segunda-feira, 30 de abril de 2012

SÉTIMA CARTA: À IGREJA EM LAODICÉIA




SÉTIMA CARTA: À IGREJA DE LAODICÉIA

14. “E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus”

1. “...Ao anjo da igreja”. O leitor deve observar que em todas as igrejas, a mensagem inicia-se com a expressão: “...ao anjo da igreja”, e concomitantemente, já estamos familiarizados com esses seres denominados de “anjos” (mensageiros), que no contexto divino são chamados de “estrelas” (cf. 1. 20; 2. 1, 8, 12, 18; 3. 1, 7, 14). Podemos deduzir daquilo que é depreendido, de (Cl 4. 12, 13), onde lemos: “Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servos de Cristo, combatendo sempre por vós em oração, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus. Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodicéia...”. Que Epafras, tenha sido pastor nesta igreja, é bem evidente, mas, não podemos afirmar que trinta anos depois, o mesmo ainda se encontrava ali.

1. LAODICEIA. O nome significa “Laodice” (em alusão a Laodice esposa de Antíoco II). Outros, porém, vêm nessa palavra grega o significado de “poko” e “juízo”, ou “costume”. Situação Geográfica: Laodicéia era uma cidade da província romana da Ásia Menor (hoje, atual porção da Turquia Asiática). A cidade recebeu este nome em alusão à esposa de Antíoco II (Theos), que tinha o nome de Laodice. “Já que Laodice era nome feminino, nos tempos do Novo Testamento, seis cidades receberam tal nome, no período helenista. Por essa razão, a Laodicéia do presente texto, era chamada de “Laodicéia do Lico”, isto é, conforme asseverava Estrabão; 578”, in loc(72). O trecho de Colossenses 4. 13-16 mostra-nos que, nos tempos de Paulo (talvez em 64 d. C.), Laodicéia já contava com uma igreja organizada e próspera.

2. Isto diz o Amém. Como já ficou demonstrado em comentário anterior a este, o Senhor Jesus, quando se apresenta a cada igreja, primeiro faz uma pequena introdução, depois prossegue. A palavra “Amém” veio sem tradução do hebraico para o grego e do grego para o português. Seu significado original traz a idéia de cuidar ou de edificar. O sentido derivado, que chegou até nós, traz a idéia de alguma coisa que é afirmada, ou confirmada positivamente; este é o seu sentido original. O termo é aplicado aqui à pessoa de Cristo, por ser Ele o sim de Deus em todas as promessas (cf. 2 Co 1. 19-20).

Neste livro do Apocalipse, o termo “Amém” envolve quatro usos distintos:

(a) O “amém” inicial, em que as palavras de quem fala são tomadas como palavras daquele que profere o “Amém” (cf. Ap 5. 14; 7. 12; 19. 4 e 22. 20). Nas páginas * do Antigo Testamento há instâncias desse uso em l Rs l.26; Jr 11.5 e 28.6,e ss.

(b) O “Amém” isolado, em que qualquer sentença suplementar fora eliminado. Talvez isso é o que se tem em Ap 5. 14, ver ainda tal uso, igualmente, em Dt 27. 15, 26 e Ne 5. 13, e ss.

(c) O “Amém” final, proferido pelo próprio orador (ver Ap 1. 6, 7; isso também se acha no Antigo Testamento, somente nas quatro divisões dos salmos, nos subtítulos, em SI 41. 14; 72. 19; 78. 52 e 106. 48, e ss.
(d) O “Amém” personificado, isto é, Cristo (Ap 3. 14), que talvez siga o mesmo, segundo se diz, fraseado de (Is 65. 16), “o Deus do Amém” ou “o Deus da Verdade”, conforme algumas traduções traduzem aquela passagem de Isaías.

15. “Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente: ôxalá foras frio * ou quente!”.

1. “...nem és frio nem quente”. “Somos informados que Laodicéia não tinha suprimento de água própria, mas que tinha de ser servida por um aqueduto. Nesse caso, a água chegava morna. Os laodicenses se assemelhavam à sua água. O simbolismo fala sobre a indiferença “religiosa”, sobre a superficialidade, sobre a falta de resolução” (cf. Hb 8. 5 e 9. 23).

1. Três coisas marcantes devem ser analisadas na carta a igreja de Laodicéia: (a) O “tu és” da mornidão; (b) O “dizes” da autocomplacência (a igreja não tinha paixão nem emoção) e (c) O “és” da condenação infalível e terrível do Senhor. O Apóstolo Paulo, escrevendo aos colossenses cerca de 32 anos atrás, disse: “quero que saibais quão grande combate tenho por vós, e pelos que estão em Laodicéia...” Cl 2. la. Ele observou que o quente ali estava ficando “morno”. Cerca de trinta e dois anos mais tarde, isso se concretizou. A mensagem à igreja de Laodicéia é a última às sete igrejas da Ásia Menor. Das sete cartas, é a mais triste, sendo o contrário da carta a Filadélfia. Enquanto Filadélfia não tem coisa alguma de censura, esta não tem qualquer coisa de aprovação. Laodicéia era totalmente desagradável ao Senhor, e isso não por causa de seus pecados (tais como os repreendidos em Pérgamo e ‘Tiatira), mas por causa da sua apatia, seu indiferentismo. Deus quer que seus filhos sejam “fervorosos no espírito” (cf. Rrn 12. 11).

16. “Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te- ei da minha boca”.

1. “...és morno”. Em toda a extensão da Bíblia, a palavra “morno” é usada somente aqui. Três temperaturas são mencionadas neste versículo: “Frio”, “Quente” e “Morno”. Mas a intermediária foi considerada por Jesus Cristo a pior de todas elas, pois expressa apatia espiritual. Jesus predisse a primeira em (Mt 24. 12); Paulo falou da terceira em (Rm 12. 11), ver ainda (Sl 41. 1 e At 18. 25).

1. Vomitar-te-ei da minha boca. O estado de mornidão na criatura que aceita a Cristo e não o segue com sinceridade, é muito triste sob vários aspectos: (a) Fica “coxeando entre dois pensamentos...” (1 Rs 18. 21), à semelhança da “onda do mar”. Ver Tg 1. 6; (b) “O seu coração está dividido...”. Ver Os 10. 2a; (c) Ele serve ao Senhor: “...porém não com o coração inteiro”. Ver 2 Cr25. 2b; (d) “É um bolo que não foi virado”. Ver Os 7. 8b. São eles, em nossos dias, os que querem servir a Deus e as riquezas (Mt 6. 24), e por cuja razão ficam pendurados “entre o céu e a terra” como Absalão, o jovem ambicioso (cf. 2 Sm 18. 9). O resultado é ouvir do Senhor: “Vomitar-te-ei da minha boca”. O termo “vomitar” no grego é “emeo”, significa também “cuspir”. Desse termo é que deriva o vocábulo moderno: “emético”, um agente que causa vômito”. O organismo humano, não suporta substância morna; o Filho de Deus também não suportará crentes rotulados; só os que forem fiéis (cf. Hb 6. 4-8). Laodicéia em suma representa a igreja “morna” que Jesus “vomitará” no dia do arrebatamento. (Como contexto demonstrativo: Mt 25.10-12).

17. “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu.

1. “...Rico sou”. O poder absoluto corrompe! Isto pode ser analisado tanto no campo secular como no espiritual. Há criaturas que não se deixam mais admoestar; e vão a perdição (cf. Ec 4. 13). A experiência do servo de Deus deve está aquém da direção divina, pois sem ela jamais atingiremos o alvo (ver. Js 9. 1-14). O pastor de Laodicéia dizia consigo mesmo (à semelhança do fariseu): “Rico sou” (Cf. Lc 18. 11 e Ap 3. 17).

1. Estou enriquecido. O orgulho cegou-lhe os olhos da alma. Isto serve de advertência para todos: o orgulho é pecado (Pv 21. 4); mas dificilmente existe algo mais importante para o indivíduo carnal. Consideremos os pontos seguintes: (a) O orgulho é odioso para Cristo. Pv 8. 13; (b) Origina-se na justiça própria. Lc 18. 11; (c) Deriva da inexperiência espiritual. 1 Tm 3. 6; (d) Contamina o homem. Mt 7. 20, 22; (e) Endurece a mente. Dn 5. 20; (f) Impede a inquirição espiritual. SI 10. 4; (g) E uma das grandes características do diabo. 1 Tm 3. 6, e também dos ímpios. Rm1. 30; (h) Impede o aprimoramento espiritual. Pv 26. 12; (i) Os orgulhosos eventualmente serão humilhados por Deus. Is
2. 12; (j) O orgulho espiritual, segundo Paulo tornar-se-á muito comum nos últimos dias (2 Tm 3. 2). O anjo dessa igreja; tinha todas essas características em grau supremo.
18. “Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos * brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas”.

1. “...unjas os teus olhos”. Transcrevemos aqui a oração feita por um justo para que Deus guardasse seus olhos da cegueira espiritual: “Põe colirio nos meus olhos, Senhor (Ap 3. 18). Eles são maus; e porque são maus, expõem-me o corpo a trevas mui perigosas (Mt 6. 23). Ajuda-me, ó Deus puro e santo, a erguê-los para Cristo Jesus, autor e consumador da fé (Hb 12. 2); a pô-los na brancura virginal dos lírios (Mt 6. 28); a elevá-los para os montes e depois olhar para o alto donde vem socorro (Sl 121. 1).

Não quero apenas ouvir-te a voz, Senhor, mas verte-te (Jó 42. 5). E como te verei com estes olhos? Aponta-me o Siloé (Jo 9. 7), em cujas águas possa remover o lodo restaurador dos meus olhos enfermos. Porque hei de prender, apavorado, meus olhos às forças desta vida, se, fitando o Senhor, possa caminhar sobre ondas revoltas sem perigo de naufragar (Mt 14. 29). Que consolo há em saber que os teus olhos repousam sobre os justos (1 Pd 3. 12)”. Se o pastor de Laodicéia tivesse feito essa oração, há muito que se teria arrependido. E sabido, segundo alguns historiadores que, em Laodicéia havia uma Escola de Medicina que fabricava um pó oftálmico. Mas a “Terra Frígia” (cinza da Frígia?) não curava a cegueira espiritual da Igreja.

19. “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: Sê pois zeloso, e arrepende.te

1. “.arrepende-te” Deus exorta através de Jesus “a todos os homens, e em todo o lugar que se arrependam; Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo...” (At 17. 30a). Sobre o “arrependimento”, o Novo Testamento usa o termo grego “metanoia” por sessenta vezes. Essa palavra tem diversos* significados e diversas aplicações, sendo, porém, seu sentido primário: “uma mudança de parecer ou pensamento” para com o pecado e para com a vontade de Deus. O “arrependimento” é o primeiro aspecto da experiência inicial da salvação experimentada pelo crente, experiência essa que é chamada de conversão.
A conversão autêntica é uma parte essencial e a prova da regeneração. A regeneração é a obra de Deus no íntimo e a conversão é a exteriorização da salvação, por parte do homem, através do arrependimento e da fé. Pendleton dar a idéia de que a palavra: “arrependimento” e a tradução que tem, no Novo Testamento, abrange também o sentido primário de “reflexão posterior”, e, com sentido secundário, “mudança de pensamento” No presente versículo a exortação de Cristo, não é dirigida àqueles que estão sem salvação, mas aos que professam seguí-lo, e são tidos como pertencentes a Ele. Jesus não lhes diz “arrepende-te e sê zeloso. E sim “sê”, pois, zeloso e arrepende-te” Isto porque até diante de si próprios passavam por se terem arrependidos.

1. Eu re5reendo e castigo. (Contexto reflexivo). “A aplicação da disciplina pode ser em forma de.advertência pessoal (Mt 18. 15); visitação acompanhada (1 Co 4. 19-21; advertência pública (1 Tm 5. 20); comunicação escrita (2 Co 7. 8-10); exortação pessoal (Gl 6. 1 ARA); suspensão (2 Ts 3. 14, 15; Tt 3. 10); exclusão do rol de membros. Mt 12. 17b”.

20. “Eis* que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”.

1. “...Eis que estou a porta, e bato”. A porta à qual Cristo bate é a porta da vida do indivíduo, da igreja, ou da comunidade.

1. “A famosa pintura de HOLMAN HUNT, em que Cristo aparece diante da porta, a bater, não mostra a maçaneta do lado de fora.

Quando Sir Noel Paton, pintou o famoso quadro representando o Rei coroado de espinho batendo à porta, foi censurado por que se esquecera de incluir a maçaneta na porta. Mas o célebre pintou de propósito omitira a maçaneta. E que só pode ser aberta pelo lado de dentro. Um homem conhecido na cidade, levou, certa feita, seu filho pequeno, para ver esse quadro. O menino ficou ali pensando, por alguns momentos, e então perguntou: “Porque não abrem a porta?”. O pai respondeu que não podiam ouvi-lo batendo. O menino considerou a resposta por mais uns momentos mas não ficou satisfeito com a mesma. “Não”, disse o garoto? “é que estão ocupados no quartinho dos fundos, fazendo outras coisas, e nem sabem que Jesus está batendo à porta”. Nesta resposta há grande discernimento! Os crentes de Laodicéia viviam atarefados com seu comércio, com seus banquetes sociais, com suas riquezas introspectivas, e nem se quer ouviram Jesus bater e falar. O bater de Cristo, na vida, se verifica de muitas maneiras: no testemunho tranqüilo da oração, no sermão do pregador, na lição da escola dominical, na leitura da Palavra de Deus, mediante alguma tragédia, enfermidade, * mediante abalo, mediante a razão, mediante a vitória, mediante a perda, mediante a alegria, mediante a felicidade, mediante a dor, mediante a morte — a última e condundente maneira de Deus falar! (cf. Hb 1. 1).

21. “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono

1. “...no meu trono”. Até escritores pagãos e helenistas focalizaram essa idéia em seus escritos. O livro de 1 Enoque conta com certo número de referências similares a esta em foco.
O Eleito, o Messias, assentar-se-á em seu trono de Glória no porvir. Isso também pode ser comparado aos trechos de (Cl 3. 1; Hb 1. 8; ver: Fl 2. 9-11: Cristo está entronizado). E nas passagens de (Mt 19. 28; 25. 31 e Lc 22. 29) vê-se que Cristo será entronizado por ocasião de sua “Parousia” ou segunda vinda. As Escrituras nos dão a entender que, presentemente, Jesus não se encontra assentado no seu trono. Passagens como (Ap 3. 21 e 12. 5), reafirmam essa tese: “...seu filho (Jesus) foi arrebatado para Deus e para o seu trono”. Por isso, essa promessa de Jesus, é escatológica: “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono (de Deus); assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono (de Deus)”. O trono de Cristo é o trono de seu Pai, Davi, durante o Milênio, em Jerusalém, Ele ocupará este trono. (2 Sm 7. 12, 13; Lc 1. 32; At 15. 14-18). Cristo não está atualmente nesse trono, mas à destra, segundo se diz, do Pai, no trono no céu, como o Grande Sumo Sacerdote de nossa confissão (cf. Mc 16. 19; Hb 4. 14).

22. “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.

1. “...Quem tem ouvidos, ouça”. (O final). Pela última vez, no Apocalipse, temos, juntas, estas onze palavras: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. “O ouvir dos meus ouvidos... é ouvir em meditação a voz de Deus. (Cf. Jó 42. 5 e Sl 85. 8)”. Por cuja razão, nosso Senhor diz: “Vede pois como ouvis...” (Lc 8. 18a).

1. “As igrejas. A palavra “igreja” (gr. ekklesia) nasceu pela primeira vez dos lábios de nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 16. 18 e 18. 17, duas vezes). Nesse sentido ocorre por 119 vezes no Novo Testamento (só três vezes nos Evangelhos: Mt 16. 18 e 18. 17). Nessas 119 vezes em que o termo aparece, 109 vezes, surge no texto bíblico como igreja local, e encontramos cerca de 10 vezes no Novo Testamento a palavra Igreja com o sentido Universal. “Nestes primeiros capítulos (isto é, 1, 2 e 3) do Apocalipse encontramos a palavra “igreja” (singular) ou “igrejas” (plural) 19 vezes (cf. 1. 11, 20; 2. 1, 7, 8, 11, 12, 17, 18, 23, 29; 3. 1, 6, 7, 13, 14, 22, etc), mas agora, no presente versículo, ela desaparece, e só reaparecerá, no capítulo 22. 16. Durante o tempo da Grande Tribulação, a Igreja não estará na terra e, sim, com Cristo na recâmara celestial (cf. Ct 2. 17; Ap 3. 10).


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Livro:- Apocalipse versículo por versículo – Severino Pedro da Silva

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