terça-feira, 10 de abril de 2012

Presidente do Sudão ameniza discurso, mas intolerância a cristãos continua



The Christian Post

Por Jussara Teixeira | Correspondente do The Christian Post


Depois de determinar a retirada dos cristãos do Sudão, o presidente Omar al-Bashir amenizou o discurso e disse que não haverá violência para uma eventual migração para o Sudão do Sul. O país conquistou sua independência política no ano passado e é considerado majoritariamente cristão.

Segundo o pastor Mário Freitas, presidente da Missão em Apoio à Igreja Sofredora (MAIS), que esteve no Sudão de 3 a 8 de abril, e falou ao The Christian Post, a pressão internacional e as correntes de orações em todo o mundo fizeram com que a situação fosse transformada. A ordem agora é que os cidadãos do sul providenciem documentos que possibilitem sua permanência no país muçulmano.

“Está sendo exigido que os cidadãos do sul que queiram ficar no norte mostrem documentação para isso. O problema é que essa documentação não sai fácil para os cristãos, segundo o depoimento de pastores locais. Quem ficar, fica ilegal, o que gera todo tipo de transtorno”, explica Freitas.

Na explicação do missionário, no cotidiano dos cristãos residentes no país há represálias por partes do cidadãos muçulmanos, que os discriminam e tratam com truculência a emancipação do país ao sul. Os cidadãos do sul são identificados pela raça e características físicas.

Nesta região, a população em sua maioria tem ascendência nas raças tribais negras, muitas delas animistas. Mas nas concentrações urbanas a maioria da população é cristã.

“Igrejas históricas, como a Anglicana e a Presbiteriana, se estabeleceram na região há muitas décadas. Embora em muitos casos o cristianismo seja nominal, a fé desses irmãos tem fundamentado as guerras e dissensões com o norte islâmico no decorrer dos anos”, explica Freitas.

Segundo o missionário, no momento há tranqüilidade no país, sem retirada de pessoas. A barreira agora é a questão da obtenção dos documentos exigidos para a permanência no país. “Quem ficar, fica ilegal, o que gera todo tipo de transtorno. Na prática há represálias por parte de cidadãos muçulmanos”.

Segundo seu relato, apesar da negativa do governo sobre a violência contra os cristãos, a polícia e radicais muçulmanos continuam a “visitar” os pastores em seus bairros, fazendo com que sua permanência fique impraticável. “O discurso do presidente, porém parece positivo perante a comunidade internacional”, pontua Freitas.

Sobre as perspectivas futuras, o missionário explica que os pastores não sabem o que esperar, mas mantém a esperança. “Segundo o pastor M.E., convertido do Islã ao cristianismo, que representa a MAIS no país africano, eles não vão se deslocar a parte alguma. "Nossa sepultura será aqui mesmo, seja quando for", garante.

O líder religioso pede que a comunidade internacional permaneça atenta e continue orando e pressionando contra a injustiça a perseguição junto às comunidades cristãs no Sudão.

Omar al-Bashir está há 19 anos na presidência do Sudão. Ele é atualmente responsabilizado diretamente pela morte de mais de 300 mil pessoas, principalmente nas regiões de Darfur e Nuba Mountains.

Com a declaração da lei religiosa Sharia, há o temor da intensificação da perseguição aos cristãos. Uma ordem de prisão já foi emitida pela comunidade internacional contra al-Bashir. Sua acusação é de genocídio e crimes contra a humanidade.






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