segunda-feira, 30 de abril de 2012

PRIMEIRA CARTA A IGREJA EM ÉFESO





O Evangelho chegou a Éfeso no ano 52, quando Paulo, ao fim de suasegunda viagem missionária, passou por aquela cidade e pregou na sinagoga (At18.19,20). Áquila e Priscila, o haviam acompanhado e ficaram ali, trabalhandoem sua profissão e evangelizando. Quando o apóstolo iniciou sua terceiraviagem, voltou a Éfeso e achou ali 12 crentes, os quais batizou. Na ocasiãotodos foram também batizados com o Espírito Santo (At 19.1-6). Com isto Deusestava abrindo a porta para um enorme despertamento espiritual, proporcionandoum grandioso crescimento da igreja naquela cidade (At 19.11). Paulo permaneceuali por dois anos, continuando depois a sua viagem. Em seu regresso aJerusalém, passou por Mileto, cidade portuária, distante 66km de Efeso, ondeteve um emocionante encontro com os anciãos da igreja (At 20.17-38).

Passados 39 anos, veio a carta de Jesus àquela igreja. O assuntoprincipal de que se ocupou a referida carta, “o primeiro amor”, é de talimportância, que justifica dedicarmos a lição de hoje a este tema.
Havia em Éfeso uma grandebiblioteca e um teatro com lugares para 25 mil pessoas assentadas. A cidadepossuía o principal porto da Ásia, colocando-se, assim, na rota comercial doImpério. Foi construído naquela cidade um templo para a realização de cultos aoimperador romano. Hoje, existem apenas ruínas daquele grande centro urbano,entre as quais se destaca a fachada da antiga biblioteca.

PERMANÊNCIA INTERROMPIDA

A permanência de Paulo em Éfesofoi interrompida por uma grande perseguição. Através de suas pregações, muitosse converteram a Cristo. Com isso, o comércio das imagens da deusa Diana estavase enfraquecendo. Tomados de ira, os fabricantes de ídolos provocaram grandetumulto, tentando fazer com que Paulo fosse publicamente condenado por pregar umadoutrina que estaria "prejudicando" a cidade (At.19.21-40; ICor.15.32). Afinal, o turismo e o comércio estavam estabelecidos sobre aidolatria. Diante de disso, Paulo se retira. Depois de algum tempo, mandouchamar os líderes da igreja de Éfeso para se encontrarem com ele em outracidade, Mileto. Ali, Paulo se despede deles, dizendo que não mais o veriam(At.20.16-38).

Timóteo, Apolo, Áquila e Priscilatrabalharam na igreja de Éfeso (At.18.18,19,24; I Tm.1.3; II Tm.4.19). Deacordo com a tradição, o apóstolo João também exerceu ministério naquela cidadee ali morreu. A bíblia não confirma isso. O que temos de concreto é que Joãoescreveu uma carta à igreja de Éfeso assim como fez a outras seis igrejas daÁsia (Apc.2.1).

MOTIVO DO ENVIO DA CARTA

As igrejas cristãs estavam seestabelecendo em diversas cidades do Império Romano, começando dos principaiscentros, onde Paulo procurava concentrar suas atividades evangelísticas. Nessesmesmos centros, encontravam-se colônias judaicas, já que, por motivos diversos,milhares de judeus estavam espalhados por vários lugares. Eles se estabeleciamcom mais freqüência nas principais cidades, como seria natural, uma vez quenesses locais se concentravam as atividades comerciais, culturais e religiosas,sendo os melhores campos para o trabalho e o enriquecimento.

Desse modo, em todos os lugaresPaulo encontrava uma sinagoga e ali pregava para os judeus. Assim, apesar dosprotestos e perseguições, alguns se convertiam. Logo estava estabelecida aigreja e sua formação incluía gentios e judeus. Percebe-se então uma dicotomiaimediata na comunidade. Além disso, como era natural, a igreja era formada porhomens e mulheres, servos e senhores, escravos e livres, ricos e pobres. Bemsabemos que esse cenário não era uma particularidade de Éfeso, mascaracterística comum a diversas igrejas. Essa diversidade de componentes daigreja, faz com que ela seja um organismo bastante eclético. 

Essa variedade se tornava, muitasvezes, causa de divisão, partidarismo, dentro das igrejas. Por isso, Pauloescreve aos efésios, tendo como principal tema a unidade da igreja. Seu focoestá principalmente sobre a questão entre judeus e gentios. Por um lado, osjudeus se consideravam como a "nata" religiosa do mundo. Então, osgentios eram vistos por eles como uma segunda categoria, até mesmo dentro daigreja. Os gentios, por sua vez, poderiam se sentir inferiorizados. Contudo,nas cidades fora da Palestina, os gentios eram os "donos da casa".Então, os judeus poderiam ser vistos como estrangeiros arrogantes que seachavam superiores aos próprios cidadãos do lugar.

Tudo isso nos mostra que erafácil que a igreja se dividisse internamente entre o grupo dos judeus e o grupodos gentios. Então, Paulo insiste na doutrina da unidade da igreja. Afinal,Cristo chamou pessoas tão diferentes e as uniu em um corpo para que aprendessemo amor que supera todas as desigualdades e até mesmo ajuda a minimizá-las oueliminá-las quando possível.

UNIDADE DA IGREJA

Paulo menciona a localização degentios e judeus dentro do plano de salvação e da igreja. Seu objetivo édemonstrar que no corpo de Cristo, esse tipo de diferença é irrelevante. Eletenta fazer com que seus leitores vejam que, no passado, todos eles erampecadores (Ef.2.1-3) e que agora todos são salvos. Estes são os adjetivos queimportam. Não interessa saber quem é judeu e quem é gentio. Essas verificaçõessó serviam para dividir a igreja. Paulo diz que agora, após a conversão,ninguém era mais estrangeiro, como se tivesse um tratamento diferente dentro daigreja. 

Somos todos concidadãos(Ef.2.19). Dizer isso para gentios e judeus era mostrar que não mais importavao lugar onde nasceram nem a sua origem genealógica. Agora, somos cidadãos namesma cidade, a Nova Jerusalém. Afinal, nascemos de novo. Agora somos parte damesma família.

0 AMOR É A ESSÊNCIA DA VIDA CRISTÃ

1. O amor e a vida do crente. O amor é essencial à vida do crente. A vidaespiritual se manifesta quando “Cristo vive em mim” (Gl 2.20; Cl 1.27; 3.4; 1Jo 5.11,12). Sendo Jesus a caridade (1 J0 4.8,16), quando Ele vive no crente,este passa a viver em amor.

2. O amor une a Igreja a Cristo. O amor é essencial à comunhão da Igreja com Jesus.Através do amor a Igreja está vinculada a Jesus como uma noiva ao seu noivo.Pela salvação nasceu em nós “o primeiro amor” (Ap 2.4; 1 Jo 4.19). Então ocrente se compromete a amar a Jesus e ser-lhe fiel (2 Co 11.2,3) até o fim (Ap2.10), quando, pela morte ou pelo arrebatamento, passar a estar sempre com oSenhor (Fp 1.23; 1
Ts 4.17).

3. O amor e a vida de fé. O amor é essencial à demonstração duma vida de fé. Averdadeira vida de fé opera e se manifesta através da caridade (Gl 5.6).Portanto, o crente em cuja vida o primeiro amor já se esgotou, tem tudo paraser uma pessoa vazia e estéril em si mesma.

O AMOR - UM SEGREDO DA VIDA CRISTÃ

O amor é um segredo no funcionamento da vida cristã. O verdadeiro amorse expressa, não através de “palavras nem de línguas, mas por obras e emverdade” (1 Jo 3.18). São estas obras que resplandecem, como luz, diante doshomens (Mt 5.16).

1. O amor e a comunhão com Deus. O amor é o segredo da nossa comunhão com Deus. Nós Oamamos porque Ele nos amou primeiro (1 Jo 4.11,19). Este amor nos alegra (1 Pe1.8) e impulsiona a estarmos a sós com o Senhor em oração (Cl 1.4)
e a obedecermos à Sua Palavra (Jo 14.15,21,23).

2. O amor como vinculo de união. O amor é o vínculo que une os crentes. No amor deCristo somos feitos UM (Cl 3.16; At 4.32; Jo 17.21). O amor é a evidência deque o crente está na luz (1 J0 2.20) e de que é nascido de novo (1 Jo 5.1).

3. O amor e o trabalho do Senhor. O amor impulsiona o crente para o trabalho (2 Co5.14,15). Os crentes hebreus mostraram seu amor ao Senhor servindo aos santos(Hb 6.10).

4. O amor e a vinda de Jesus. O amor conserva o crente preparado para a vinda deJesus. Somente os que amam a Sua vinda poderão receber a coroa da justiça (2 Tm4.8). A Bíblia diz: “Se alguém não ama ao Senhor, seja anátema” (1 Co 16.22).


VENCENDO PELO AMOR

A Bíblia afirma que nos últimos tempos “o amor de muitos esfriará” (Mt24.12). Todos os crentes sofrem o ataque contra o primeiro amor, como ocorreutambém com a igreja em Efeso (Ap 2.4). Muitas coisas procuram nos separar doamor de Deus (Rm 8.35,36,38,39), mas, por Jesus, podemos ser mais do quevencedores (Rm 8. 7).

1. Como permanecer no amor de Jesus. O crente que vive em comunhão com Jesus e o obedece,permanece no seu amor (Jo 15.10; 1 Jo 2.5). Um contato contínuo com Jesus, quenos ama (Jo 13.1) e se entregou por nós (Ef 5.2,25), mantém o nosso amor semprerenovado (1 Jo 4.19) e inapagável (Ct 8.6,7). Agora vivo na fé do Filho de Deusque se entregou por mim (Gl 2.20).

2. O amor do Espírito Santo. O Espírito Santo está conosco para nos ajudar (Rm8.26). Ele nos ajuda, inclusive, a vencer os ataques contra o amor que por Elemesmo é derramado em nossos corações (Rm 5.5). Quando o crente tem em si opoder de Deus (Ef 3.16,17), pode, então, compreender a largura, o comprimento,a altura, a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo oentendimento (Ef 3.18,19).

O ABANDONO DO PRIMEIRO AMOR

O que leva o crente â trágica situação de abandonar a sua primeiracaridade?
1. Descuido. Quando alguém, por descuido, perde a intimidade comJesus, seu amor começa a esfriar. No momento em que Pedro começou a ficar “paratrás” (Hb 4.1) e a seguir a Jesus de “longe” (Lc 22.54), já estava a um passoda queda. Devemos acompanhar a Jesus “de perto” (Si 63.8; Gn 32.26; 2 Cr31.21;Is 26.9), como Enoque (Gn 5.24) e Noé (Gn 6.9), que andaram com Deus (Am 3.3).

2. Amor dividido. Quando alguém divide o seu amor entre Jesus e outrascoisas, indica que está abandonando a “sua primeira caridade”. A conseqüênciado amor ao dinheiro, por exemplo, é o desvio da fé (1 Tm 6.10; Gl 5.6). Aqueleque ama o mundo e tudo quanto no mundo há (1 Jo2.15) ou se mantém preso a um“jugo desigual” (2 Co 6.14), está trocando o seu primeiro amor por “inimizadescontra Deus”, pois a Bíblia diz que “qualquer que quiser ser amigo do mundo,constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4).

3. Indisposição de perdoar. Isto tem prejudicado a muitos crentes a ponto defazê-los perder a primeira caridade. Em lugar de perdoar os ofensores, permitemque uma raiz de amargura tome conta de seu sentimento (Hb 12.15). Jesus nosperdoou uma dívida muito maior e, por isto, devemos também, perdoar os nossosdevedores (Mt 6.12; 18.23- 35). Um coração fechado faz murchar a oração (Mc11.24-26) e o amor então esfria.

A PERDA DO PRIMEIRO AMOR SIGNIFICA UMA QUEDA

Jesus disse: “Lembra-te, pois, de onde caíste” (Ap 2.5). Por que a perdado primeiro amor se constitui uma queda?

1. Comunhão só através do amor. A extinção do primeiro amor na vida do crente implicatambém na perda de comunhão com Jesus. Tudo na vida espiritual se baseia noamor (1 Co 16.14). Se o amor entre os cônjuges se acabar, que restará, então,do matrimônio? Semelhante- mente, se a noiva de Jesus perder seu amor para como Noivo, não estará em perigo a sua felicidade eterna? Cada um deve examinar asi (1 Co 11.28).

2. Sem amor não há serviço para Deus. A perda do amor implica na perda do valor do nossoserviço para Deus. “Se falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivessecaridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” (1 Co 13.1-3),Nem trabalho, nem sacrifício, nem oferta, nem uso dos dons, nem outra coisaqualquer poderá jamais substituir o amor. Até a finalidade da Igreja de ser luzdo mundo, estará em perigo se faltar o amor, como está escrito: “quando não,brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal” (Ap 2.5).

3. Não há paz sem o amor. A perda do primeiro amor abre a porta às vãscontendas (1 Tm 1.5,6). Dá lugar também à manifestação das obras da carne (Gl5.19-21) dentre as quais se destacam o ódio, a ira e a inveja. Faltando o amor,corremos o risco de destruir alguém pelo qual Cristo morreu (Rm 14.15).

A perda do amor é uma queda porque a coroa da justiça será dada somenteaos que amarem a vinda de Jesus (2 Tm 4.8). Perdendo a coroa, uma conseqüênciada perda do amor, que daria o homem em resgate da sua alma?” (Mc 8.36,37). QueDeus nos guarde de perder o amor.

A CARIDADE PERDIDA PODE SER RECUPERADA

Jesus escreveu à igreja em Efeso, não semente sobre o que lhe faltava,mas também a respeito da receita para sua recuperação espiritual.

1. “Lembra-te, pois donde caíste” (Ap2.5). A recordação do gozo e dafelicidade proporcionados pela íntima comunhão com Jesus no passado, constituium despertamento para a grande necessidade de deixar os atuais caminhos evoltar para Deus (Si 119.59; Lm 3.40; Lc 15.17- 20).

2. “Arrepende-te” (Ap 2.5). Esta receita é infalível. Arrependimento significaque o faltoso reconhece diante de Deus o seu erro e resolve deixá-lo, confiandono poder do sangue de Jesus para perdoá-lo (1 Jo 1.7; Tg 4.9; 2 Tm 2.26; Pv28.13). Esta receita, porém, deve ser aplicada “durante o tempo que se chamahoje” (Hb 3.13). O Senhor espera! Arrepende-te, pois, confiando nos méritos deJesus.

3. “Pratica as primeiras obras” (Ap2.5). Depois de ter recebido perdãode tudo, o amor e a comunhão com Jesus voltam de novo a ter as mesmasexpressões como “nos dias antigos” (Ml 3.4). Este sentimento se manifestaentão, não só pela boca, mas em todas as suas evidências (Lm 5.21; Os 2.14,15;Jr 2.2,3). “As coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co5.17).

A conclusão da carta, na qual temos:

1. Uma chamada de atenção: “Quem tem ouvi- dos, ouça o que o Espírito diz àsigrejas”. Observe: (1) O que está escrito nas Escrituras é falado pelo Espíritode Deus. (2) O que é dito a uma igreja diz respeito a todas em todos os lugarese épocas. (3) Nunca podemos empregar melhor a nossa habilidade de ouvir do quequando obedecemos à palavra de Deus; e merecemos perdê-la se não a empregarmospara esse propósito. Os que agora não ouvem o chamado de Deus no final dascontas vão desejar nunca ter tido a capacidade de ouvir qualquer coisa.

2. Uma promessa de grande misericórdiapara os que vencerem. A vida cristã éuma batalha contra o pecado, Satanás, o mundo e a carne. Não é suficiente quenos engajemos nessa batalha, mas precisamos continuar nela até o fim; nãopodemos nunca ceder aos inimigos espirituais, mas precisamos combater o bomcombate, até alcançarmos a vitória, como devem fazer todos os cristãosperseverantes; e a batalha e a vitória terão um triunfo e uma recompensagloriosos. O que é prometido aqui aos que vencerem é que comerão “... da árvoreda vidas que está no meio do paraíso de Deus”. Eles terão aquela perfeição desantidade, e a confirmação nela que Adão teria tido se tivesse persistido nocurso da sua provação: ele teria então comido da árvore da vida que está nomeio do paraíso, e esse teria sido o sacramento da confirmação para ele no seuestado santo e bem-aventurado; assim, todos os que perseveram na sua aflição ebatalha cristã obtêm de Cristo, como a árvore da vida, a perfeição e aconfirmação na santidade e na felicidade do paraíso de Deus; não no paraísoterreno, mas no celestial (cap. 22.1,2).


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

Lições bíblicas CPAD 1989

ComentárioBíblico Mathew Henry  - Novo TestamentoEdição Completa

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