É de grande relevância destacar os três tipos de doutrinas que a Bíblia relata. A partir deste conhecimento, estaremos apto para discernir entre a verdadeira doutrina e a falsa doutrina.
- I. DEFINIÇÃO
A palavra doutrina vem do latim doctrina, que significa “ensino”. Pode ser qualquer tipo de ensino ou doutrina especifico. Segundo o dicionário Aurélio, “doutrina é o conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso”. No Antigo Testamento, a palavra doutrina ocorre como tradução do hebraico Ieqah, que significa “o que é recebido” (Dt 32.2; Jo 11.4; Pv 4.2; e Is 29.24). No Novo Testamento temos dois termos da língua grega representam a palavra doutrina. Um termo éDidaskalia e o outro, didachê. Ambos os termos refere-se ao ensino como instrução dada àqueles que recebiam de bom grado a mensagem do cristianismo (Mt 7.28; Jo 7.16-17).
Doutrina é um ensino da Bíblia normativo, terminante, final, derivado totalmente e exclusivamente das Sagradas Escrituras, como regra de fé em Deus e de prática de vida cristã e de ministério para a Igreja de Deus.
No NT, alguém que ensina a respeito das coisas de Deus, e dos deveres do homem; como os mestres da religião judaica, que pelo seu imenso poder como mestres atraem multidões, como João Batista (1ª Tm 4.6; 1ª Tm 4.16; 1ª Tm 6.1; Tt 2:1;Tt 2:10).
Jesus, pela sua autoridade, refere-se a si mesmo como aquele que mostrou aos homens o caminho da salvação e como os apóstolos e Paulo, que, nas assembléias religiosas dos cristãos, encarregavam-se de ensinar, assistidos pelo Santo Espírito contra os falsos mestres entre os cristãos.
O sentido teológico. A palavra teologia deriva-se dois substantivo:
Teo = Deus e logia
“Logia” = estudo ou tratado – significa estudo de Deus.
Embora não estudamos Deus por ser Ele o autor da Santas Escrituras, porém aprendemos através Dele as Escrituras Sagradas.
O sentido teológico é a mesma palavra usada pelos apóstolos em Atos 2.42, que parece ser uma indicação das crenças dos apóstolos. A segunda tem o mesmo sentido e aparece em Mateus 15.9 e Marcos 7.7. É, portanto, nas espistolas pastorais que elas aparecem com o sentido mais rígido de crença ou corpo doutrinal da igreja – a Teologia propriamente dita.
- II. DOUTRINA BÍBLICA
A doutrina bíblica são ensinamentos de Deus portanto elas não mudam, mas permanecem para sempre, ou seja, elas são imutáveis.
Queremos identificar ao leitor da Bíblia as diferenças, que uma vez que muitos cristãos (inclusive líderes) confundem doutrina da Bíblia com doutrina dos homens.
Há pelo menos três formas de doutrinas. Uma é sublime e santa. Duas perniciosas e deletérias.
Doutrina de Deus (Pv 4.2; Mt 7.28; Lc 4.32; Jo 7.16; At 2.41-42; At 13.12; 1.42; Tt 2.1, 10). Doutrina de homens (Jr 23.16; Mt 15.9, 16; 16.12; Cl 2.22; Tt 1.4). Doutrina de demônios (1ª Co 12.13; 1ª Tm 4.1).
A primeira é boa, as duas últimas danosas. É preciso distinguir a primeira das duas últimas. Caso contrário, os prejuízos podem ser fatais. O contraste entre a verdade e a mentira é mais nítido do que o contraste entre a verdade e a falsidade.
Há, pois, demônios cuja atividade não é espalhar violência e outros males ostensivos, mas ocupar-se com o ensino maléfico, falso, errôneo e enganoso.
Religiões e seitas pagãs podem ser analisas facilmente. Contudo, uma religião ou uma seita que se apresenta como cristã, mas têm doutrinas contrárias às Escrituras, merecem toda a nossa atenção. Por isso devemos conhecer os meios adequados da adição subtração, divisão e multiplicação para se identificar uma seita e um falso ensinador.
A dificuldade para entender o que é doutrina é proveniente da imaturidade espiritual do cristão e de sua vivencia espiritual superficial. A muitos líderes que confundem doutrina bíblica com praticas, tradições e usos e costumes humanos.
Muitos líderes não conseguem se aprofundar no estudo e compreensão das doutrinas do Santo Livro de Deus porque estudam-no sem organização, método, ordem, seqüência, propósito, interesse, ou muita atenção. A admoestação bíblica em 2ª Timóteo 2.15 é “que maneja bem a palavra da verdade”.
Há pelo menos três diferenças básicas entre doutrina bíblica e costume puramente humano. Há costumes bons e maus. A doutrina bíblica conduz a bons costumes.
à Quanto à origem.
- A doutrina é divina
- O costume é humano.
à Quanto ao alcance.
- A doutrina é geral
- O costume é local
à Quanto ao tempo.
- A doutrina é imutável.
- O costume é temporário.
- III. A CLASSIFICAÇÃO DAS DOUTRINAS DA BÍBLIA
“Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito, não lançando, de novo, a base do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus, o ensino de batismos e da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno” (Hb 6.1-2).
Para fins de estudo, todas as doutrinas da bíblia podem situar-se em três grandes grupos ou classes de assuntos doutrinários, a saber:
Doutrina da Salvação.
Doutrina da Fé Cristã.
Doutrina das coisas futuras, ou do porvir.
O estudo doutrinário da Bíblia deve ser feito pelo crente, na seqüência de assuntos acima indicado.
Vejamos a seguir listagem das principais doutrinas da Bíblia:
à Doutrinas da Salvação: A doutrina da graça de Deus, expiação pelo sangue, a propiciação pelo sangue, a justificação, pela fé e a regeneração pelo Espírito Santo; da justificação, da regeneração, do arrependimento e da confissão de pecados, do batismo em águas, santificação, da eleição e predestinação dos salvos, doutrina do evangelismo, missões e discipulado cristão.
à Doutrinas da fé cristã: Doutrina trindade; Pai, Filho e Espírito Santo; da fé, da criação de todas as coisas, dos anjos, bons e maus, do homem, doutrina da família, da consciência como faculdade humana, da lei e da graça, da igreja, oração e do jejum, do louvor e da adoração, dos ministérios dos dons espirituais, do fruto do Espírito, do perdão, da santa ceia do Senhor, do testemunho do crente (o cristão falando de cristo de sua vida); da contribuição financeira, das duas naturezas do cristão, do sofrimento do cristão nesta vida, do cristão como cidadão do céu, da ação social da igreja, da divindade de Cristo, etc...
à Doutrina do Porvir: Doutrina do estado intermediário dos mortos, da ressurreição dos justos e dos injustos, dos juízos (julgamento), da grande tribulação que há de vir sobre o mundo, do anticristo, da vida de cristo, do reino milenar de cristo neste mundo, do céu para os salvos e do inferno para os perdidos, do conhecimento dos salvos na outra vida, do perfeito estado eterno (eternidade), da dispensações e alianças da Bíblia.
- IV. QUAL A CONTRIBUIÇÃO DA DOUTRINA?
- 1. Ortodoxia versus heresias.
“Ortodoxia deriva do vocábulo “ortodoxo”, palavra grega que significa “opinião correta” ou “doutrina correta”, é a doutrina conservadora. No nosso contexto ela diz respeito aos cristãos conservadores. Fugir à ortodoxia pode significar aberração doutrinária ou até mesmo heresias.
- 2. Manter a pureza do Evangelho.
“A doutrina é de especial importância, porque a proclamação certa do Evangelho da salvação depende do entendimento exato do que é o Evangelho, do que é a salvação, e de como se recebe a salvação (Gl 1.6-9). O nosso futuro eterno depende da pregação ortodoxa do evangelho. A Igreja inteira deve ter o cuidado de proclamar fielmente o verdadeiro Evangelho, e todos os cristão devem saber a verdade do evangelho e interressar-se pelo assunto” [SOARES. P.23].
- 3. Defesa da fé cristão.
Defesa da fé fé do do termo “apologia” e é traduzido para o português como “responder” ou “defesa” e é usado oito vezes no Novo Testamento: 1ª Pd 3.15, At 22.1; 22.16, 1ª Co 9.3, 2ª Co 7.11, Fp 1.7;1.16, 2ª Tm 4.16.
Esta palavra sugere a idéia de “defesa de um procedimento, conduta ou crença”.
“Santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações, estando sempre preparados para responder (fazer uma defesa) a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor...” (1ª Pd 3.15).
“... estando sempre preparados...” Vossos perseguidores vos lançarão no ridículo. Eles vos farão perguntas zombeteiras sobre a vossa fé, que eles consideram uma inútil e invencível superstição. Sereis convocados a apresentar vossa “apologia”. Tereis de fazer a “defesa” da vossa fé. Deveis ser capazes de expor uma resposta racional e inteligente, fortalecida pela confiança e pela alegria espirituais. É óbvio que qualquer crente capaz de tanto deve, primeiramente, ser versado em sua fé, intelectualmente falando, e, em seguida, deve possuir poderosa experiência espiritual. Antes de tudo, deve estar seguro de sua própria fé, do valor da mesma, pois, de outro modo, nunca poderá “defendê-la” como deve.
FONTE DE PESQUISA:
ANTÔNIO GILBERTO, Dificuldade e doutrina bíblica Mensageiro da Paz Janeiro, ano 73, nº 1.424, Janeiro de 2004, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
Nenhum comentário:
Postar um comentário