A primeira geração cristã considerava-se posteridade espiritual de Abraão (Gl 3.8; 4.21-31). Sem distinção de judeus, samaritanos, gregos ou qualquer outra etnia (Jo 10.16; 12.20-32). Civilizados e bárbaros, senhores e escravos, homens e mulheres (1º Co 12.13; Cl 3.3-11; Gl 3.28), ninguém poderá ser discriminado no projeto fundado por Jesus, a Igreja (Mt 16.18), de quem Ele é também o fundamento (Hb 13.8). Por um lado, a Igreja dá continuidade ao povo da Antiga Aliança ao tornar-se receptora das promessas de Deus no Messias (At 2.25); por outro, rompe com o judaísmo ao declarar que Jesus crucificado é o Senhor (At 2.36).
I. O PRIMEIRO CONCÍLIO DA IGREJA CRISTÃ
A igreja primitiva do primeiro século enfrentou problemas com os fariseus. Alguns cristãos de tradição judaica insistiam que todos os cristãos obedecessem a lei judaica. Os gentios deveriam ser todos circuncidados. As igrejas orientadas por Paulo e Barnabé, porém, ensinavam que o caminho da salvação era um só para todos os homens. Eles salientavam que a fé em Jesus Cristo, e não a lei judaica era o caminho para a vida eterna. Como conseqüência disso, houve dissensão na igreja.
No ano 49 d.C os apóstolos reuniram-se em Jerusalém para resolver um problema doutrinário, a saber: a salvação ocorre pela fé, não por obras ou pela observância da lei.
Os apóstolos tiveram muita preocupação de não permitir que as heresias, os falsos ensinos, penetrassem na Igreja. O primeiro ataque doutrinário lançado contra a igreja foi o legalismo. Alguns judeus convertidos ao cristianismo estavam instigando os novos convertidos á prática das leis judaicas, principalmente a circuncisão.
Em Antioquia havia uma igreja constituída de pessoas bem preparadas no estudo das Escrituras (At 13.1). Esses crentes perceberam a gravidade do ensino de alguns que haviam descido da Judéia e estavam ensinando certas heresias.
Os ensinamentos daquelas pessoas eram uma ameaça á Igreja. Então foi necessário constituir-se um Concílio para apreciar tais questões e tomar uma posição diante delas.
“Então, alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos. Alguns, porém, da seita dos fariseus que tinham crido se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés” (Atos 15.1, 5, 19).
Os judeus nunca se julgaram capazes de julgar a lei perfeitamente, mas queriam colocar um jugo sobre os discípulos, um jugo segundo Pedro que nem seus pais puderam levar, anulando a graça de Cristo.
“Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos- um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também” (At 15.10-11).
Os fariseus convertidos ao cristianismo estavam perturbando os apóstolos e os gentios novos convertidos: At 15.19, 24 “Pelo que julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento”.
Devemos saber que:
Que nenhum rito em si tem valor espiritual; o valor está no seu significado.
Que é muito freqüente as pessoas entusiasmarem-se por rito (prática religiosa) e serem exigentes para esse rito seja observado do mesmo modo que eles mesmos o praticam.
Que procurem estudar a Bíblia para obter base escriturística para combater os ritos legados do passado.
Que o amor de Deus reine em nossos corações, para que as divergências internas desapareçam.
II. O PARECER DE TIAGO NESTE CONCÍLIO FOI O SEGUINTE
“Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardar” (At 15.28-29).
Mesmo que alguns desses movimentos tenham surgido com objetivos nobres, buscando a restauração espiritual da Igreja, quase sempre finda por trilhar o caminho dos desvios doutrinários. Neste ponto, cabe uma rápida apreciação de um dos textos clássicos no Novo Testamento relativo ás fontes e aos perigos dos desvios da fé, explicitado pelo apóstolo Pedro (2ª Pe 2.1-3).
Os fariseus da era apostólica estavam acrescentando algo mais no evangelho de Cristo, mas neste concílio o Espírito Santo estava presente e orientava os apóstolos para que eles pudessem entender o verdadeiro sentido da graça de Cristo e não impor nem um encargo (leis) além do que já haviam aprendido com Cristo.
A independência da igreja é respeitada. As conclusões do concílio apostólico são escritas e enviadas como mandamentos de uma hierarquia, mas como conselhos importantes. O selo do Espírito Santo adiciona peso e harmonizaria possíveis divergências.
Encontramos neste contexto a narrativa que demonstra a importância para aqueles que têm o ministério do ensino ficar atentos a certos ensinos que contrariam a fé cristã. São muitas as fontes que ameaçam a Igreja.
Em muitas epístolas do apostolo Paulo, expressa abertamente o terrível combate contra o ferrenho farisaísmo, que ainda hoje, continua sendo, talvez, o maior problema das igrejas cristãs.
Os judaizantes tentavam arrastar os novos crentes para as práticas cerimoniais judaicas como prerrogativa para uma vida justa. Se pudéssemos ser salvos e levados a uma relação correta e legitima com Deus através do cumprimento de determinadas normas e regras, por melhor que sejam então Jesus nem precisaria ter morrido por nós.
Qualquer pessoa ou religião que ignora ou nega o sacrifício de Jesus como elemento único e suficiente para a salvação não pode ser considerado cristã.
Pr. Elias Ribas
Dr. Em Teologia
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