão que Deus mudou em seu ser, o que é algo impossível. Deus não pode mudar e não muda, por isso, Ele sempre foi eterno com o Filho e o Espírito Santo. Mas para o tal apóstolo o ser eterno de Cristo é igual o ser eterno do homem, ou seja, o homem passou a ter existência e esta é eterna. O homem passar a ter existência implica que ele nunca foi eterno como Filho, pois, este é Deus com Deus conforme Jo. 1:1 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Esta heresia do “apóstolo” destrói a própria base de suas pregações, pois prega sobre uma criatura e não sobre Deus. Os milagres que ocorrem em seus cultos são ocasionados por um deus mutante que se sofreu uma mudança ao se tornar pai poderá sofrer novas mudanças futuramente ou as vem sofrendo constantemente. Precisamos rejeitar esta heresia do ”apóstolo”.
3. Se o Senhor Jesus não foi sempiterno com o Pai isso leva à conclusão que a nossa salvação nunca foi realizada e que a cruz foi uma farsa completa. Ao negar que o Filho é sempiterno com o Pai o “apóstolo” está dizendo que a salvação foi realizada por uma criatura e não pelo Filho de Deus. Assim sendo, ela nunca existiu e o que os apóstolos do Novo Testamento pregaram foi mentira e engano. A salvação precisava e tinha que ter sido realizada pelo Filho de Deus, pois somente Ele poderia satisfazer a justiça do Pai e pagar o preço eterno para o Deus eterno. O pecado de Adão não foi contra uma criatura grandiosa, mas contra o eterno Deus, assim sendo, somente um sacrifício eterno satisfaria a Deus Pai. Quando aceitamos a heresia que o filho nunca foi sempiterno com o Pai estamos dizendo que uma criatura esplendorosa realizou aquilo que somente o Verbo poderia ter feito. Assim sendo, continuamos em nossos pecados, somos os mais miseráveis dos homens e a nossa sorte em nada difere daqueles que não creem em Deus e vivem para si mesmos.


Poderia discorrer em mais um cem números de argumentos contra este ensino perverso e ridículo, mas deixo para outros essa tarefa. Enquanto acharmos normais tais aberrações estaremos roubando da igreja sua pujança e seriedade e permitiremos que suas doutrinas sejam seus maiores pontos fracos. 
O despreparo teológico envergonha o nome de Cristo, ridiculariza a igreja e a faz ser irrelevante para a sociedade. Precisamos ser mais exigentes com a formação de nossas lideranças e isso deve ocorrer rapidamente. Que possamos viver vibrantemente o que o apóstolo Judas nos ensinou em sua carta ver. 3 “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos”.


Soli Deo Gloria


Pr. Luiz Fernando R. de Souza

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