Os fariseus foram os principais perseguidores do apóstolo Paulo; acusavam no pregar contra a lei (At 21.28; Gl 2.4-5). Eles perturbavam as igrejas em Antioquia da Síria e na Galácia, ensinando que os novos convertidos deviam viver como judeus para serem salvos (At 15.5). Parece que os tais apresentavam-se como enviados de Tiago (Gl 2.12). No entanto, apesar de haverem saído de Jerusalém, não se achavam autorizados a falar em nome de Tiago (At 15.24).
A Igreja aos Gálatas foi a mais atacada com respeito às tradições judaicas. Então Paulo esclarece o seguinte:
“Catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também a Tito. Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o Evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou de ter corrido em vão. Contudo, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se. E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão. Aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do Evangelho permanecesse em vós. E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa, nada me acrescentaram” (Gl 2.1-6).
Conheço poucas passagens que exponham mais ousadamente a influência prejudicial do farisaísmo. Segundo os ensinos de Paulo, os fariseus não só perturbava o ensino genuíno do evangelho, mas também distorciam as verdades segundo o Novo Testamento. Estamos agora considerando aqueles que espreitam e escravizam os indivíduos que querem ser livres por Cristo.
“Quatorze anos antes...”, o apóstolo Paulo recebera uma revelação direta de Deus, no sentido de que fora chamado para ministrar especialmente aos gentios. Pedro fora chamado para evangelizar especialmente os judeus. Uma grande dúvida surgiu do contado de Paulo com os gentios: O gentio deveria ser circuncidado para tornar-se cristão? Havia umas questões relacionadas com esse fato. Deveria ele manter certo tipo de alimentação? Deveria cumprir as tradições dos judaizantes? Deveria cumprir os preceitos da lei de Moisés? Dever-se-ia semelhante aos judeus? Em outras palavras, era necessário que Moisés completasse o que Cristo havia iniciado? Paulo nega isso enfaticamente. Assim sendo, ele apresentou o evangelho de Cristo baseado na mensagem da graça. Não é de admirar que os gentios respondessem aos milhares. Isso levou os crentes judeus a ficarem um tanto nervosos, especialmente os que mantinham uma posição mais legalista quanto à salvação.
Já ouvimos muitos dizerem que temos que seguir os pais da igreja, os pilares da igreja. Então vamos ouvir o que eles nos respondem quanto a isso. Precisamos da sabedoria amadurecida deles. Depois de 14 anos, Paulo volta a Jerusalém, onde estavam as colunas da Igreja, Paulo, Tiago e os demais apóstolos (At 2.8-9) e com eles se reúne para tratar daquele assunto de tanta seriedade, levando em sua companhia Barnabé (um judeu circuncidado) e Tito (um gentio incircunciso), sendo ambos crentes no Senhor Jesus Cristo como Salvador. Paulo nos conta o que fez ao chegar: “...lhes expus o evangelho que prego entre os gentios e particularmente aos que estavam em estima, para que de maneira alguma não corressem ou não tivessem corrido em vão” (Gl 2.2).
Os judeus queriam de toda forma que os gentios participassem da circuncisão, como demonstração de obediência à lei. Aqueles judeus não abriam mão do cumprimento da lei.
Paulo, então, vem com toda a sua disposição e coragem defender a verdade do evangelho. Dessa forma, Paulo estava isentando os gentios das pretensões dos legalistas. Paulo queria que os judeus entendessem que a graça salvadora de Jesus Cristo era suficiente, e não em códigos e leis, rituais ou costumes desse ou daquele grupo religioso.
Paulo defendeu o verdadeiro evangelho da graça diante dos líderes da igreja, em Jerusalém. Istonos assegura que ele chegou com uma atitude aberta, dizendo, com efeito: “Homens, quero que saibam que tenho ensinado as boas novas de Cristo segundo a graça. Estou certo ou preciso ser corrigido? A resposta deles foi em suma: “Você está certo. Aprovamos essa mensagem”. Mas no terceiro versículo ele diz: “Mas nem Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se”.
Você acha que os fariseus aceitam isso calmamente? De forma alguma. Eles rejeitaram os ensinos de Paulo e induziram os crentes da galácia a seguirem os preceitos de Moisés.
“E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham, intrometido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão: aos quais, nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre nós” (Gl 2.4-5).
Os falsos irmãos que Paulo está se referindo, são os judaizantes (At 15.1), judeus que tinham aceitado o batismo cristão, mas permaneciam legalistas militantes, impondo as leis mosaicas. Para Barnabé, que era judeu (At 4.36), a circuncisão não seria problema. Porém, Tito sendo grego, foi um risco que Paulo correu, mas não foi uma provação introduzir um incircunciso entre os judeus. Os judaizastes queriam que Tito fosse circuncidado. Encontramos a compreensão e a tolerância de Paulo com os fracos na fé, a ponto de circuncidar Timóteo (At 16.3); mas nessa reunião em Jerusalém, onde expôs o Evangelho que pregava aos gentios, ele não cedeu nem um pouco, nem por uma hora. Isso por duas razões: Tito era grego (portanto, gentio), e porque estava em risco a Verdade do Evangelho e o futuro do próprio cristianismo. Os judeus estavam usando a circuncisão como meio de salvação (At 15.1).
Precisamos fazer uma pausa e analisar as palavras “espreitar a nossa liberdade” (Gl 2.5). (O termo grego kataskopos é traduzido “espiar”). A. T. Robertson diz que significa “reconhecer, fazer uma investigação traiçoeira”. Por quê? Isso não é difícil de entender: Para escravizar! Havia alguns que não só se aborreciam com a liberdade de Paulo, mas também queriam que outros vivessem na mesma escravidão que eles.
Eram homens desprovidos da graça de Deus, intrometidos, pois não tinham chamada ministerial, nem entendimento espiritual e usados pelo diabo para tirar a liberdade dos crentes e com isso levá-los a escravidão humana. Se não existir liderança comprometida com o evangelho e com a verdade, o diabo introduz solapadamente as regras humanas na igreja, tornando-se uma seita.
Paulo não se intimidou e manteve-se inflexível na sua determinação. Com confiança ele procurou a liberdade que cada um daqueles convertidos gentios tinham o direito de reclamar. Ele enfrentou o legalismo e nós também devemos fazer isso. Estejam certos, os legalistas não recebem a mensagem, se você mostrar-se inseguro e for brando com eles. Não há necessidade de ser mesquinho, mas, sim de ser firme na Palavra.
Na ação dos judaizantes, os apóstolos viam dois problemas sérios: a ameaça á liberdade cristã e o perigo de o cristianismo, o tornar-se mera seita judaica. Os judaizantes alteraram o cerne do Evangelho, colocando a lei e ritos tradicionais como complemento da obra de Jesus no Calvário; era, de fato, “outro evangelho”, razão pela qual o apóstolo Paulo os censurou gravemente (Gl 1.8-9).
Existem pessoas que não querem nossa liberdade. Elas não querem que sejamos livres diante de Deus, aceitos como somos pela Sua graça. Elas não querem nossa liberdade para expressar a nossa fé de modo original e criativo no mundo. Elas querem controlar-nos; querem usar-nos para os seus propósitos.
Elas se recusam a viver abertamente a fé, mas tentam obter um senso de aprovação, insistindo que todos se pareçam, falem e agem do mesmo modo, validando assim seu mérito mútuo. Os tais se infiltram nas comunidades de fé para “espiar e estreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus” e com freqüência encontram meios de controlar, restringir e reduzir a vida dos cristãos livres. Sem perceber, ficamos ansiosos sobre o que os outros dirão a nosso respeito, obsessivamente preocupados com o que os outros acham que devemos fazer. Não vivemos mais as boas novas, mas tentamos ansiosamente memorizar e recitar o roteiro que alguém nos designou. Em algumas circunstâncias podemos nos sentir seguros, mas não seremos livres. Podemos sobreviver como uma comunidade religiosa como os fariseus da época de Jesus viviam, mas não experimentaremos o que significa ser humanos, vivendo em fé e amor, expansivos em nossa esperança.
Paulo diz: “Aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do Evangelho permanecesse em vós” (v. 5).
Cada indivíduo livre, das tradições, que se beneficia da coragem de Paulo, irá continuar vigilante no movimento de resistência formado por ele.
É claro em At 21.20 que Paulo apoiava a continuação pelos judeus da cerimônia da circuncisão e do cumprimento da lei. Porém, para os gentios que tinham aceitado o evangelho, a obrigação de passar pela circuncisão, para garantir a salvação, era anular a graça de Deus e tornar vã a morte de Cristo (Gl 2.21). O rito em si, tanto da circuncisão como o batismo, não tem valor (cf 1ª Co 10.1-12). Mas a fé que atua pelo amor.
As marcas do corpo não têm valor algum para quem está em Jesus: “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gl 5.6). Paulo declara que aquilo que o levou a pôr toda sua confiança na fé para a salvação foi a revelação do Salvador que tão profundamente o amou (Rm 5.8; 8.32). Observe a relação inquebrável entre, fé amor e esperança.
Os fariseus queriam levar a igreja da Galácia para um ritual passado, não para glorificar a Deus, mas para se gloriarem na sua carne.
“Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo. Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. E, a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus. Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém!” (Gl 6.13-18).
Tanto nos tempos de Paulo e como agora, um dos problemas mais sérios que afeta a igreja é o legalismo, que arrebata o gozo do Senhor da vida do crente e com o gozo se vai o verdadeiro poder para adorar a Deus “em espírito e em verdade”.
O legalismo é uma atitude carnal que se conforma a um código, com o propósito de exaltar a pessoa, ou seja, exaltar a si mesmo e ganhar méritos, ao invés de glorificar a Deus pelo que Ele tem feito; e o poder é a carne, não o espírito, que produz resultados externos somente similares à verdadeira santidade. Os resultados são, na melhor das hipóteses, falsificações e não podem jamais aproximar a santificação genuína, por motivo da atitude carnal e legalista.
Entre os fariseus convertidos na igreja de Jerusalém, houve os que insistiram na submissão da lei para se salvarem. Eram os “zelosos da lei mosaica” (cf. At 21.20) ou judaizastes. Mas Paulo que era comprometido com o evangelho de Jesus não podia aceitar a mistura no cristianismo.
A Bíblia, particularmente o Novo Testamento, não é a Verdade para os seguidores do farisaísmo, porque se dizem cristãos? Seria melhor e mais coerente declararem-se prosélitos do judaísmo e partidários da seita dos fariseus, porque seriam muito mais claramente entendidos pelos verdadeiros cristãos.
O crente salvo tem as marcas de Cristo (2ª Co 11.23-27), que são as marcas provenientes da perseguição em contraste com a marca da circuncisão imposta pelos judeus.
“Foi alguém chamado, estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça circuncidar. A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus” (1ª Co 7.18-19).
O que importa na vida cristã é a obediência porque comprova a existência do amor e fé. Existem crentes que se apegam nas coisas físicas e carnais e esquecem-se das espirituais. Paulo diz que não é a circuncisão, e nem incircuncisão, não é um rito exterior que vai garantir a nossa salvação, mas ser uma nova criatura em Deus. Não é pela aparência exterior que julgamos se somos salvos ou não. Jesus mesmo ensinou seus discípulos dizendo: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela Justiça”. (Jo 7.25). Os fariseus julgavam pelas aparências, mas Jesus nos ensinou que não é assim o verdadeiro julgamento. A justiça é as vestes do cristão salvo, o fruto do Espírito e bom caráter e separação das concupiscências carnais é que irão mostrar a diferença do cristão salvo, santo e regenerado.
I. TRÊS ADJETIVO QUE PAULO USA PARA OS FALSOS OBREIROS
“Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão!” (Fl 3.2-12).
O apóstolo Paulo difere aqui uma série de críticas aos adversários com o fim de alertar os filipenses.
Acautelai (no gr. blepo), ter o poder de entender, ver, discernir; prevenir; precaver; evitar; vigiar resguardar defender; usar de cautela. O apóstolo Paulo usa três vezes esse termo para frisar o cuidado que devemos ter com certos líderes espirituais.
1. Cães. Quando Paulo chama certas pessoas de “cães” e “maus obreiros” eram os fariseus cristãos que acreditavam, erroneamente, ser essencial aos gentios a obediência a todas as leis judaicas do AT, especialmente a submissão ao rito da circuncisão, a fim de receberem a salvação. Muitos judaizantes estavam motivados apenas pelo orgulho espiritual. Por terem investido tanto tempo e esforço para conservar suas leis, não podiam aceitar o fato de que todos esses esforços não os levariam a um passo mais próximo da salvação.
Paulo critica os judaizantes por interpretarem o cristianismo de modo errôneo; acreditavam que o que os tornava crente era seu ato (a circuncisão – isto é, cortar e mutilar a carne), e não a dádiva da graça recebida gratuitamente de Cristo. Aquilo que os crentes fazem é o resultado de sua fé, não um pré-requisito para a fé, que já tinha sido confirmado no concílio em Jerusalém onze anos antes. Cristo é único valor para Paulo, os rituais e regras ficaram para traz.
Paulo pede que tenhamos cuidado com este tipo de pessoa. Eles estão nas igrejas, achando que as edificam, quando, na verdade, as desmontam com seu legalismo rancoroso. A graça, para eles, ficou na cruz, não podendo hoje ser mais ministrada. São cães, negativamente falando, porque não ouvem mais a voz de Deus. Quando a ouvem, é pela metade. Cuidado com eles. Seu cristianismo, sem graça, não é o de Cristo. Como os cães do Primeiro Testamento, eles se alimentam, não da comida pura de Deus, mas de restos estragados de um Evangelho mutilado.
2. Os maus obreiros. Foi Cristo quem deu dons espirituais as pessoas, a fim de edificar o corpo de Cristo. Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir um corpo espiritual. É ele quem faz com que o corpo todo fique bem ajustado e todas as partes fiquem ligadas entre si por meio da união de todas elas. E, assim, cada parte funciona bem, e o corpo todo cresce e desenvolve-se por meio do amor. A edificação do Corpo espiritual de Cristo é tarefa de todo aquele que recebeu de Deus um dom e o exercita.
Todos os membros do Corpo de Cristo são obreiros de Cristo. Podemos escolher ser bons ou maus obreiros. Os maus obreiros são aqueles que, não importando a sua função, buscam seus próprios interesses, usando sua fé ou a dos outros para benefício próprio.
Os maus obreiros são aqueles que fazem os outros tropeçarem. Há muitos cristãos que nunca conduziram uma pessoa a Cristo, mas já levaram, por palavras e atitudes, muitos para bem longe do Salvador.
Os maus obreiros têm uma doutrina correta, mas uma motivação errada. Têm um ministério correto, mas uma motivação errada. Por isto, continua válido o critério apostólico para se discernir um falso obreiro era verificar para quem apontava a mensagem: se para o mensageiro, ele era falso; se para Cristo, ele era verdadeiro. Os maus obreiros são aqueles que, por displicência ou por preguiça, fazem de qualquer maneira o trabalho que o Senhor lhes confiou. Suas mensagens são legalistas e por isto são maus obreiros.
3. Os da falsa circuncisão. O apóstolo Paulo refere-se aqui aos judaizantes, que achavam que os não judeus tinham que se fazerem judeus para se tornarem cristãos.
Há ainda cristãos tão legalistas que temos de nos perguntar se suas crenças são realmente cristãs. Os da falsa circuncisão, falsa porque feita de aparência, são os que, em nome de Jesus, machucam e ferem e maltratam os outros.
Constatamos em cultos em que há pregadores legalistas e radicais, que suas mensagens são vazias, pobres e sem conteúdo, e as igrejas que a ouvem não sentem a unção e brisa do Espírito Santo, pouco se ouve o glorificar, pois o Espírito de Deus não pode operar quem está fora da Palavra. Para conseguir mover os incautos na fé apelam pelos sermões bombalísticos do que pode e o que não pode (regras e princípios tradicionais). Entretanto, podemos discernir que este mover não é espiritual, mas um frenesi emocional causado pelo pregador e falta de maturidade pelos que ouvem.
Entendo também que muitos dos que participam dessas denominações estão oferecendo fogo estranho ao Senhor como fez “Nadabe e Abiú” (Lv 10.1-2).
O Espírito Santo não é Deus de confusão e sim de paz, como em todas as igrejas dos santos (1ª Co 14.33). Com esta base, podemos afirmar que este tipo de “mover espiritual” causado por sermões legalistas contrariando os ensinos de Jesus e dos apóstolos (Mt 15.1-3, 9; Mc 1.1-10; At 15; Cl 2.8, 16-23), não são do Espírito Santo, mas pelos artistas que pela artimanha de Satanás enganam as igrejas sem base bíblica.
Legalismo na história da teologia é a teoria de que um homem obtém e merece sua salvação fazendo boas obras ou obedecendo a lei.
Legalismo poderia ser definido como qualquer tentativa de apoiar-se no esforço próprio para obter ou manter nossa justificação diante de Deus.
II. A CIRCUNCISÃO EXALTA A MANEIRA E PRÁTICAS RELIGIOSAS
O apóstolo refuta os judaizantes usando nomes pejorativos, e por fim, desqualifica a circuncisão da carne, recomendando um novo tipo de circuncisão feita no Espírito e não mais na carne.
“Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne. Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: (Fl 3.3-4).
[...] Segundo Werner de Boor a palavra “carne” aqui representa toda a religião produzida pessoalmente nas profundezas do coração e do estado de espírito. Essa “carne” pode ser sempre reconhecida no fato de que o ser humano continua voltado sobre si mesmo, confia em si mesmo e se gloria em si mesmo. “Carne” é sua natureza centrada em si mesma. Mesmo quando exerce a moral e a religião, o ser humano fica preso a seu eu, cultiva e gloria-o, até mesmo quando cita o nome de Deus.
1. A circuncisão é um rito carnal. “Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa” (Gl 4.23). “Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora” (Gl 4.29).
O apóstolo Paulo faz uma comparação entre o filho da escrava (Agar) e o filho da livre Sara. Ismael, filho de Agar, nasceu da carne. Isaque, filho de Sara, nasceu da promessa (Gn 21)
Paulo explica alegoricamente que Agar representa a Lei, assim como o Monte Sinai, local em que a Lei foi entregue a Moisés (4.25). A Lei, que é transitória, foi um AIO (3.24). Agar e o Sinai representam a escravidão (4.25).
E Isaque representa a liberdade. Portanto, há uma diferença muito grande entre o “judaísmo e o cristianismo”. Cristo é o responsável por isso. O ex-fariseu Paulo entendeu que somos salvos pela graça de Cristo, mas os crentes da galácia não conseguem compreender como ele.
Pela adoção em Cristo, somos herdeiros da mesma promessa de Abraão e filhos da Promessa (4.28). O apóstolo volta a sua pontaria para os “falsos irmãos” que perseguem os que são de Cristo, como Paulo, que perseguia em nome do Judaísmo, ou seja, a história se repete.
Sara mandou embora a escrava e seu filho (Gn 21.8-21). Ainda que tenha sido abençoado por Deus, Ismael era filho da escrava. Nós, porém, somos filho da Livre em Cristo Jesus (4.31) e herdeiros de todas as promessas que se cumprirão pelos séculos dos séculos!
2. Paulo associa insensatez ao apego à lei. No capitulo 3.1-5 de Gálatas Paulo diz: “Quando eu estava aí, ensinando a vocês a verdade, apresentei um salvador que todo o castigo pelos seus pecados. A sua morte e, subseqüente, ressurreição já foi o pagamento final de Deus pelos nossos pecados. Pagamento total! Tudo o que tem a fazer é crer que ele morreu e ressuscitou dos mortos por você. Ele foi publicamente exibido para que todos vissem, e agora a verdade pode ser declarada para que todos creiam. Vocês creram nisso certa vez e foram gloriosamente libertados. Mas, não agora. Quem levou a mudar da lealdade à glória de Deus para as opiniões humanas, da obra do Espírito para os efeitos da carne?”.
Paulo se lembra dos tempos obscuros do legalismo (período de obras mortas (3.2)). “Começar no Espírito e aperfeiçoar na carne” (3.3), para o Apóstolo Paulo não é um aperfeiçoamento, mas retrocesso; voltar para as obras da lei.
Paulo finaliza esta passagem revelando que o Espírito Santo, que opera milagres, que dá entendimento e que foi concedido mediante a Fé, está isento do cumprimento da lei (3.5). Ainda hoje, há algumas igrejas que têm introduzido práticas legalistas.
Foi muito difícil para a Igreja primitiva, constituída a princípio de judeus, aceitarem também que a porta da fé foi aberta aos nós gentios. Todos os pactos, a adoção de filhos, as alianças, as promessas e etc..., foram dados ao povo judeu: “Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa” (Rm 9.8).
Deus trouxe uma revelação bem clara ao apóstolo Pedro, através daquele lençol que descia do céu, com todo tipo de animais, que para os judeus eram imundos (At 10.9-48), que nós gentios também fomos feitos um com eles (Ef 2.14).
“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4-5).
Paulo nos convida a entender essa intimidade que a filiação com Deus nos proporciona. Entendendo essa filiação e o teor dessa declaração; Não são os filhos da carne que são filhos de Deus (Rm 9.8), mas os da promessa, os eleitos, é que são contados como descendência: “Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Por quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos” (Rm 11.6-7).
No tempo de Deus, Cristo veio ao mundo humano, nascido de mulher e sob a lei. A lei foi nos dada primeiramente para que pudéssemos entender o valor e a extensão da graça por intermédio da adoção. Portanto, não somos escravos, mas Filhos de Deus e herdeiros de todas as bênçãos celestiais (4.7 - Ef 1.3).
“E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus. Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por natureza, não o são; mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? (Gl 4.6-9).
Paulo tem a compreensão que o Judaísmo, ainda que tenha vindo de Abraão, passando por Moisés e os Profetas, agora já não tem mais valor. Paulo descreve esse período como “rudimentos fracos e pobres”.
Guardar dias, meses, tempos e anos (4.10) revela a facilidade com que os judeus guardavam a lei e as tradições. Neste cenário saudosista, Paulo questiona se o seu trabalho evangelístico não foi em vão (4.11). O apóstolo, sabiamente percebeu que o judaísmo foi estabelecido para que a compreensão de Cristo fosse mais profunda.
3. Paulo tinha todas as credenciais para se gloriar na lei:
a. Segundo a lei e seus direitos de nascimento: “Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Fl 3.4-6).
b. Segundo a graça ao escolher Cristo: “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fl 3.7-12).
Á primeira vista parece que Paulo está se gabando de suas realizações (vv. 4-6). Mas, na verdade, ele está fazendo o oposto quando mostra que as conquistas humanas, por mais surpreendentes que sejam não podem levar uma pessoa à salvação e à vida eterna com Deus. Paulo tinha credenciais impressionantes: origem, nacionalidade, formação familiar, herança, ortodoxia na religião, atividade e moralidade. Entretanto, sua conversão à fé em Cristo (At 9) não estava baseada no que havia feito, mas na graça de Jesus. Paulo não dependia de suas próprias obras para agradar a Deus, porque até as mais notáveis credenciais estão longe de se comparar aos santos padrões divinos. Será que você depende de pais cristãos, filiação à igreja, tutores para levar aos céus, ou apenas de ser bom para tornar-se agradável a Deus. Credenciais, realizações ou reputações, não trazem a salvação como um pagamento. A salvação vem pela fé genuína em Cristo.
Paulo alega em seu discurso, que poderia “confiar na carne”, pois gozava de títulos e privilégios. Paulo não fez. Com isso ele denuncia a fraqueza da lei. Para Paulo Cristo é o fim da lei. Desta oposição apresentada por Paulo, ele exorta a comunidade a ser seus imitadores como ele é de Cristo (Fl 3.17).
Quando Paulo fala de “o que para mim era ganho” (v. 7), está se referindo à suas credenciais, reputação e sucessos. Depois de mostrar que poderia vencer os judaizantes conforme as regras e padrões deles (pois demonstravam orgulho de sua identidade e realizações), Paulo mostrou que estavam errados. Tenha cuidado ao atribuir uma importância excessiva às realizações do passado, pois elas podem intervir em seu relacionamento com Deus.
Depois que Paulo avaliou o que havia conquistado em sua vida, disse que tudo aquilo era “perda” (v. 8) quando comparado à grandeza de conhecer a Cristo. Essa é uma profunda declaração a respeito de valores. Um relacionamento de uma pessoa com Cristo é mais importante do que qualquer outra coisa. Será que você está colocando algumas coisas acima de seu relacionamento com Cristo? Será que você está agradando a Cristo com tuas tradições?
Nenhuma medida de obediência à lei, aperfeiçoamento próprio, disciplina ou esforço religioso poderá nos tornar agradáveis a Deus. A justiça vem somente d’Ele.
Paulo está falando em uma renúncia de valores, renúncia dos odres velhos e dos remendos de panos novos em panos velhos, isto é uma renúncia passada (v. 13), um alvo para o presente (v. 14) A graça é o único valor para Paulo. O homem não deve mais confiar e por sua confiança no esforço humano, mas unicamente no sacrifício de Cristo.
Para herdarmos as promessas de Deus não devemos usar certos tipos de sacrifícios, quer sejas da lei mosaica ou humana. Paulo ao escrever aos Filipenses é claro neste ponto, pois não é a circuncisão literal, mas interior e espiritual.
O primeiro erro doutrinário que se infiltrou na igreja primitiva se chama “legalismo”, que é tentar agradar a Deus pela obediência a lei e as doutrinadas de homens, para deste modo obter a salvação.
“Tentando mostrar o erro de “confiar na carne”, Paulo refere-se a sua própria vida. Se fosse possível obter salvação através do cumprir regras, Paulo certamente teria sido bem sucedido. Deste modo, ele não teria necessitado de Cristo. Enfatizando sua linhagem impressionante, Paulo afirma que ele era “irrepreensível” no que concernia à justiça legalista (v. 6). Mas Paulo chegou à importante conclusão que ele era um pecador sem nenhuma esperança de salvação, até ao momento em que ele renunciou seus próprios esforços para receber a justiça pela fé em Cristo Jesus (v.7).
Está claro que Paulo no início de sua vida teve somente um motivo para servir a Deus: Egoísmo. Tudo que ele fazia era para preencher um único propósito: o de fazer a si mesmo aceitável aos olhos de Deus. Ele estava preocupado somente consigo próprio e em sua justiça a ponto de consentir na morte de Estevão. Mas, depois de passar anos lutando para se fazer aceitável aos olhos de Deus através de uma obediência egocêntrica, ele desistiu de tudo em troca da justiça que pode vir somente através de um relacionamento com Cristo (v.8).
[...] Alguns dos crentes de Filipos, embora salvos através da fé em Cristo, estavam tentando manter sua salvação pelo aperfeiçoamento de suas regras. Esta falta de entendimento resultou numa obediência a Deus baseado no medo, e isso tirou o gozo deles no Senhor. Paulo adiantou-se a explicar mais ainda que a verdadeira perfeição era impossível até para ele mesmo (v.12). Em Cristo o crente já é aceitável aos olhos de Deus; ele não tem que lutar para ser perfeito, de acordo com o padrão dos homens para ganhar o amor de Deus. É claro que Paulo não estava encorajando os crentes a viverem de maneira libertina. Ao contrário, ele os encorajava a serem crentes maduros, a viverem uma vida de obediência aos desejos de Deus, motivados por um profundo amor a Deus, não pelo medo de perder a salvação [CARL B. GIBBS P. 51].
Por preocupação, Paulo revê as noções básicas com estes crentes. A Bíblia é nossa salvaguarda, tanto moral como teologicamente falando. Quando a lemos individualmente ou em público, ela nos alerta para as correções que devem fazer em nossos pensamentos, atitudes e ações.
“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3.17-18).
Paulo nos mostra que aqueles que confiam na salvação pelas suas obras, tornam-se inimigos da Cruz de Cristo.
Os justos são justificados somente através do sangue de Cristo; a lei é para os transgressores citados no versículo 9 e 10, e Paulo acrescenta: “tudo quanto se opõe à sã doutrina”.
III. A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO
“Foi alguém chamado, estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça circuncidar. A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus” (1ª Co 7.18-19).
O que seria importante para um cristão que deseja ter uma vida intima com Deus. Cumprir as regras humanas e secundárias? Não. A circuncisão nada é. O ato exterior não serve para santificar, pois é uma satisfação da carne. Mas guardar as ordenanças (ensinos e princípios) de Deus no coração, leva o homem ter uma comunhão intima com o Senhor.
[...] Alguns dos judeus crentes, havendo interpretado a lei para afirmar que a circuncisão era necessária para a salvação, começaram a dar demais importância a este ato simbólico. Da mesma maneira, hoje necessitamos ser cuidadoso para não permitir que rituais e cerimônias passem a ter valor como agente da salvação. Somente Cristo pode nos dar a salvação [GIBBS P. 74].
1. A circuncisão de Cristo.
“No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo. Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. E quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos as ofensas. Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. (Cl 2.11-15).
A circuncisão na carne era um rito que tinha alto significado entre os judeus (Gn 17.10-12). A circuncisão física era um sinal do Antigo Testamento, concernente a uma aliança firmada entre Deus e o homem (Rm 4.11-12). Como já vimos em Atos dos Apóstolos, os convertidos ao cristianismo eram pressionados pelo legalismo judaico (At 15.10). Pedro teve de enfrentar a oposição (At 11.2). Paulo exortou-os dizendo: “No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo” (v. 11).
A circuncisão de Cristo” era (e é) espiritual (Rm 2.28-29). A circuncisão de Cristo (v. 11) não é um sinal corpóreo no crente, mas uma mudança de coração (Rm 2.28-29; Gl 6.15). Uma nova vida em Cristo, ou seja, o novo nascimento.
2. O batismo em Cristo.
A Bíblia fala aqui do batismo espiritual, através do qual somos imersos no corpo de Cristo que é a igreja (Rm 6.3-5). É um batismo mediante “a fé no poder de Deus (v.12), e não mediante a água. No pecado, o homem é considerado morto para Deus. Na conversão, ele é regenerado (2ª Co 5.17), passa pela “circuncisão de Cristo” e, ao mesmo tempo, é batizado em Cristo. Esse batismo espiritual é confirmado mediante a profissão de fé, quando da realização do batismo em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). Esse batismo espiritual é uma representação do novo nascimento espiritual (Jo 3.3-5), em que Deus justifica pela fé o pecador arrependido anulando toda sentença de condenação (2.14) e dando-lhe vitória sobre as forças do mal (2.15).
3. A circuncisão deve ser no coração.
Primeiro precisamos entender o termo empregado por Paulo. A palavra coração no Hebraico é leh. A raiz verbal significa “ganhar compreensão, criar juízo”. Quando Paulo fala de coração refere-se ao espírito onde está o controle do ser humano e a consciência. Paulo usa esta alegoria “coração” para mostrar que a salvação depende primeiramente da transformação do interior (espírito e mente) do homem.
O coração representa a força espiritual (Lm 3.41), como intimo da pessoa (Jr 17.10). Emprega a palavra para indicar a percepção (Jr 4.9); o pensamento (Ec 2.20); a memória (Sl 31.12) e a consciência (Jó 27.6).
O coração (consciência) é onde o homem toma todas as decisões da vida; o corpo é o invólucro da alma e do espírito, onde Paulo classifica como o “templo do Espírito Santo” (1ª Co 6.19; cf 1ª Co 3.16), e seremos julgados por meio do corpo, bem ou mal (2ª Co 5.10). Porém, nos dias de Jesus os fariseus se preocupavam mais com a exterioridade do que a pureza do coração (Mt 15.8-20). Portanto, exterioridade não é símbolo de salvação.
Esta passagem é uma advertência solene contra os perigos da presunção (soberba), confiança na justiça própria, e contra o formalismo que confia no batismo ou a ceia, nos dízimos como garantia em si mesmo da salvação daqueles que o recebem.
Judeu é aquele que o é interiormente no original grego kruptos ou kruphaios; que significa: (oculto; escondido; secreto; ocultar aquilo que não deve tornar-se conhecido).
Note que a circuncisão na Velha Aliança era no prepúcio do homem, ou seja, era na carne, mas, ficava escondida – era um sinal entre Deus e o homem. Da mesma forma a circuncisão no coração é um sinal entre o servo e o Seu Senhor. Ninguém pode ver por que é no secreto do seu coração.
Os fariseus pensavam que um judeu circuncidado não podia ser condenado ao inferno. A salvação para eles era no exterior e no cumprimento de suas tradições, porém Paulo diz que não a circuncisão é no oculto do coração, ou seja, na mente do cristão. É algo divino é do Espírito e o crente.
“Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus” (Rm 2.28-29).
Existem pregações que a glórias é sempre para o homem. Os seus argumentos são infundados, e sem base bíblica. Isto é perigoso, pois corremos o risco de voltarmos os rudimentos do mundo.
A circuncisão é um ato exterior e traz louvor dos homens e não de Deus. Os judeus que se convertiam a Cristo estavam colocando como meio de salvação a circuncisão e Paulo repreende severamente dizendo que a salvação não é o exterior, mas a circuncisão no coração. Judeu verdadeiro é o que é no interior, circuncisão válida é a que é feita no coração (Rm 2.25-29). Qualquer rito, sinal ou obra que fizemos se não for resultado da operação da graça de Deus em nossa vida, não tem nenhuma validade.
Os judaizantes ensinavam que a salvação era um processo longo e contínuo, dependente da realização de rituais específicos, e cada um deles trazia a pessoa mais perto de Deus. Paulo contradiz esta teoria enfatizando que a salvação é completa em Cristo; uma vez que em Cristo, nada mais é necessário. Paulo ainda usa o exemplo da circuncisão para explicar este ato. Mostrando que ela simboliza a circuncisão mais importante, que é no coração.
A salvação é mérito somente de Jesus: “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. Aquem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos” (Rm 3.24-25).
Isaías 64.6 “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam”.
Ninguém nunca alcançará o padrão divino de absoluta perfeição moral e será digno de sua glória. Portanto, se houver alguma salvação, ela deverá acontecer pela graça e não as justiças humanas. Por isto Davi pede a Deus um coração puro: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e remove dentro de mim um espírito inabalável” (Sl 51.10). Enquanto que os fariseus exigiam exterioridade Deus pede o coração. Davi preocupa-se em ter um coração limpo e puro diante de Deus.
O Senhor não se contenta apenas com nossos lábios, mas quer nosso coração e toda a nossa confiança. “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradam dos meus caminhos” (Pv 23.26).
Pr. Elias Ribas
Blumenau – SC.
Fonte:
Teologia em foco
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