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MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
Bastante exaltado, o líder do PR no Senado, Magno Malta (ES), usou a tribuna da Casa nesta quarta-feira para atacar o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).
Ele chamou o petista de "safado", "camaleão" e "mentiroso" e ainda recomendou que ele "lave a boca com álcool".
Malta disse que o estopim foi uma declaração do ministro durante o Fórum Social de a próxima batalha ideológica seria com evangélicos que são conservadores que têm uma visão de mundo controlada por pastores de televisão.
"Lave a sua boca com álcool seu Gilberto Carvalho. Você precisa aprender a respeitar as pessoas. Vá procurar sua turma. Está brincando com quem?", questionou o senador, que é evangélico.
Segundo ele, a fala foi um agrado de Gilberto aos participantes do fórum que são mais liberais e defendem o aborto.
"Temos que reagir a fala irresponsável desse ministro meia-boca. Barriga não dói só uma vez seu cara de pau."
Malta lembrou que apoiou a eleição da presidente Dilma Rousseff e que foi procurado por Carvalho para ajudar na campanha, especialmente no segundo turno, quando o debate eleitoral foi principalmente em torno da posição dos candidatos sobre o aborto.
O senador disse que também ajudou a "desatanizar" o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, quando foi eleito.
O ministro foi chefe de gabinete de Lula e é um dos interlocutores do governo com a Igreja Católica, com segmentos religiosos e movimentos sociais.
Sugeriu ainda que a presidente pedisse que a bancada do PT tirasse o senador Walter Pinheiro (BA) da liderança do partido, uma vez que ele é envangélico.
Ele disse que todos os evangélicos foram desrespeitados e que o ministro deveria ter consciência da importância desses religiosos para o país e para avanços em políticas públicas. "Quem mais tira drogado da rua nesse país são os evangélicos."
O senador disse que vai sugerir a líderes religiosos que entrem na Justiça contra o ministro. "É um sujeito que nos bajula, mas não da para ouvir esse cara de pau falar e ficar calado. Mexeu no lugar errado."
MINISTRO
Gilberto Carvalho negou, na noite de hoje (8), que tenha criticado os evangélicos e disse que os ataques de Magno Malta devem ser resultado de um "problema de informação". "Seria uma temeridade e uma imbecilidade da minha parte [ter feito as supostas críticas]", afirmou. "Quem conhece minha trajetória sabe do carinho, do respeito que tenho pelo trabalho das igrejas evangélicas no Brasil."
Segundo o ministro, o que ele fez durante o Forum Social foi uma "constatação política". "Quem tem presença na periferia do Brasil, quem fala com [esses] setores, sobretudo das classes C, D e E, são as igrejas evangélicas. Essa presença tem de ser reconhecida, essa presença é real e efetiva. Eu estava fazendo um reconhecimento da importância desse segmento."
Carvalho disse propor uma "aliança" do governo com os evangélicos. Ele afirmou que irá procurar Malta para explicar seu ponto de vista.
Danilo Fernandes comenta
Algumas constatações:
1) Apesar da negativa do secretário geral da presidência, tais declarações (ou supostas declarações), somadas à recente nomeação de Eleonora Menicucci - assumida aborteira - para a pasta da secretaria de políticas para mulheres é caso mesmo de se colocar as barbas de molho.
2) Evangélico optando por xingar, antes de argumentar, já é coisa normal. Mudança de paradigma.
3) A cosmovisão de parcela significativa (não digo TODOS) dos evangélicos (em especial das classes E, D e parte da C) é mesmo controlada por telepastores, um fenômeno cuja a eleição do próprio Malta é prova inconteste.
4) Há um grande tele-bispo controlando sua parcela de "evangélicos", gente bem conhecida do senador, que é aborteiro. Por que o senador não o xinga também? Xinga Malta!
5) Está tudo errado com a bancada evangélica. Toda esta malemolência ética cobra o seu preço.
6) É melhor que os defensores da vida (todos nós, não?) comecemos a nossa mobilização porque a briga vai ser feia e os políticos evangélicos são, em sua maioria, fraquinhos demais. Quando a coisa pega apelam logo para a troca infame de um mal menor por um mal maior (como bom discípulos de Maquiavel) ou para a baixaria deslavada... Vai-se a água e o bebê junto! A flexibilidade de princípios é grande!
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