quarta-feira, 28 de março de 2012

Tolerando os Intolerantes!

Tolerando os Intolerantes!:


Quando amanheci hoje, abri o facebook paraver as postagens... Aquilo lá cada dia se parece mais com um lixão, ou seja,você tem de vasculhar em meio a muita coisa estragada para ver se encontra algoque se aproveite.

Entre as “pérolas” disponíveis, viuma discussão entre católicos e protestantes a respeito da foto acima. Elahavia sido postada por um bispo anglicano que aqui não cito o nome por não terlhe pedido autorização.

Para quem não sabe – e tenho certeza de quemuitas não sabem – nem quem é um e nem quem é o outro, o da esquerda é RowanWilliams, arcebispo de Cantuária, líder máximo da Igreja Anglicana. O da direitaé Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, líder máximo da Igreja Católica Romana.

Feitas as devidas apresentações, sigamos...Na discussão que se instaurou no facebook sobre a dita foto, “protestantes”atacavam ferozmente uma fiel católica que se alegrava com o fato de seu líderespiritual vir ao Brasil em 2013. Apenas isso foi motivo para toda sorte deacusações, intolerâncias e impropérios. Um deles, inclusive, citou que o Papaera a besta, e ainda teve o despautério de dizer que isto estava nasEscrituras! Volta logo Jesus!

Já há muito fujo deste tipo de “debate” inútil,pois lembro-me de Paulo aconselhando seu filho na fé Tito, dizendo-o para fugirde tais conversações. Mas a coisa me pareceu ser tão absurda que eu nãosuportei. Entrei no “jogo”, na “briga”!

Coloquei em meu comentário algumas palavraschamando os “irmãos” à reflexão de suas posturas discriminatórios, da falta derespeito pela fé do outro, da falta de tolerância e amor. Lembrei questões históricasjá superadas e que devemos nos ater àquilo que nos une, e não ao que nos divideainda mais. Tudo em vão... Acoisa só piorou! Aqui também não alimento grandes esperanças... Talvez unspoucos “lúcidos” entenderão estas linhas. A grande maioria vai “passar o rodo”.Fazer o quê? Talvez, lembrar de Victor Hugo:
“a tolerância é a melhor das religiões”.

“Ao ouvir isso, Jesus admirou-se e disseaos que o seguiam: "Digo-lhes a verdade: Não encontrei em Israel ninguémcom tamanha fé. Mt. 8:10. “Jesus respondeu: "Mulher, grande é a sua fé!Seja conforme você deseja". E naquele mesmo instante a sua filha foicurada”. Mt. 15:28.

Eu poderia ter trazido uma infinidade detextos que quebram estes paradigmas de se reivindicar para si o “DNA” do sagrado,a ilusão de que Deus faz acepção de pessoas, a pretensão de muitos em achar queestão salvos por causa de sua religião, seus dogmas, confissões, ritos, doutrinas,e não por causa do Sangue de Jesus e de Seu sacrifício eterno! Bem escreveu ArturoGraf: “são pouquíssimos os homens capazes de tolerar, nos outros, os defeitosque eles próprios possuem”.

Mas estes dois me bastam, ainda que saibaque não bastará a grande maioria... Nas duas passagens citadas, a maior féencontrada em Israel não era de um hebreu, de um fariseu ou escriba, nem de ummembro da confraria do sinédrio, nem mesmo do sumo-sacerdote! Era a fé dos “expurgado”!No primeiro caso, de um homem que está para além dos muros da religião, umsoldado romano que nada conhecia das tradições judaicas. Sim, a este “ser” queparece excluído das “rotinas” da religião, Jesus atribuiu a maior fé que Ele,até então, havia visto! Absurdo!

No outro texto, eis uma mulher samaritana. Ora,o fato de ser mulher e, desgraçadamente, samaritana, já a tornava “excremento”social, era a imundice encarnada para um judeu. Espiritualmente, ela estavatotalmente exilada de toda possibilidade de misericórdia, fora consideradaimpermeável a Graça. Mas Jesus – palavras minhas – disse: “tô nem aí!”, e lheatribuiu grande fé. Por causa dela, inclusive, sua filha foi curada!

A intolerância religiosa não é algo novo,nem se restringe a milenar disputa entre católicos e protestantes. É próprio dareligião produzir nas pessoas este tipo de sentimento, ao contrário do queacontece no Evangelho, onde o “espírito” é de outra natureza, pois a prostituafoi despedida em paz – “vai e não peques mais” – e o “jovem rico”, que cumpriatoda a lei e era observador dos ditames da “constituição” divina, voltou paracasa entristecido e esvaziado de sentidos e significados para a vida.

Quanta arrogância e intolerância vejo entreos “protestantes”! Para estes o exemplo dos judeus não foi suficiente. Eles,que se achavam o povo escolhido, foram desprezados e colocados “do lado de fora”até que possam aprender o que significa: “misericórdia quero, e não holocaustos”!Como então podes tu, que eras “oliveira brava”, e fostes enxertado na “Videira”,não ter temor e tremor por tua salvação, sabendo que eras “povo de Zebulon eNaftali”, da “galiléia dos gentios”, e só vistes resplandecer em ti a “Luz”porque a Graça vazou pelas frestas da tumba da religião em tua direção?!

Como pode, no século XXI, depois de tantosexemplos do que a religião já produziu em termos de intolerância, mortes, genocídios,torturas, perseguições, injustiças, a humanidade ainda alimentar taissentimentos e pensamentos? Quem és tu para julgar o teu irmão? Quem te deu aautoridade para legislar na Terra quem ao céu irá? Quem disse a ti que tuareligião é o cartório do Altíssimo, que autentica no chão empoeirado da existênciacaída aqueles que serão chamados a festa do perdão?

Vai ter com Melquisedeque, sacerdote de salém,que não tinha “heranças espirituais”, nem “genealogias sagradas”, que saiu do “nada”e para o “nada” voltou, mas Abraão, o Pai da fé, lhe deu o dízimo e lhereconheceu como sendo enviado por aquEle que demonstra ter misericórdia porquem lhe aprouver! Se em teu coração ainda alimentas tais preconceitos ediscriminações, deixo-te esta preciosa reflexão: “por que ser desagradávelquando, com um pequeno esforço, você pode ser intolerável?”. Fran Lebowitz.  

E no mais, ninguém me “moleste”, pois eu játrago na consciência e no coração as “marcas” do Evangelho de Jesus de Nazaré,amigo de publicanos e pecadores!

Carlos Moreira

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