CAIO FÁBIO AFIRMA QUE A BÍBLIA CONTÉM ERROS E É MAL INTERPRETADA. PASTORES DISCORDAM E ACIRRAM DEBATE SOBRE A INERRÂNCIA DAS ESCRITURAS
O debate sobre a Bíblia e sua coerência literária, cronológica e doutrinária foi acirrado com declarações do reverendo Caio Fábio, que numa entrevista, afirmou que “o cristianismo nunca leu a Bíblia tendo Jesus como chave hermenêutica”. Em sua opinião, a Bíblia deve ser lida a partir da perspectiva de Jesus, e todo o restante, interpretado sob esse ponto de vista. O vídeo com as declarações do reverendo Caio Fábio está fazendo sucesso nas redes sociais, após a divulgação por parte de pastores. Questionado sobre quais seriam os motivos de os concílios que decidiram o tamanho, formato e conteúdo da Bíblia não terem corrigido ou extraído questões do Velho Testamento que foram anuladas por Jesus após seu sacrifício, Caio Fábio afirmou que “o que prevaleceu foi a hermenêutica ‘Constantiniana’”, fazendo referência à tentativa de moldar a Bíblia de forma linear e coerente. Sobre a Bíblia, Caio Fábio disse que no livro foi aplicada uma “hermenêutica que tenta sistematizar a Bíblia inteira, para fazê-la ser um livro coerente consigo mesmo o tempo todo, em cada página, em cada verso, em cada letra”, e emenda dizendo que “é impossível, e quem diz que ela consegue [ser coerente] está mentindo”. O reverendo frisa em sua argumentação sobre a incoerência da Bíblia e afirma que “ela não é inerrante”, e aponta as falhas que enxerga no livro: “Ela tem erros literários, tem erros cronológicos, dá saltos generacionais e só fica em cima das figuras pivotais mais importantes para marcar a história”. Caio Fábio é incisivo ao falar que a Bíblia foi um livro feito por homens: “[A Bíblia] não quer ser um livro de ciência para saber como o mundo começou. Ela é um livro do homem. Ela não é nem o livro de Deus, porque sinceramente, Deus tem livros infinitamente melhores do que a Bíblia para escrever, só que a gente não compreende”. Complementando sua declaração a respeito da Bíblia, Caio Fábio afirma que ela “é o livro possível para minha compreensão. Não só a minha de hoje, mas a compreensão da humanidade nos últimos quatro mil anos. É o livro possível. O grande milagre da Bíblia é carregar esse conteúdo divino, na relatividade de um livro, preso ao tempo, espaço, escrito por homens”. Contrariando a opinião de Caio Fábio, o pastor Márcio de Souza, colunista do Gospel+, afirmou que “o Pastor Caio foi infeliz e simplista ao dizer que a Bíblia quanto a literatura, cronologia e genealogia não é inerrante. Nunca pensei que iria ver o Reverendo Caio Fábio dizer isso de forma tão leviana e embasado em argumentos tão fracos. Afirmar que a Bíblia é do homem é contradizer a própria Bíblia quando em 2 Tim 3:16 o apóstolo Paulo afirma categoricamente que a Escritura é divinamente inspirada”.
Veja o vídeo da polêmica entrevista do Rev. Caio Fábio:
Souza repudia as declarações do reverendo e afirma que a “argumentação do senhor Caio Fábio é satanicamente inspirada, proveitosa para criar confusão e contenda, pronta para desviar gente inocente que o ouve do Caminho da Graça e é injusta com Deus. Ele deveria saber o quão admirado foi pelo povo que hoje despreza, e quantas pessoas influencia com suas falácias. Porém, hoje, diante desse vergonhoso vídeo que não desconstrói o que ele fez no passado, mas distorce suas falas antigas numa espécie de releitura cega, preciso afirmar com todas as letras e sem simplismo que as Escrituras falam contra ele e sua argumentação relativista”.
Outro que discorda de Caio Fábio é Paulo Teixeira, do Holofote, afirmando que “Caio Fábio está fazendo de tudo para sair do ostracismo, não é novidade para ninguém, todavia tudo tem limites”. Teixeira classifica de “loucuras” as ideias de Fábio a respeito da Bíblia, e diz que “só existe um que tenta incansavelmente desacreditar a Palavra de Deus, Satã. Será que Caio Fábio decidiu fazer parceria com ele? Caio Fábio precisa de oração! Precisa parar com essas palhaçadas de querer ‘sair da toca’ atacando tudo e todos, e o pior, sem limites. Precisa se arrepender. Imagine um neófito na fé nas mãos de um homem deste!”, conjectura.
Já Daniel Simoncelos, colunista do Gospel+, defende os argumentos de Caio Fábio, e contextualiza as declarações do reverendo: “Ele está certíssimo em dizer que devemos ler o Velho Testamento à luz do Novo, sempre olhando para Cristo. Quando ele diz que a escritura não é inerrante quanto à cronologias, a questão é que as escrituras não se propõem a colocar todos os nomes de uma árvore genealógica, mas sim os principais. Isso não é erro, e sim uma escolha do autor. Quanto a erros na cronologia, novamente não é uma questão de erros e sim de prioridade do autor. Eu posso contar minha história de traz pra frente caso queira”.
Simoncelos pondera dizendo que “de fato, a bíblia é um livro humano, porém jamais poderíamos afirmar que é um livro meramente humano, mas também divinamente inspirado por Deus. Jamais conseguiríamos compreender as escrituras caso fosse apenas divina, pois quem conheceu a mente do Senhor? Imagine só se Deus resolvesse nos contar como foi que Ele criou o mundo de verdade? Não iríamos entender nem uma linha. Imagine tentar compreender todas as leis do universo? Teríamos que ter um HD infinito dentro de nossa cabeça”.
Para Simoncelos, o reverendo está correto em seu ponto de vista sobre a função da Bíblia: “Caio afirma corretamente que Bíblia não se preocupa em explicar a criação do mundo, e eu creio que a Bíblia é a palavra de Deus, e através dela podemos nos ler como pecadores e merecedores da condenação e ao mesmo tempo ler a história de amor de Deus com a humanidade por meio da reconciliação que podemos ter por meio de Jesus. É uma história de Redenção da Humanidade por meio de Jesus Cristo. Com relação a isto ela é completamente inerrante, infalível e perspicaz, não se contradiz nunca em essência”, pontua.
Fonte: Gospel+ NOTA: Como professor de Teologia posso afirmar que a Bíblia contém, sim, discrepâncias. Estas discrepâncias estão presentes nos textos narrativos - principalmente naqueles cuja linguagem não é em prosa, mas que são essencialmente descritivos. Tais discrepâncias, contudo, NADA TÊM A VER COM "ERRO DA BÍBLIA", posto que a questão da inerrância, desde seus primórdios, lida com a centralidade da mensagem a ser transmitida, ou seja, a mesma nunca se perde por causa de discrepantes detalhes históricos. Em algumas histórias, veremos Jesus (nos Evangelhos, por exemplo) curar 1 cego e, noutra, 2. A questão não é a quantidade de cegos que Jesus curou, naquela exata passagem histórica, mas o que ele disse ou o que quis ensinar com tal feito, independentemente de ter curado 1, 10 ou 1000. A questão é que os existencialistas, como Caio Fábio, tendem a relativizar a maneira como compreendem a mensagem da Escritura, tirando-lhe, de fato, toda essencialidade. Neste ponto, em termos hermenêuticos, o essencialismo é o contrário do relativismo, uma vez que o texto, neste último, ganha muito mais força de uma enteidade própria, autônoma, à medida em que se entende que o texto tem ou não tem algo a falar à minha individualidade. Assim, textos qus me tornam "depressivos", posto que sejam "muito rígidos" ou que os considere espúrios, não são "Palavra de Deus", embora constem na Bíblia. Usar "Jesus como ´chave-hermenêutica´" é, em outras palavras, centralizar como Palavra de Deus apenas o que está registrado como os ditos de Cristo, sendo todo o restante da Bíblia interpretado sob a ótica do que nos foi transmitido por aqueles ditos de Cristo. Este reducionismo hermenêutico não só é perigoso, como negligencia o fato de que os concílios universais que estabeleceram o Cânon bíblico, foram compostos de estudiosos que, muito provavelmente, viram as discrepâncias bíblicas de narrativa - as que mencionei no início -, mas que entenderam que o conceito de "Inerrância das Escrituras" perpassa questões maiores, como "teologias de mensagens" e, é claro, a centralidade de Cristo Jesus em todo o corpo bíblico. A "centralidade de Cristo" não significa que deva ver a figura de Cristo em todos os preceitos que nos são repassados no texto bíblico, mas que, essencialmente, a Bíblia (como um todo) aponta para uma "história da salvação" (como diria Conzelmann), que tem protagonistas históricos (Israel, Jesus e a Igreja), que, contudo, estão abaixo, hierarquicamente falando, da pessoa de Cristo, o "centro" desta história. Deste modo, creio piamente que aquilo que considero como "falácia cristológico-hermenêutica) do Rev. Caio Fábio, nada mais é do que, como disseram os colegas na reportagem, uma tentativa desesperada de se insurgir na mídia, especialmente a evangélica, para posar como um novo "Lutero". Pelo que vejo e sei da envergadura teológica do Rev. Caio, nada pode me fazer pensar em outra coisa, senão que, com tais declarações polêmicas, o referido pastor volta a ser o centro das atenções. Que fique claro que o meu intuito ao colocar uma reportagem como essa e minha consequente respota não visam a promoção do Rev. Caio, mas a questão da Inerrância das Escrituras, ou seja, uma melhor explicação sobre a mesma. De fato, penso que o Rev. Caio deveria estar se preocupando com outras coisas, inclusive com um levantar ministerial salutar, pois, se continuar assim, Caio Fábio entrará para a História, não como alguém que ajudou na evangelização e educação bíblica do Brasil, mas como um triste e amargurado "ex-líder evangélico" que, nos momentos em que antecederam seu supultamento no ideário evangélico, como um homem de Deus, o tal saiu da segurança daquilo que lhe é apresentado, nas Escrituras, pelas incertezas e inquirições indefinidas trazidas na melancolia do existencialismo cristão.
Veja o vídeo da polêmica entrevista do Rev. Caio Fábio:
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JESUS - A chave hermenêutica | Para entender o que lemos nas Escrituras from Chico Pacheco on Vimeo. Souza repudia as declarações do reverendo e afirma que a “argumentação do senhor Caio Fábio é satanicamente inspirada, proveitosa para criar confusão e contenda, pronta para desviar gente inocente que o ouve do Caminho da Graça e é injusta com Deus. Ele deveria saber o quão admirado foi pelo povo que hoje despreza, e quantas pessoas influencia com suas falácias. Porém, hoje, diante desse vergonhoso vídeo que não desconstrói o que ele fez no passado, mas distorce suas falas antigas numa espécie de releitura cega, preciso afirmar com todas as letras e sem simplismo que as Escrituras falam contra ele e sua argumentação relativista”.
Outro que discorda de Caio Fábio é Paulo Teixeira, do Holofote, afirmando que “Caio Fábio está fazendo de tudo para sair do ostracismo, não é novidade para ninguém, todavia tudo tem limites”. Teixeira classifica de “loucuras” as ideias de Fábio a respeito da Bíblia, e diz que “só existe um que tenta incansavelmente desacreditar a Palavra de Deus, Satã. Será que Caio Fábio decidiu fazer parceria com ele? Caio Fábio precisa de oração! Precisa parar com essas palhaçadas de querer ‘sair da toca’ atacando tudo e todos, e o pior, sem limites. Precisa se arrepender. Imagine um neófito na fé nas mãos de um homem deste!”, conjectura.
Já Daniel Simoncelos, colunista do Gospel+, defende os argumentos de Caio Fábio, e contextualiza as declarações do reverendo: “Ele está certíssimo em dizer que devemos ler o Velho Testamento à luz do Novo, sempre olhando para Cristo. Quando ele diz que a escritura não é inerrante quanto à cronologias, a questão é que as escrituras não se propõem a colocar todos os nomes de uma árvore genealógica, mas sim os principais. Isso não é erro, e sim uma escolha do autor. Quanto a erros na cronologia, novamente não é uma questão de erros e sim de prioridade do autor. Eu posso contar minha história de traz pra frente caso queira”.
Simoncelos pondera dizendo que “de fato, a bíblia é um livro humano, porém jamais poderíamos afirmar que é um livro meramente humano, mas também divinamente inspirado por Deus. Jamais conseguiríamos compreender as escrituras caso fosse apenas divina, pois quem conheceu a mente do Senhor? Imagine só se Deus resolvesse nos contar como foi que Ele criou o mundo de verdade? Não iríamos entender nem uma linha. Imagine tentar compreender todas as leis do universo? Teríamos que ter um HD infinito dentro de nossa cabeça”.
Para Simoncelos, o reverendo está correto em seu ponto de vista sobre a função da Bíblia: “Caio afirma corretamente que Bíblia não se preocupa em explicar a criação do mundo, e eu creio que a Bíblia é a palavra de Deus, e através dela podemos nos ler como pecadores e merecedores da condenação e ao mesmo tempo ler a história de amor de Deus com a humanidade por meio da reconciliação que podemos ter por meio de Jesus. É uma história de Redenção da Humanidade por meio de Jesus Cristo. Com relação a isto ela é completamente inerrante, infalível e perspicaz, não se contradiz nunca em essência”, pontua.
Fonte: Gospel+ NOTA: Como professor de Teologia posso afirmar que a Bíblia contém, sim, discrepâncias. Estas discrepâncias estão presentes nos textos narrativos - principalmente naqueles cuja linguagem não é em prosa, mas que são essencialmente descritivos. Tais discrepâncias, contudo, NADA TÊM A VER COM "ERRO DA BÍBLIA", posto que a questão da inerrância, desde seus primórdios, lida com a centralidade da mensagem a ser transmitida, ou seja, a mesma nunca se perde por causa de discrepantes detalhes históricos. Em algumas histórias, veremos Jesus (nos Evangelhos, por exemplo) curar 1 cego e, noutra, 2. A questão não é a quantidade de cegos que Jesus curou, naquela exata passagem histórica, mas o que ele disse ou o que quis ensinar com tal feito, independentemente de ter curado 1, 10 ou 1000. A questão é que os existencialistas, como Caio Fábio, tendem a relativizar a maneira como compreendem a mensagem da Escritura, tirando-lhe, de fato, toda essencialidade. Neste ponto, em termos hermenêuticos, o essencialismo é o contrário do relativismo, uma vez que o texto, neste último, ganha muito mais força de uma enteidade própria, autônoma, à medida em que se entende que o texto tem ou não tem algo a falar à minha individualidade. Assim, textos qus me tornam "depressivos", posto que sejam "muito rígidos" ou que os considere espúrios, não são "Palavra de Deus", embora constem na Bíblia. Usar "Jesus como ´chave-hermenêutica´" é, em outras palavras, centralizar como Palavra de Deus apenas o que está registrado como os ditos de Cristo, sendo todo o restante da Bíblia interpretado sob a ótica do que nos foi transmitido por aqueles ditos de Cristo. Este reducionismo hermenêutico não só é perigoso, como negligencia o fato de que os concílios universais que estabeleceram o Cânon bíblico, foram compostos de estudiosos que, muito provavelmente, viram as discrepâncias bíblicas de narrativa - as que mencionei no início -, mas que entenderam que o conceito de "Inerrância das Escrituras" perpassa questões maiores, como "teologias de mensagens" e, é claro, a centralidade de Cristo Jesus em todo o corpo bíblico. A "centralidade de Cristo" não significa que deva ver a figura de Cristo em todos os preceitos que nos são repassados no texto bíblico, mas que, essencialmente, a Bíblia (como um todo) aponta para uma "história da salvação" (como diria Conzelmann), que tem protagonistas históricos (Israel, Jesus e a Igreja), que, contudo, estão abaixo, hierarquicamente falando, da pessoa de Cristo, o "centro" desta história. Deste modo, creio piamente que aquilo que considero como "falácia cristológico-hermenêutica) do Rev. Caio Fábio, nada mais é do que, como disseram os colegas na reportagem, uma tentativa desesperada de se insurgir na mídia, especialmente a evangélica, para posar como um novo "Lutero". Pelo que vejo e sei da envergadura teológica do Rev. Caio, nada pode me fazer pensar em outra coisa, senão que, com tais declarações polêmicas, o referido pastor volta a ser o centro das atenções. Que fique claro que o meu intuito ao colocar uma reportagem como essa e minha consequente respota não visam a promoção do Rev. Caio, mas a questão da Inerrância das Escrituras, ou seja, uma melhor explicação sobre a mesma. De fato, penso que o Rev. Caio deveria estar se preocupando com outras coisas, inclusive com um levantar ministerial salutar, pois, se continuar assim, Caio Fábio entrará para a História, não como alguém que ajudou na evangelização e educação bíblica do Brasil, mas como um triste e amargurado "ex-líder evangélico" que, nos momentos em que antecederam seu supultamento no ideário evangélico, como um homem de Deus, o tal saiu da segurança daquilo que lhe é apresentado, nas Escrituras, pelas incertezas e inquirições indefinidas trazidas na melancolia do existencialismo cristão.
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