quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

POSSO MORAR EM UM "BARRACO" NO CÉU?



Texto base:
 “Eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra.” (Apocalipse 22.12)
Resolvi escrever este texto após receber uma afirmação que defendia um posicionamento apresentado pela pregadora Sarah Sheeva, que de acordo com os meios de comunicação, ela teria afirmado que muitos cristãos morariam no céu em uma espécie de favelinha celestial e outros morariam em um “condomínio fechado com vista direta para Deus.”(VEJA AQUI) Tal definição serve para ilustrar o posicionamento que alguns grupos religiosos fazem a respeito da promessa bíblica onde os salvos receberão galardão (recompensas) no Tribunal de Cristo (Romanos 14.10). A afirmação provocativa tentava provar que no céu haverá uma forte hierarquia onde muitos salvos nem mesmo verão a Deus, como forma de punição pelas suas obras negativas (posicionamento defendido por Sarah e tantos outros pregadores desta linha teológica). Apresentarei o que realmente a Bíblia nos fala sobre estas recompensas que os salvos receberão na glória celestial.
1.   O que a Bíblia fala sobre galardão:
O dicionário online Michaelis define galardão da seguinte maneira: 1 Recompensa de serviços importantes. 2 Glória, honra, prêmio. Desta forma entendemos que tais recompensas serão dadas aqueles que se dedicaram em fazer a obra de Deus. Não podemos negar, nas Escrituras, a existência desta forma de recompensa que nos dará o Senhor. Podemos ver explicitamente na parábola descrita em Lucas 19.11-27, onde o Senhor cobrará em sua vinda tudo aquilo que temos feitos para o seu Reino.
A palavra de Deus nos fala que tais recompensas serão dadas aos servos de Cristo, ou seja, aqueles que já são salvos. Tal momento acontecerá no Tribunal de Cristo (Romanos 14.10), onde serão julgados somente os salvos em Cristo, após o evento escatológico do arrebatamento da Igreja (1 Tessalonicenses 4:17; 2 Timóteo 4:8). A palavra de Deus nos diz a este respeito: "Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal." (2 Coríntios 5.10). O Senhor nos julgará de acordo com nossa administração daquilo que nos foi entregue por ele, ou seja, se fomos ou não dedicados na obra do Senhor, se fomos misericordiosos, inclusive se cuidamos bem da nossa própria vida (Lucas 16.2; Lucas 19. 11-27; 1 Tessalonicenses 5.23; 1 Pedro 4.10)
A Palavra de Deus apresenta galardão como sendo coroas que o Senhor nos concederá. O pastor Batista Walter Campelo Andrade descreve algumas coroas, são elas: da Glória (1 Tessalonicenses 2.19), da Vida (Apocalipse 2.10) e coroa de Justiça (2 Timóteo 4.8) (CONFIRA AQUI). Entendemos ainda que tais recompensas serão simbólicas, como afirma o teólogo Ciro Sanches, na obra Teologia Sistemática Pentecostal (2008), assim descreve o teólogo:
Muitos crentes sinceros acreditam que o galardão será algo palpável, e que receberão coroas de ouro, literalmente [...] Na verdade coroa fala de posição, domínio, poder [...] quando a Palavra de Deus diz que o galardão está com Jesus, não significa que Ele virá com uma enorme bagagem [...] quando partirmos desta vida, as nossas obras nos seguem (Apocalipse 13.13); isto é, tudo o que fizermos fica registrado no Céu. No arrebatamento, Jesus – que conhece nossas obras (Ap 2.2,,13,19; 3.8,15) – trará consigo o resultado, avaliação de nosso trabalho. (Sanchez, 2008, p. 507)

Concluímos este tópico ressaltando que acima de tudo, o Senhor é justo em recompensar aqueles que realizaram uma administração saudável dos dons que o Senhor, pela Sua Graça, nos concedeu. Contudo, não será por você ser cristão a mais tempo que tal atitude irá te garantir maior reconhecimento. Jesus promete recompensar a todos que trabalharam com dedicação na obra de Deus da mesma forma, independente de quantos anos tenha de vida cristã, ou ainda de qual título que ostentava nesta vida. (Mateus 20.1-16; 1 Coríntios 3.10-15).

2.   Todos os salvos verão a Deus!
Não existe qualquer base bíblica para afirmar que como forma de recompensa alguns salvos ficarão pertinho de Deus, enquanto outros nem mesmo conseguirão ver a Deus. Ainda que consideramos os níveis de recompensa que os salvos receberão, torna-se inconsistente, e até mesmo leviano, afirmar esta divisão num mundo onde o próprio Deus manifestará a sua Glória. Em Apocalipse 21.22,23 encontramos uma clara alusão a presença de Deus na Nova Jerusalém: “Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo. A cidade não precisa de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia.”(Apocalipse 21.22,23). Não precisaria explicar este texto, pois está claro, mas vejamos algumas indagações pertinentes: Como pode o Templo onde TODOS deveriam comparecer, não ser visto por os salvos “excluídos”? Ou ainda, como pode a cidade ser iluminada pela Glória de Deus e possuir salvos que não verão? Meus irmãos quanta tolice! O Senhor não fará acepção de pessoas, muitos menos nos furtará da Sua maravilhosa presença (Mateus 5.8)!  E o que dizer da tão esperada Boda do Cordeiro, onde todos os salvos estão reunidos com Cristo para celebrar a vitória sobre a morte (Apocalipse 19.7-9), estando inclusive coroados, ou seja, teremos recebido nosso galardão (1 Pedro 5.4). Em nota na Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, o autor traz uma explicação coerente sobre Apocalipse 21.22, vejamos:
O Templo de Jerusalém, centro da presença de Deus entre seu povo, era o principal lugar de adoração. Nenhum templo será necessário na Nova Jerusalém, porque Deus estará presente em toda parte, Ele será adorado em toda a cidade e nada nos impedirá de estar com Ele.

Por fim se ainda há alguma dúvida de como será a nossa vida junto do Pai, afirmo a você que todos veremos ao Senhor (Apocalipse 1.7), e a promessa de herdar as maravilhosas bênçãos celestial será ao que vencer (Apocalipse 21.7), ou seja, ao que for salvo, lembrando sempre que salvação é um ato de Misericórdia de Deus e não está ligado a nossas obras, mas expressa a Graça que nos foi dada pelo Supremo amor do Pai (João 3.16; Efésios 2.8,9).


Agradecendo por esta Graça de Cristo,

Jefferson Rodrigues

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