sábado, 21 de abril de 2012

O Medo: sua natureza e como vencê-lo!



O medo é resultado da natureza pecaminosa do homem
O temor de Deus é o único temor que remove todos os outros. Com esta frase, Jay Adams sintetiza a verdade bíblica a respeito do medo [1]. Deus criou o homem perfeito, sem medo e sem culpa. Na criação primitiva do homem, havia completa harmonia entre espírito, alma e corpo. O homem era integral, inteiriço, sem qualquer transtorno espiritual, psíquico, emocional e fisiológico.

'Ĕlohîm criara o homem refletindo sua imagem e semelhança (Gn 1.27,28). Existia completa harmonia entre a imagem moral e natural. Todavia, essa conformidade entre a natureza moral e natural, entre espírito, alma e corpo, entre o espiritual e o somático foi interrompida pelo pecado.

Primeiro registro bíblico
O primeiro registro bíblico da palavra "medo", "temor" ou "pavor" acha-se em paralelo ao problema do mal moral, do pecado, da Queda, do pecado original. Diz a Bíblia: E chamou o Senhor Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. (Gn 3.9,10). O medo, segundo o literato de Gênesis, é produto do pecado, ou melhor, da perda da comunhão com Deus. Não há medo quando o crente está na relação certa com o Criador! Enquanto Adão mantinha-se em harmonia e comunhão com Deus, nada o atemorizava. O medo não existia antes da Queda, mas assumiu o posto da emoção humana quando o homem foi suficientemente corajoso para desobedecer o mandamento divino!

O primeiro medo


O primeiro medo não foi o de pecar, de ouvir a serpente, ou o medo da morte, mas o de ouvir a suave voz de Deus: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. O pecado afetou tanto a comunhão com Deus, que o homem temera a voz de seu Criador. Quão diferente é o temor de Habacuque: Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi (3.1). O temor do profeta o motiva a clamar ainda mais ao Senhor: aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia. Na relação certa com Deus, o temor se torna em oração suplicante e intercessória.

Porém, rompida a comunhão com 'Ĕlohîm, o medo se torna em desespero e transferência de culpa: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi (Gn 3.12). O medo é desagregador, assim como o pecado. Faz com que o indivíduo desconfie do outro, que lhe é semelhante. Ao contrário do amor que não "suspeita mal ... [e] tudo crê" (1 Co 13.4-7), o medo desconfia das pessoas, suspeita mal até das boas ações.

O medo também impede o indivíduo de assumir suas responsabilidades e o seu papel como homem ou mulher. Adão, como cabeça de sua esposa, deveria protegê-la não apenas da tentação, mas também da responsabilidade da culpa. Pelo contrário, transferiu à mulher a responsabilidade da Queda. Nesse momento, Eva, provavelmente, sentiu-se desprotegida; seu marido, com medo das conseqüências do pecado, tenta, inutilmente transferir a culpa para ela. A tensão estava presente. A brisa suave cedera ao rubro das circunstâncias. Antes confiança, agora medo! Outrora afeto, agora desconfiança! O medo presente em todas as emoções humanas. Inutilmente transferiram a culpa à uma. Deus responsabilizou-os individualmente.

O medo adâmico o fez esquecer de suas responsabilidades e missão como chefe de família. Desesperado pela própria segurança, ninguém se preocupa com a do outro. É necessário altruísmo e alteridade para preocupar-se com o outro quando você sente o mesmo perigo. Adão esqueceu-se de sua mulher, quando se viu no mesmo perigo. O medo impede que a pessoa enfrente os seus problemas e as pessoas, pois se trata de uma auto-proteção, capaz de impedir que você se mova em direção ao outro. Já o amor é muito diferente. O amor aproxima você não apenas das pessoas, mas o faz encarar seu próprio problema e medo. Quantas mães, embora frágeis, já enfrentaram terríveis animais para livrar os seus filhos! O medo afugenta, mas o amor encoraja.

Termos Bíblicos


No Antigo Testamento. O primeiro termo para medo em Gênesis 3.10 é yārē', cujo significado é "temer", "ter medo", "ter grande temor", mas também "reverenciar". No original, a palavra é usada, segundo Vine, por volta de 330 vezes [2]. Este vocábulo, o mais comum no Antigo Testamento, é usado em cinco categorias: a) a emoção do medo; b) a previsão intelectual do mal; c) reverência ou respeito; d) comportamento íntegro ou piedade; e) adoração religiosa formal [3].

Um segundo termo em Gêneses 9.2 é chath, usado para descrever o "pavor", "medo" ou " o desmaiar de medo". Neste texto o medo é relacionado a um agente externo que causa pânico e temor. Este vocábulo é usado mais uma vez em Jó 41.33 para descrever que a coragem do leviatã, pois "foi feito para estar sem pavor" (ARC). Nada na terra se compara a coragem do leviatã, pois ao contrário dos outros animais, como ocorre em Gn 9.2, ele não teme o homem. De qualquer forma, apesar de outros vocábulos hebraicos serem usados para descrever a palavra medo, yārē'é a mais comum e transmite todo o conceito que o vocábulo possui em língua portuguesa. Um outro termo significativo é môrā' que aparece em Is 8.12 referindo-se ao medo externo: "não temais o seu temor", descrevendo um assombro externo e extremo.

Em o Novo Testamento. Nas páginas do Novo Testamento o principal termo para medo já é um velho conhecido da língua portuguesa: fobia, de phobos, "terror", "medo", "pânico", "susto";phoberós, ou seja, "temível", "assustador". O uso do termo descreve várias reações da emoção humana, bem como diversas situações que amedrontam o homem, entre elas: o aparecimento de seres celestiais (Lc 1.12; 2.9); os eventos catastróficos futuros (Lc 21.26); o medo mais comum de todos, a morte (Hb 2.15); e até mesmo das autoridades (Rm 13.13).


"NÃO TEMAS, AVANCE!"   ESDRAS BENTHO

NOTAS
[1] ADAMS, Jay E. O manual do conselheiro cristão. São Paulo: Editora Fiel, 1982, p. 378.

[2] VINE, W.E. (et al) Dicionário Vine. 7.ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 301.

[3] HARRIS, R. Laird (et al). Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 655.

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