quinta-feira, 19 de julho de 2012

Segurança, Liberdade e Realização


Conceitos naturalmente opostos que precisam ser harmonizados e equilibrados.

A palavra segurança tem dois sentidos e ambos ocorrem simultaneamente na prática. Estar seguro significa estar protegido e preso. O cinto de segurança dos automóveis ilustra bem o conceito. O guarda também protege e prende. Quem está cercado por seguranças, tem pouca liberdade. Por conseguinte, segurança e liberdade são quase antônimos perfeitos. O nível de um será inversamente proporcional ao do outro. Quanto mais segurança tivermos, menos liberdade teremos, e vice-versa. Um conceito representa o preço que se paga pelo outro.

Regras se prestam à segurança, mas restringem a liberdade. Motocicleta é símbolo de liberdade, mas se caracteriza pela insegurança.

Não é possível que se tenha segurança e liberdade absolutas, muito menos simultâneas.

As transições estão relacionadas à mobilidade e à liberdade, mas trazem insegurança. Por esta cauda, as mudanças encontram resistência.

Um emprego oferece alguma segurança acompanhada de muitas regras que limitam a liberdade e os ganhos individuais. O empresário, por sua vez, tem muita liberdade e maiores ganhos, acompanhados por muitos riscos e insegurança.

O casamento oferece segurança em alguns aspectos e reduz a liberdade pessoal dos cônjuges, mas quem opta por conservar a liberdade da vida de solteiro, associada à liberdade sexual, assume os riscos da solidão, das doenças venéreas e do sentimento de incompletude.

Segurança é algo bom e necessário, mas, em excesso, causa inutilidade das coisas e dos seres.

Um pássaro sozinho numa gaiola dentro de casa está bem seguro, mas tem pouca utilidade e nenhuma liberdade.

Quem quiser segurança total, ou a máxima possível, abdicará de sua liberdade, tornando sua vida inútil e desprovida de realizações.

Um carro desligado e trancado numa garagem pode estar bem seguro. Tal condição também garante sua inutilidade durante o mesmo período.

Algumas situações de segurança são necessárias durante o tempo apropriado. Depois, podem configurar comodismo e inutilidade. Exemplos: filhos na casa dos pais e o navio no cais.

A liberdade é boa, mas não devemos ser mais livres do que convém: sem líder, sem limites e sem lei. Muitos clamam legitimamente por liberdade porque estão presos e escravizados; outros o fazem porque desejam ser livres para errar. Assim, abrem mão de sua segurança para o seu próprio dano e o de outras pessoas.

Quem quiser ser totalmente livre assumirá riscos cada vez maiores, variados e frequentes.

Viver é Arriscado
O que fazer? Precisamos de um equilíbrio consciente entre liberdade e segurança, buscando ambos dentro de patamares razoáveis, respeitando a ética, os compromissos, valores e princípios cristãos. A responsabilidade estabelece o equilíbrio.

Acelerador é liberdade. Freio é segurança. Precisamos ter os dois e, principalmente, saber quando e como utilizá-los. Durante a noite, priorizamos a segurança. Durante o dia, a liberdade.

Aqueles que esperam 100% de segurança para darem um passo na vida nunca sairão do lugar. Nunca crescerão por iniciativa própria. Assim, evitam o crescimento profissional, não se casam nem assumem o ministério. Anulam suas vidas.

Viver é arriscado. Precisamos correr riscos, mas não qualquer risco. Buscando um pouco mais de liberdade, abrimos mão de alguns aspectos da segurança. A incerteza que o processo traz pode e precisa ser controlada pelo conhecimento adquirido, que possibilitará o domínio da ação pretendida.

Para nossa segurança, precisamos de portas, mas devemos abri-las, no tempo certo, para vivermos nossa liberdade. Como temos vivido? Fechados para o mundo e para as pessoas à nossa volta? (Jz.18.7). Também não podemos viver abertos a tudo e a todos, receptivos a todas as ofertas e situações que surgem.

Seguros na Obediência
Queremos que Deus nos proteja, mas desejamos ser totalmente livres, andando por caminhos que nos pareçam bons. Contudo, a proteção divina está condicionada à nossa obediência (Dt.28.58,66; Pv.1.33). A suposta liberdade do rebelde é libertinagem (Gal.5.13; IPd.2.16).

Mesmo seguros na obediência, não anulamos nossa liberdade. Aí reside o risco natural da vida. No exercício da nossa vontade, do livre-arbítrio, poderemos sofrer algum dano. Não vamos colocar a culpa em Deus, como muitos fazem. Por quê Deus permitiu isso? Deus só não permitiria, se tirasse nossa liberdade.

Segurança X Fé
Nosso relacionamento com Deus pode exigir algumas decisões que parecem loucura aos olhos humanos pelo fato de serem contrárias aos padrões mundanos. Aceitar os desafios de Deus para nós pode parecer muito arriscado.

Imagine os riscos que Abraão assumiu quando resolveu sair de Ur dos Caldeus em obediência à ordem de Deus. Ele precisou abrir mão do conforto e da segurança de sua cidade. Isto só foi possível pela fé. O Senhor nos oferece garantias, mas não um caminho isento de percalços.

Podemos comparar o velho rico, Abraão, com o jovem rico mencionado no Novo Testamento (Mt.19.16). Ambos receberam propostas do Senhor que poderiam parecer muito arriscadas. O jovem rico preferiu a aparente segurança das riquezas e ficou preso por elas, perdendo a oportunidade das grandes realizações que teria com Cristo.

A primeira parte da nossa vida, a infância, é o tempo de aprendermos os limites, as regras, submetendo-nos à máxima segurança possível. A idade adulta é tempo de romper alguns limites, com responsabilidade, procurando alcançar e realizar os nossos sonhos e, sobretudo, o propósito para o qual existimos. Saia do cais e ganhe o mar, antes que seja tarde.


Autor: Pr Anísio Renato de Andrade 

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