terça-feira, 24 de abril de 2012

Perdoar e não esquecer não é perdoar



“Perdoar, eu perdoo, mas nunca vou esquecer”. Dizemos e ouvimos esta frase com tanta frequência, que é muito fácil aceitar essa ideia como uma coisa “muito natural”. E aí é que está o problema. É a reação mais natural que podemos esperar dos outros. E não sobrenatural. E também pode trazer consequências trágicas.

Na semana passada, li um relato sobre duas irmãs solteiras que moravam juntas, e que, devido a uma divergência não solucionada, resolveram que não se falariam mais (um dos inevitáveis resultados, quando nos recusamos a esquecer). Como não podiam ou não queriam se mudar da casinha onde moravam, continuaram a andar pelos mesmos aposentos, a comer à mesma mesa, a usar os mesmos objetos e a dormir no mesmo quarto... Tudo separadamente, sem trocar uma palavra.

Fizeram um risco a giz no chão, para dividir a área destinada a cada uma, as portas e a lareira. Cada uma delas entrava e saía, cozinhava para si e comia, costurava e lia, sem ao menos pisar no “território” da outra. Na escuridão da noite, uma escutava o ressonar da outra, mas como ambas estavam decididas a não dar o primeiro passo para perdoar e esquecer a tola ofensa, ficaram morando juntas durante anos e anos num silêncio aterrador.

A recusa em perdoar e esquecer conduz a outras tragédias que se tornam monumentos ao orgulho. Quantas igrejas se dividem (muitas vezes, por questões insignificantes), e depois seguem em outra direção, fracionadas, estilhaçadas e cegamente obstinadas?

Quer seja uma questão pessoal, ou pública, revelamos imediatamente se temos ou não um coração de servo, pelo modo como reagimos às ofensas dos outros. E não basta dizer simplesmente: “Está bem, eu o perdoo, mas não pense que vou esquecer”. Isso significa que erguemos em nosso coração um monumento ao orgulho, e que, na verdade, não estamos perdoando nada.

O servo tem que ser uma “grande pessoa”, e suficientemente grande para continuar lembrando o bem e esquecendo o mal. É como diz aquele antigo ditado: “Na areia da praia, escreva as ofensas; no mármore, grave os favores.”

Esquecer implica outras coisas além de não lembrar mais as ofensas; implica praticar bons atos para os outros, sem esperar nada em troca; esquecer a si mesmo no verdadeiro e mais nobre sentido do termo.

Trecho do livro “Eu, um servo? Você está brincando!”, de Charles Swindoll

FONTE: BLOG  ASSEM-BEREIA DE DEUS.

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