domingo, 5 de fevereiro de 2012

Gálatas - manifesto em favor da liberdade cristã.


Ps: “o homem que outrora nos perseguia, agora prega a fé que uma vez tentou destruir” Saulo x Paulo

"Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão" (Gl 5:1). 

Judeus cristãos estavam ensinando que a salvação era impossível sem a observância da Lei de Moisés. Eles promoviam não apenas práticas supererrogatórias (práticas além das exigidas pela fé), mas outro evangelho (1:6) que distorcia o evangelho de Cristo (1:7). 

Paulo está furioso em sua Epístola aos Gálatas. "Ó gálatas insensatos!" (3:1). O que está em jogo é a emancipação do cristianismo. Paulo é inflexível: "Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo (...) porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada" (2:16). "E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé" (3:11). "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós" (3:13). 

Escrita no calor do momento, a carta é um ardente manifesto em favor da liberdade cristã. O chamado de Cristo em nossa vida é um chamado à liberdade. A liberdade é a pedra fundamental do cristianismo. Será que Paulo se mostraria menos inflamado hoje em dia diante das práticas da igreja cristã? Será que aqueles ainda aprisionados por velhas culpas, incapacitados pelo medo, exauridos pelos escrúpulos, ameaçados pelos legalistas e temerosos a respeito de sua salvação não mereceriam a mesma repreensão: "Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho" (1:6)? 

Com certeza já ouvimos que a liberdade não é desculpa para libertinagem. Talvez isso seja tudo que ouvimos a respeito da liberdade — o que ela não é. "Essa abordagem, a despeito da verdade limitada que possa conter, é defensiva e temerosa. Aqueles que acenam com ela querem acima de tudo advertir-nos dos perigos de pensar a respeito da liberdade, de ansiar por liberdade. Essa abordagem geralmente acaba demonstrando-nos, ou pelo menos tentando demonstrar, que a liberdade consiste, na verdade, em seguir a lei ou em submeter-se à autoridade ou em trilhar o caminho mais pisado. Por um lado, pode haver alguma verdade nessas conclusões, mas elas carecem de uma consciência do lado sombrio da lei, da autoridade e do caminho mais trilhado. Cada um desses pode ser e já foi usado como instrumento de tirania e de sofrimento humano". 

A que se assemelha a liberdade no Espírito? "Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2Co 3:17). 

A liberdade em Cristo produz uma saudável independência da pressão do grupo, da tentação de agradar e do cativeiro da reverência a seres humanos. A tirania da opinião pública pode acabar manipulando nossa vida. O que os vizinhos vão pensar? O que meus amigos vão pensar? O que as pessoas vão pensar? As expectativas dos outros podem exercer uma pressão sutil mas controladora no nosso comportamento. 

Da mesma forma que o camaleão muda de cor de acordo com a época, o cristão que quer que todos pensem bem dele harmoniza-se e adapta-se a cada nova personalidade e situação. Sem uma auto-imagem estável e duradoura, uma mulher pode oferecer aspectos radicalmente diferentes de si mesma para diferentes homens: ela pode ser devota com o pastor e sedutora com o chefe da repartição. Dependendo da companhia e das circunstâncias, um homem pode ser um servo de Deus de fala macia ou um bronco agressivo e boca suja. A continuidade de caráter está conspicuamente ausente de ambos os sexos. 

Em Cristo Jesus, a liberdade do medo capacita-nos a abrir mão do desejo de agradar, de modo que podemos nos mover livremente no mistério do que realmente somos. A preocupação em projetar uma imagem de "bom moço", em impressionar os novatos com nossa experiência e em depender intensivamente da aprovação dos outros gera inibição, síndrome crônica de pedestal e cativeiro no punho de ferro da reverência a seres humanos. Inconscientemente, podemos revestir a oração do fariseu com a fórmula do publicano. Para a maior parte de nós, é preciso muito tempo para que o Espírito de liberdade purifique-nos dos sutis anseios de sermos admirados por nossa estudada bondade. Requer-se um forte senso dos nossos eus redimidos para sermos capazes de deixar passar a oportunidade de parecermos graciosos e bons para os outros. 

Enfim...Foi para a liberdade que Cristo te libertou. Pense nisso! 

Juliano Fabricio

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