domingo, 20 de maio de 2012

Aula 09 - LAODICÉIA, UMA IGREJA MORNA


Texto Básico: Ap 3:14-22


27/05/2012


"Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca”(Ap 3:15,16).





INTRODUÇÃO

Nesta Aula estudaremos sobre a última das epístolas às sete igrejas da Ásia, que foi dirigida ao líder da igreja em Laodicéia (Ap 3:14-22). De todas as cartas às igrejas da Ásia, esta é a mais severa. Jesus não faz nenhum elogio a essa igreja. Seu estado espiritual era repugnante aos olhos do Senhor. Materialmente falando, era uma igreja muito rica, mas desprovida de bens espirituais. Era uma igreja indiferente à Palavra de Deus, ou seja, seu estado espiritual não era frio e nem quente, logo, uma igreja morna espiritualmente. A mornidão espiritual é o pior estado que se estabelece na vida de alguém que um dia teve um encontro pessoal e verdadeiro com Cristo. Como as águas que perdiam sua temperatura pelo caminho, a igreja havia se adaptado ao mundo. Não mais fazia diferença. Este estado, figurado na igreja de Laodicéia, é a situação que nos faz abomináveis a Deus e que caracterizará todos quantos, no dia do arrebatamento, selarão seu triste destino sem Deus sobre a face da Terra. Por causa de sua prosperidade material, a igreja de Laodicéia parecia estar vivendo um tempo de grandes bênçãos. Todavia, é severamente repreendida pelo Senhor Jesus: "... porque és morno... vomitar-te-ei da minha boca". Porém, o Senhor Jesus amava essa igreja e por isso aconselhou-a que buscasse um genuíno avivamento (Ap 3:18). Nem tudo está perdido, ainda há uma solução para aqueles que se encontram neste lastimável estado espiritual. Tenhamos em mente que aquela carta era de advertência do Senhor para uma igreja que Ele amava, e Ele corrige aqueles a quem ama (Ap 3:19).

I. A CIDADE E AIGREJA DE LAODICÉIA

1. A Cidade de Laodicéia. Foi fundada pelo selêucida Antíoco II, no terceiro século a.C., no vale do rio Lico, na atual Turquia, perto da atual cidade de Denizli, e recebeu nome conforme o nome de sua esposa, Laodice. Devido a sua posição, era um centro comercial extremamente próspero, especialmente durante o governo romano. Segundo relato histórico, nela havia teatros, um estádio e um ginásio equipado com banhos. Era a cidade de banqueiros e de transações comerciais.
Não muito distante de Colossos e de Hierápolis, Laodicéia havia sido construída no meio de uma importantíssima encruzilhada de estradas que facilitava a comunicação entre Roma e a Ásia Menor. Por ter sido construída como um entroncamento das principais estradas da região, Laodicéia já nasceu destinada a ter uma prosperidade material, tornando-se importante centro comercial. Era, por seguinte, um importante centro bancário e de troca de moedas. Em adição, estando situada no largo vale do rio Lico(um tributário do rio Meandro), a cidade era rodeada por terras férteis. Seus produtos distintivos incluíam vestes de lã negra polida, e tablóides ou pó medicinal.
Apesar de sua localização privilegiada em termos de transporte, Laodicéia estava numa região extremamente carente de água. O abastecimento de água sempre foi o grande problema de Laodicéia que, para tanto, precisou construir uma grande rede de aquedutos (ou seja, canais que trouxessem água de outras regiões), principalmente das regiões das duas principais cidades vizinhas: Hierápolis e Colossos. As fontes de águas, no entanto, mostraram-se não ser úteis para o consumo. Havia muitas fontes de águas termais, ou seja, águas quentes, que chegavam mornas em Laodicéia, sendo insuficientes as águas frias que vinham também para abastecer a região. O resultado é que as águas que chegavam a Laodicéia eram impróprias para uso, causando, muitas vezes, vômitos para os que as utilizavam. O local foi eventualmente abandonado, e a moderna aldeia, Denizli, cresceu em torno das fontes.
Como se percebe, a mornidãoé uma situação de mistura, um estado artificial, não existente na natureza, criado pela ação humana, que lhe causa danos e prejuízos em sua saúde e na sua própria sobrevivência. A “mornidão espiritual” não é diferente. Ela é o resultado da mistura que o homem provoca entre coisas que são de naturezas completamente opostas. Assim como o quente e o frio são contrários e não podem ser misturados sem dano, também o santo e o profano, o puro e o impuro, o certo e o errado não podem ser misturados sem dano espiritual.
2. A igreja em Laodicéia. A igreja em Laodicéia, provavelmente, fora fundada quando Paulo estava morando em Éfeso(At 19:10), e talvez por intermédio de Epafras(Cl 4:12,13). Embora Paulo faça menção da igreja cristã que ali existia(Cl 2:1;4:13-16), não há registro que ele a tenha visitado. É evidente que essa igreja mantinha conexões íntimas com as comunidades das cidades vizinhas de Herápolis e Colossos. Segundo muitos eruditos, a “epístola dos de Laodicéia”(Cl 4:16) referir-se-ia a uma cópia da nossa epístola aos Efésios que teria sido recebida pela igreja laodicense.
A  epístola dirigida ao pastor da igreja em Laodicéia parece conter muitas alusões ao caráter e circunstâncias da cidade.  A igreja tinha a cara da cidade. Em vez de transformar a cidade, a igreja tinha se conformado a ela. Laodiceia era a cidade da transigência, e a igreja tornou-se também uma igreja transigente. Os crentes eram frouxos, sem entusiasmo, débeis de caráter, sempre prontos a se comprometer com o mundo, descuidados. Eles pensavam que todos eles eram pessoas boas. Eles estavam satisfeitos com sua vida espiritual.
A igreja de Laodiceia é a igreja popular, satisfeita com sua prosperidade, orgulhosa de seus membros ricos. A religião deles era apenas uma simulação. George Ladd escreve: “ Laodiceia era muito parecida com Sardes: um exemplo de cristianismo nominal e acomodado. A maior diferença é que, em Sardes, ainda havia um núcleo que tinha preservado a fé viva (Ap 3:4), enquanto que toda a igreja de Laodiceia estava tomada pela indiferença. Provavelmente muitos membros da igreja participavam ativamente da alta sociedade, e essa riqueza econômica exerceu uma influência mortal sobre a vida espiritual da igreja”.
Riqueza, luxo e bem-estar levam as pessoas a se sentir confiantes, satisfeitas e acomodadas. Muitos entendem que ter riquezas materiais representa um sinal de bênção espiritual da parte de Deus. Laodicéia era uma cidade abastada e a igreja ali era igualmente rica. Aquilo que seus moradores podiam ver e comprar havia se tornado mais valioso para eles que o invisível e o eterno. Não importa o que você possua, ou quanto dinheiro seja capaz de ganhar, você nada terá, verdadeiramente, se não tiver um relacionamento com Cristo. De que maneira seu nível atual de recursos está afetando seu desejo espiritual? Em vez de centrar sua vida principalmente no conforto e no luxo, busque a verdadeira riqueza que existe em Cristo.

II. A APRESENTAÇÃO DE JESUS

Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus”(Ap 3:14).
O Senhor Jesus não se dirigiu diretamente aos crentes laodicenses, mas ao anjo da igreja - o pastor. Pois ele é o responsável pelo estado espiritual da igreja. Isto não anula, evidentemente, a responsabilidade de cada crente diante de Deus (Rm 14:12). Quanto ao pastor, além de prestar contas de si mesmo ao Senhor, o mesmo fará em relação à igreja que Jesus lhe confiou (Mt 25:21; 1Pe 5:1-4; Hb 13:17). Ele é o apascentador (1Pe 5:2) e o vigia do rebanho (Is 21:11), razão pela qual deve ser o exemplo para sua  igreja (1Tm 4:12).
1. Jesus se apresenta como “O Amém”. A igreja de Laodicéia não tinha firmeza de propósitos; era vacilante e sem poder.  Para uma igreja marcada pelo ceticismo, incredulidade e tolerância, Jesus se apresenta como o “Amém", ressaltando a fidelidade e a verdade divinas. Ele é a verdade, e fala a verdade, e dá testemunho da verdade. Adolf Pohl corretamente afirma: "Deus não apenas jura, ele próprio é um juramento. Entre ele e sua palavra simplesmente não se pode meter nenhuma cunha, porque nele não existe um entre"(POHL, Adolf. Apocalipse de João, p.137).
2. “A Testemunha fiel e Verdadeira”.Também, para igreja de Laodicéia Jesus se apresentou como a "testemunha fiel e verdadeira". Ele é o modelo invariável e imutável para todos os crentes (1Ts 1:6; Hb 4:15a). Seu diagnóstico da igreja é verdadeiro. Seu apelo à igreja deve ser levado a sério. Suas promessas à igreja são confiáveis. Em face da vida morna e indiferente da igreja, Jesus é a verdade absoluta que tudo vê, tudo sonda, tudo conhece. Ele cumpre o que diz. Nunca é inconstante. É absolutamente consistente. É  preciso e confiável.
3. Jesus se apresenta como “O Princípio da criação de Deus”. Cristo é o princípio da criação de Deus. A expressão “o princípio da criação de Deus” não significa que Ele foi a primeira pessoa a ser criada, pois não é uma criatura. Antes, significa que Ele deu início a toda a criação. Não diz que Ele teve um princípio, mas que Ele é o princípio. É a origem da criação de Deus e é preeminente sobre toda a criação. Em face da vida caótica da igreja, Jesus é aquele que é a origem da criação. Como ele deu ordem ao caos do universo, ele pode arrancar a igreja do caos espiritual.

III. A SITUAÇÃO ESPIRITUAL DA IGREJA DE LAODICÉIA

Jesus Cristo, que está no meio dos candelabros e anda no meio dos candelabros, sonda a igreja de Laodiceia e chega a seguinte conclusão sobre a sua situação espiritual: a igreja tinha perdido seu vigor (Ap 3:16,17), seus valores (Ap 3:17,18), sua visão (Ap 3:18b) e suas vestimentas (Ap 3:17-22). A Igreja em Laodiceia havia se transformado em uma comunidade insípida e repugnante. Seus crentes não adotavam uma posição definida, e a indiferença os levava  à ociosidade e à preguiça. Vejamos a vistoria clínica de Cristo:
1. Jesus identificou falta de fervor espiritual da igreja – “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente!” (Ap 3:15). O problema da igreja de Laodiceia não era teológico nem moral. Não havia falsos mestres, nem heresias. Não havia pecado de imoralidade nem engano. Na carta, não há menção de hereges, de malfeitores nem de perseguidores. O que faltava à igreja era fervor espiritual. A vida espiritual da igreja era morna, apática, indiferente e nauseante.  
Nosso fogo espiritual íntimo está em constante perigo de enfraquecer ou morrer. O braseiro deve ser cutucado, alimentado e soprado até incendiar. Jonathan Edwards disse que precisamos ter luz na mente e fogo no coração. Muitos fogem do fervor com medo do fanatismo. Mas fervor não é o mesmo que fanatismo. Fanatismo é um fervor irracional e estúpido. Muitos crentes têm medo do entusiasmo. Mas entusiasmo é a parte essencial do cristianismo. Não podemos ter medo das emoções, e sim do emocionalismo.
2. Jesus identificou uma situação de “mornidão espiritual”Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca”(Ap 3:16). A “mornidão” é uma temperatura entre o quente e o frio, é o resultado de uma mistura entre o quente e o frio. Não há, na natureza, um estado de mornidão. O contraste aqui é entre as águas quentes medicinais de Hierápolis e as águas frias e puras de Colossos. Dessa forma, a igreja em Laodiceia não estava oferecendo nem refrigério para o cansaço espiritual nem cura para o doente espiritual. Era totalmente ineficaz e, assim, desagradável ao Senhor. Podemos aplicar isso à “mornidão espiritual”: Ela é o resultado da mistura entre o puro e impuro, o limpo e o imundo, entre o santo e o pecaminoso, um comportamento que é sempre abominável aos olhos do Senhor (Ez 2:26).
a) "Que nem és frio nem quente" (Ap 3.15b). Laodicéia tornou-se insuportável para Deus. Num realismo surpreendente, o Senhor acrescentou: "Tomara que foras frio ou quente!" É compreensível que o Senhor deseje uma igreja quente; mas uma igreja fria, parece contra-senso. Isto só é explicável se este último estado for pior do que o anterior.
Aparentemente, os crentes em Laodicéia estavam agindo como se tivessem esquecido quem era Jesus e porque havia Ele morrido. Antes de haverem aceitado a fé, eram frios. Ao receberem a Jesus, haviam se tornado quentes - zelosos seguidores do Mestre. Agora, porém, encontravam-se num perigoso estado intermediário: a mornidão espiritual. Não estavam mais desejosos de corresponder ao movimento do Espírito, nem estavam frios o suficiente para perceber quão grandes eram suas necessidades. Além de nada fazerem à obra de Deus, não respondiam ao seu chamado ao arrependimento. Por isso, Jesus deseja que fossem frios ou quentes, pois, assim, poderia fazer alguma coisa por eles.
b) “ vomitar-te-ei da minha boca”(Ap 3:16). A igreja de Laodiceia era de Cristo, mas, em vez de dar alegria a Cristo, estava provocando “náuseas” nele. Uma religião morna provoca “náuseas”. Jesus tinha muito mais esperança nos publicanos e pecadores do que nos orgulhosos fariseus. Somos filhos de Deus, herdeiros de Deus, a herança de Deus, a menina dos olhos de Deus, a delícia de Deus. Mas, quando perdemos nossa paixão, nosso fervor, nosso entusiasmo, provocamos “náuseas” em nosso Salvador.
Indiferença espiritual faz com que Cristo queira vomitar. Apatia deixa Jesus “doente”. Pregação morna; louvor indiferente; oração sem fé; comunhão trivial; evangelismo insípido; tudo isto deixa Cristo com “náuseas”! Quando nosso coração não lhe é fervoroso, torna-se morno. E, nessa condição, faz com que Jesus fique “doente do estômago”, tenha náuseas e vontade de vomitar.
3. Arrogância espiritual - “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta(Ap 3:17). A “mornidão espiritual” é um estado de fraqueza espiritual e esta fraqueza se verifica no sentimento de arrogância, de orgulho e de soberba do homem que tem a petulância, o desatino, a loucura de dizer que não precisa de Deus, de que “pode se virar sozinho” neste mundo.
A fraqueza espiritual da igreja de Laodicéia mostra-se logo no início de suas afirmações. Aquela igreja, a começar do seu anjo (isto é, do seu dirigente), enchia o peito e dizia para todos, com evidente e louca arrogância: “Rico sou e de nada tenho falta”(Ap 3:17). Ora, é nesta tola manifestação de arrogância que se verifica a fraqueza espiritual. Ao dizer que não precisava de coisa alguma, aqueles crentes mostravam o seu estado de “mornidão espiritual”, pois só temos força espiritual quando reconhecemos a nossa insignificância, a nossa pequenez, o nosso nada diante de Deus. O servo de Deus que é espiritualmente forte, como Paulo, é forte porque reconhece que é fraco. O verdadeiro forte espiritual é aquele que se manifesta como o salmista: “Eu sou pobre e necessitado; mas o Senhor cuida de mim”(Sl 40:17a).
4. Também, Jesus identificou uma situação de “auto-satisfação” – “... e de nada tenho falta”.  A igreja de Laodiceia era morna em seu amor a Cristo, mas amava o dinheiro. O amor ao dinheiro traz uma falsa segurança e uma falsa auto-satisfação. A igreja não tinha consciência de sua condição.
A congregação de Laodiceia fervilhava de frequentadores presunçosos. Eles diziam: "Sou rico, tenho prosperado, e nada me falta". Os crentes eram ricos. Frequentavam as altas rodas da sociedade. Eram influentes na cidade. A cidade era um poderoso centro médico, bancário e comercial. O orgulho de Laodiceia era contagioso. Os cristãos contraíram a epidemia da soberba. O espírito de complacência insinuou-se na igreja e corrompeu-a. Os membros da igreja tornaram-se convencidos e vaidosos. Eles achavam que estavam indo maravilhosamente bem em sua vida religiosa. Mas Cristo teve de acusá-los de miseráveis, pobre, cegos e nus (Ap 3:17c). Miseráveis apesar de seus cofres com dinheiro; cegos apesar de seu famoso colírio; e nus apesar de suas fábricas de tecidos. São miseráveis porque não têm como comprar o perdão de seus pecados. São nus porque não têm roupas adequadas para se apresentarem diante de Deus. São cegos porque não conseguem enxergar sua pobreza espiritual.

IV. COMO REAVIVAR UMA IGREJA MORNA

A igreja em Laodicéia representa a igreja que vai ficar, que não será levada pelo Espírito Santo ao encontro do Senhor nos ares. No entanto, Jesus é extremamente misericordioso e não quer que esta igreja fique. Seu desejo é que todos se salvem. Por isso, na Sua mensagem a essa igreja lançou o Seu convite para que os “mornos espirituais” tornassem a ser fervorosos.
Apesar de ter sido duro com a triste realidade espiritual da igreja de Laodicéia, o Senhor apresenta alguns conselhos àqueles crentes, a fim de que pudessem, enquanto fosse possível, voltar a ter comunhão com Ele.
1. O primeiro conselho dado pelo Senhor Jesus para pôr fim à “mornidão espiritual” é: que se “compre dEle ouro provado no fogo, para que enriqueças” - "Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças" (Ap 3:18 a). Comprar de Jesus ouro provado no fogo nada mais é que pagar o preço da renúncia e do abandono dos desejos, paixões e vontades próprias. Trata-se de uma compra, ou seja, há o pagamento de um preço. Estamos dispostos a renunciar ao nosso ego, às nossas vontades, sonhos, projetos e paixões? Estamos dispostos a “abrir mão” dos nossos vícios e maus hábitos? Há um preço a pagar, um preço que é alto, porque se trata de “comprar ouro”, mas tudo o que fizermos nada significa diante do alto preço com que fomos comprados: o precioso sangue de Jesus vertido na cruz do Calvário! (1Pe 1:18,19).
É preciso que estejamos dispostos a comprar o ouro de Cristo provado no fogo, de irmos à Sua busca, de renunciarmos a nós mesmos em função dEle. Só assim, fazendo o que Ele quer (e só o saberemos se tivermos uma vida de oração e leitura da Bíblia Sagrada), poderemos nos enriquecer espiritualmente.
2. O segundo conselho dado pelo Senhor aos “mornos espirituais” é a compra de vestidos brancos a fim de cobrir a vergonha da nudez – “... E vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez" (Ap 3.18b). A cidade de Laodicéia tinha orgulho de seus tecidos e de sua industria de tinturaria. Cristo disse que deveriam comprar dele as vestes brancas, isto é, justiça prática na vida diária. Esta compra de vestidos brancos chama-se “santificação”. Sem a santificação, ninguém verá o Senhor (Hb 12:14). Devemos ser santos, isto é, separados do pecado, porque Deus é santo (Lv 20:7; 1Pe 1:16).
A santificação é contínua, progressiva e não terá fim até a glorificação. Quem é santo, deve se santificar ainda (Ap 22:11). Num mundo onde o pecado se multiplica a cada dia, com conseqüências cada vez mais evidentes na vida de muitos que cristãos se dizem ser, somos convidados pelo Senhor a aumentar a nossa santificação. Quem quiser alcançar a glória, deve seguir o conselho do Senhor: comprar vestes brancas que cubram a vergonha da sua nudez.
3. O terceiro conselho dado pelo Senhor Jesus para cessar a “mornidão espiritual” é a unção dos olhos com colírio para que se veja - “... e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas”(Ap 3:18c). Laodicéia se orgulhava de seu precioso unguento que curava muitos problemas nos olhos. Cristo lhes disse que deveriam comprar dele o colírio que iria curar seus olhos, para que pudessem ver a verdade(João 9:39). Faz-se necessário que se tenha, novamente, a visão espiritual.
Como se obtém esta visão? Mediante a unção com colírio. O colírio aqui é uma figura do Espírito Santo. Só Ele pode devolver a visão ao pecador, que está cego por ação do deus deste século (isto é, Satanás) e não consegue ver o reino de Deus (2Co 4:4).
4. O quarto conselho de Jesus aos “mornos espirituais” é que sejam zelosos e se arrependam dos seus pecados – “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te...”(Ap 3:19a). Deus iria castigar a Igreja de Laodicéia se ela não abandonasse sua atitude de indiferença em relação a Ele. Quando Deus castiga, seu propósito é trazer as pessoas de volta a si.
“Ser zeloso” ou “ser diligente” é “ser fervoroso”, ou seja, exatamente o contrário de “ser morno”. É “desejar ardentemente”, é “buscar”, é ser leal de modo intenso, em outras palavras, é não cessar de buscar a Deus, de se aproximar dele. É procurar se encher do Espírito, ter uma vida espiritual plena. É pensar nas coisas que são de cima (Cl 3:1,2). Mas, para que isto aconteça, é indispensável que haja arrependimento dos pecados, ou seja, que os pecados sejam confessados e não voltem mais a ser praticados. Trata-se de uma mudança de vida, de uma conversão.
5. O quinto conselho de Cristo para os “mornos espirituais” é o da convivência com o Senhor. “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele comigo" (Ap 3:20). A igreja em Laodicéia era complacente e rica. Seus membros se sentiam muito satisfeitos, embora não tivessem a presença de Cristo entre eles. Cristo bateu na porta de seu coração, mas estavam tão ocupados gozando os prazeres mundanos que não notaram que Ele queria entrar. Os prazeres desse mundo – dinheiro, segurança, posses materiais – podem ser perigosos porque sua temporária satisfação nos torna indiferentes à oferta divina de uma eterna satisfação. Se você se sente indiferente em relação à igreja, a Deus ou a Bíblia, é porque já começou a cercear a presença de Deus em sua vida. Deixe as portas de seu coração sempre abertas para Ele, e não precisará se preocupar em saber se Ele está ou não batendo. Deixá-lo entrar será sua única esperança de alcançar uma realização eterna.
O “morno espiritual” deixou Jesus fora de sua vida. Como é triste deixar Jesus fora da nossa existência! Mas, quem quiser sair da “mornidão espiritual”, precisa pôr Jesus dentro de sua casa, ou seja, precisa não mais viver, mas permitir que Cristo viva nele (Gl 2:20). Como é maravilhoso quando suprimimos o nosso “eu” e deixamos Jesus entrar e cear conosco e nós com Ele. Como é bom não mais viver, mas deixar que Cristo viva em nós. Que nosso comportamento seja como os dos discípulos que estavam no caminho de Emaús: “Fica conosco, Senhor, porque já é tarde, e já declinou o dia” (Lc 24:29a). Amém!

CONCLUSÃO

O estado espiritual da igreja em Laodicéia se aplica claramente ao das igrejas locais nestes tempos pós-modernos. Muitos crentes vivem luxuosamente enquanto pessoas estão morrendo sem ouvir o evangelho. Cristãos usam coroas em vez de carregar, cada um, a sua cruz. Esportes, políticas e programas de televisão causam mais impacto sobre nossas emoções do que Cristo. Falta consciência da necessidade espiritual e desejo de avivamento verdadeiro. Atendemos aos desejos de nosso corpo que, em poucos anos, voltará ao pó. Acumulamos em vez de abrirmos mão, ajuntamos tesouros na terra, e não no céu. A maioria pensam assim: “O povo de Deus merece do bom e do melhor. Se eu não me cuidar, quem cuidará de mim? Podemos dedicar ao Senhor o tempo que sobra em meio aos esforços para prosperarmos no mundo”. Essa é a nossa situação na véspera da volta de Cristo. É bom ressaltar que Deus não aceita uma fé morna, pois Ele se enfurece com uma religião que mantém a aparência e que ignora a fé genuína e sincera. Pense nisso!


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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com


Referências Bibliográficas:


William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).


Bíblia de Estudo Pentecostal.


Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.


Revista Ensinador Cristão – nº 50.


O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.


Comentário Bíblico Beacon – CPAD.


Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.


Rev.Hernandes Dias Lopes – Ouça o que o Espírito diz às Igrejas.


Um comentário:

Maria Elvira disse...

TODAS AS IGREJAS DEVERIAM SE REVESTIR DESTAS PALAVRAS.