Deleitar-me-ei em teus mandamentos, os
quais eu amo.
Salmos 119.47
Em
companhia da liberdade e da coragem vem o deleite. Quando tivermos cumprido
nosso dever, acharemos uma grande recompensa nele. Se Davi não houvera falado
por seu Senhor diante dos reis, teria tido medo de meditar na lei que
negligenciara; mas depois de falar por seu Senhor ele sentia a suave serenidade
de coração, quando pondera sobre a Palavra.
Obedeça
ao manda¬mento, e então você o amará; suporte o jugo, e ele será suave e o
descanso procederá dele. Depois de falar da lei, o salmista não se cansava de
seu tema, mas retirou-se para meditar nele. Depois de discursar, ele se
deleitava; depois de pregar, ele recorria a seu estudo para renovar sua força,
nutrindo-se uma vez mais da preciosa verdade. Quer deleitasse outros quer não,
quando falava, nunca deixava de deleitar-se enquanto ponderava sobre a Palavra
do Senhor.
Ele
declara que amava os mandamentos do Senhor; e através de sua confissão ele
revelava a razão de deleitar-se neles — onde nosso amor está, aí está nosso
deleite. Davi não se deleitava nas cortes dos reis, pois ali encontrava
ocasiões de tentação para envergonhar-se; nas Escrituras, porém, era como estar
em casa; seu coração estava nelas, elas eram seu supremo prazer. Não
sur¬preende que falasse de guardar a lei, a qual amava. Disse Jesus:
"Se
alguém me ama, guardará minhas palavras." Não surpreende que falasse de
andar em liberdade e falar ousadamente, pois o genuíno amor é sempre livre e
destemido. O amor é o cumprimento da lei; onde o amor pela lei de Deus reina no
coração, a vida se enche de bem-aventurança. Senhor, que tuas misericórdias nos
encontrem, para que possamos amar tua Palavra e teu caminho, e para que
encontremos neles todo nosso deleite.
O
versículo está no tempo futuro, e daí ele expressa, não só o que Davi fizera,
mas o que ele pretendia fazer; ele queria oportunamente deleitar-se nos
mandamentos de seu Senhor. Ele sabia que eles não podem ser alterados, nem
deixar de produzir nele alegria. Ele sabia também que a graça o guardaria na
mesma condição de seu coração amar os preceitos do Senhor, de modo que, ao
longo de toda sua vida, desfrutaria de supremo deleite na santidade. Seu
coração estava tão fixo no amor para com a vontade de Deus, que tinha certeza
de que a graça sempre o sustentaria sob sua deleitosa influência.
Todo
o Salmo é uma constante expressão de amor pela Palavra; aqui, porém, pela
primeira vez, ele é verbalmente expresso. Ele aqui se acha associado ao deleite;
e no versículo 165, à "grande paz". Todos os versículos em que o amor
se expressa em tantas palavras são dignos de nota. Veja os versículos 47, 97,
113", 119, 127, 140, 159, 163, 167.
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