sexta-feira, 30 de março de 2012

O que o Apocalipse não é?


Não confunda o profeta João com o lunático Nostradamus!
Por Gutierres Fernandes Siqueira


Neste segundo trimestre de 2012 estudaremos, nas escolas dominicais de confissão assembleiana, o último livro da Bíblia: o Apocalipse de João.

Estudar o livro das revelações será uma rica oportunidade para apresentar o que o Apocalipse não é. Infelizmente, a Igreja Evangélica Brasileira está contaminada por uma escatologia de matriz popular e espetacular sem a devida reflexão bíblica e desprovida de uma exegese bem trabalhada.

O que o Apocalipse não é?

1. O Apocalipse não é Cabala. O livro não pode ser interpretado como um manual de códigos misteriosos que precisam de uma intuição apurada para abraçar verdades ocultas. O Apocalipse não é “uma tabela de enigmas matemáticos ou um almanaque astrológico divinamente inspirado” [1]. A simbologia do Apocalipse não é de fácil interpretação, mas como lembrava o teólogo F. F. Bruce: “mesmo que em alguns aspectos tenhamos perdido totalmente a chave para a compreensão do texto, as linhas gerais da mensagem são suficientemente claras” [2]. A dificuldade em analisar símbolos, imagens e figuras não justifica nenhuma interpretação exótica e rica em criatividade ficcional.

2. O Apocalipse não é numerologia. As análises dos números no Apocalipse certamente são parte importante da interpretação dos símbolos e figuras. Mas é certamente temoroso qualquer espiritualização dos números classificando-os como divinos. A tendência supersticiosa é forte na numerologia.

3. O Apocalipse não é um livro aterrorizante. A revelação bíblica não é baixa literatura de terror. Quantos dizem ter medo de ler o último livro da Bíblia? Já ouvi de uma professora de literatura a confissão desse temor. Quem assim pensa esquece que o Apocalipse foi escrito para o conforto dos cristãos que eram duramente perseguidos pelos governadores tiranos de Roma.

4. O Apocalipse é profético, mas não frenético e detalhista. Há quem veja a União Soviética (que nem existe mais), a União Europeia, o papa João Paulo II (que já morreu), a queda das Torres Gêmeas, a China (seria o dragão?) e outros fatos históricos, geopolíticos e religiosos nas páginas do Apocalipse. É quem quer ler o jornal do dia nas profecias de João. É o desejo estranho ao cristianismo de adivinhar detalhes do futuro. Infelizmente, para muitos evangélicos o Apocalipse é uma espécie de Nostradamus.

5. O Apocalipse tem Cristo como tema principal. Como Sagradas Escrituras o livro não poderia de deixar a ênfase na supremacia de Cristo. O foco do livro não são tribulações, mas sim a pessoa de Jesus Cristo.

Referências Bibliográficas:

[1] BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamentos. 1 ed. São Paulo: Editora Vida, 2008. p 2214.
[2] BRUCE. Idem. pp 2212 e 2213.

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